Portugal é um país lindo, cheio de encantos e maravilhas para descobrir. Felizmente, temos um território bonito e que é importante conhecer e divulgar. Esse é o objectivo deste blog.
Linha de Terra tem um grande fraquinho pelo Alentejo, esse vasto território tão autêntico e com paisagens tão características. Apesar de distante (para quem, actualmente, vive no Norte do país), esta é uma região imperdível. Aqui pelo blog já passaram algumas das mais belas vilas e locais do nosso Alentejo, como por exemplo, Castelo de Vide, Monsaraz, Alegrete, Marvão ou as cascatas do Parque Natural da Serra de São Mamede.
Linha de Terra voltou recentemente ao Alentejo. Por lá andei durante uma semana a conhecer as mais diversas vilas e cidades do interior alentejano – foram perto de 1500 quilómetros... Algumas onde já tinha estado, outras que apenas ouvira falar e ainda outros locais que desconhecia por completo e que se revelaram autênticas surpresas. O Alentejo não pára de me surpreender. Quem sabe se a próxima incursão pelo Alentejo não será pela costa atlântica…
Cheguei a planear publicar uma road trip pelo interior alentejano. Efectivamente, de início, estava tudo planeado e traçado como tal, mas com o passar dos dias na estrada o planeamento começou a falhar e já havia uma lista de localidades que tinham ficado por
visitar, pelo que houve que repensar os dias seguintes e repetir estradas e voltar a passar em localidades já visitadas… Achei que não fazia sentido trabalhar os textos como uma road trip, por isso, durante as próximas semanas (intercalando com um ou outro trabalho que entretanto fiz), vamos fazer uma viagem por algumas das vilas e cidades do interior alentejano sem deixar de assinalar alguns Hot Spots e fazer uma visita aos centros históricos das grandes cidades. Deixo assim ao critério do leitor fazer a sua selecção e traçar a sua própria road trip alentejana.
As origens
A presença humana no Alentejo está documentada desde o Paleolítico, como o comprovam as pinturas rupestres da Lapa dos Gaviões (Arronches) ou a Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo). Aliás, o Alentejo e Trás-os-Montes são as únicas regiões do país onde foram encontradas pinturas rupestres com cerca de 5000 anos. Depois temos o apogeu da cultura megalítica (entre os IV e III milénios a.C.), sendo conhecidas várias centenas de monumentos em toda a região alentejana. Um pouco por todo o território é possível encontrar monumentos megalíticos como antas, menires e alguns cromeleques.
O período romano no Alentejo iniciou-se no século II a.C. e prolongou-se até à queda do Império, no séc. V. Desses tempos os vestígios mais comuns em território alentejano são cidades, villas, vias de comunicação e pontes, mas ficaram também fortalezas, templos, barragens e aquedutos. A herança romana deixou-nos ainda a exploração mineira, as indústrias de cerâmica, a extracção de sal, a salga de peixe e a construção naval.
Dos cinco séculos de ocupação árabe, iniciada no século VIII, era inevitável herdarmos uma vasta cultura, tradições, a toponímia, usos e costumes, bem como algumas construções militares e templos. São muçulmanos muitos dos nossos castelos da Reconquista e várias igrejas cristãs foram reedificadas sobre primitivas mesquitas.
O território e as suas gentes
O Alentejo é uma região essencialmente rural e escassamente povoada, que ocupa cerca de um terço do território nacional – é a maior região do país. É um dos territórios mais autênticos de Portugal pela beleza da paisagem, pelo seu património arqueológico, monumental e arquitectónico, pela sua cultura, pelas tradições, pela excelência da sua gastronomia, pelos seus bons vinhos e, sobretudo, pelas suas gentes. Gente disponível, sempre pronta para ajudar e para “dois dedos de conversa”. Gentes sem pressa que, devido ao intenso calor, se habituaram a um ritmo e a uma tranquilidade muito próprios. Aqui vive-se uma serenidade sem igual. Aqui o tempo parece esticar e nunca há pressa. Também o viajante que por aqui passa, ou que aqui fica uns dias aprende a adoptar este ritmo e esta calma. A nossa vida, o nosso dia-a-dia, deveria ser sempre assim.
A desertificação é uma realidade e um problema grave do nosso país, de norte a sul. O êxodo para as cidades do litoral deixou muitas das nossas terras do interior praticamente sem ninguém. O Alentejo também é assim. Quase não se vêem crianças e jovens e os mais velhos também já não são muitos. Talvez, por isso mesmo, nas zonas do interior, as cidades pequenas, as vilas e as aldeias são mais genuínas, as pessoas vivem e sentem a sua história e os seus costumes mais intensamente. Aqui, no Alentejo, sentimos isso mesmo.
No Alentejo (quase) tudo gira à volta da terra. As searas sem fim, os montados a perder de vista, os olivais intermináveis, os sobreiros, as manadas de gado, os rebanhos… Aqui a vida vem da terra. E nas horas de maior calor o chão evapora-se à frente dos nossos olhos e nas vastas planícies o horizonte funde-se com a linha de terra.
A beleza da paisagem
O Alentejo é uma infindável pintura: as texturas das vastas planícies alentejanas; os tons ocres da terra e das searas; as pequenas casas brancas pintadas com faixas azuis ou amarelas; o azul do céu que, em degradê, se mistura com os verdes dos montados e dos olivais. O Alentejo é uma obra de arte que nos exalta os sentidos.
Se o litoral alentejano conta com linhas de areia dourada que fazem as delícias dos turistas no Verão, no interior, já perto da fronteira, as linhas de muralhas seculares deixam adivinhar outros tempos, difíceis certamente, num passado já distante. Região de vastas planícies onde, aqui e acolá, podemos observar o recorte de castelos e fortalezas que, em tempos, serviram de defesa e de refúgio e que, hoje, conquistam turistas para (re)descobrirem a sua história.
O interior do Alentejo não deixa de nos surpreender e está repleto de localidades históricas com muitos pontos de interesse. O interior alentejano é um mundo repleto de histórias, é a planície, o céu, os montes, os saberes, os sabores e o cante.
Venham comigo #descobrirportugal, dar uma volta pelas planícies do Alentejo. Vamos conhecer vilas e cidades do interior alentejano. Tenham uma boa viagem!
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