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  • Foto do escritorJoão Pais

Alegrete

Atualizado: 13 de abr. de 2021



Alegrete é uma pequena povoação tradicional alentejana. Situada a cerca de 15 quilómetros de Portalegre, a vila brinda-nos com o seu casario alvo com as habituais faixas de cores fortes. Erigida ao longo de uma encosta, o seu castelo construído lá no alto, num promontório rochoso, domina a paisagem.

Embora, ao que parece, só haja documentos escritos relativamente a Alegrete a partir da reconquista cristã, existem vestígios de que a região é povoada desde o paleolítico. Ou seja, estamos perante um região que tem muito para nos contar e que se viria a revelar importante ao longo da história.

A vila de Alegrete possui alguns vestígios históricos de antigas civilizações que povoaram a Península Ibérica desde os tempos mais remotos. Por aqui habitaram Romanos, Cartagineses, Célticos, Vândalos, Suevos e Muçulmanos. Crê-se que Alegrete terá sido conquistada e ocupada pelos Mouros no século VIII e só foi incluída na coroa portuguesa no século XIII (1267), após a reconquista cristã.


Quem chega a Alegrete pela M517 depara-se logo à chegada com o seu castelo, lá no alto, empoleirado num maciço rochoso. No entanto, para chegar até à fortaleza há que passar ainda por algumas das ruas da pacata vila. Deixei o carro num amplo largo junto ao coreto da vila e ao seu chafariz. Recomendo que também o faça, pois no interior do antigo burgo as (poucas) ruas existentes são extremamente apertadas. O caminho até ao castelo faz-se pela rua Direita. Esta pequena artéria, dentro das muralhas do antigo burgo, ainda apresenta vestígios da antiga calçada medieval e, embora as suas casas sejam relativamente pobres em arquitectura, ao longo da rua podemos observar algumas portas de estilo gótico.

O castelo medieval de Alegrete, ao que parece, terá sido construído sobre um outro muito mais antigo, provavelmente uma fortificação romano-árabe, que já havia sido recuperada por D. Afonso Henriques no século XII. No reinado de D. Afonso III iniciou-se o processo de reconstrução e repovoamento de Alegrete, tarefa que seria continuada e alargada, mais tarde, pelo seu filho, D. Dinis, que elevou a localidade a vila, reforçou o seu castelo e mandou construir uma torre de menagem e uma muralha ao redor da povoação.

O castelo está implantado num cabeço rochoso, a cerca de 500 metros de altitude, dominando a vila e toda a paisagem envolvente no sopé da Serra de São Mamede. Esta é uma das mais importantes fortificações do Alto Alentejo raiano, tendo sido desde a idade média uma peça importante no sistema defensivo da região, estando na primeira linha de defesa das investidas espanholas. O castelo de Alegrete teve um papel importante ao longo da história até meados do século XIX, tendo exercido as suas funções militares durante mais de 600 anos.

Hoje, o que resta do castelo encontra-se preservado, sendo possível ainda observar restos de uma torre e alguns bocados de muralha que circundava a povoação e a protegia de eventuais ataques. De salientar ainda a Porta da Vila.


Depois de percorrer a muralha do castelo e admirar as bonitas vistas, era altura de conhecer melhor a vila. A pacata vila é pequena, por isso importa dar atenção ao seu património religioso. A igreja matriz, com orago a São João Baptista, ainda dentro do antigo burgo, é uma construção do século XVI. A igreja tem um espólio valioso, nomeadamente um cálice de prata dourada e branca do século XV, uma imagem de pedra de S. Sebastião (século XV), bem como imagens de Santo António (século XVI), S. Pedro (século XV) e de Santana (século XV).

Mesmo ao lado da matriz, fica a capela da Misericórdia, um edifício do século XVII, que, ao que parece, actualmente funciona como capela mortuária.

Ainda no mesmo largo fica a Torre do Relógio, também ela do século XVII e que terá pertencido ao antigo edifício da Câmara Municipal.

Já fora das muralhas, existe a capela de São Pedro, o mais antigo edifício religioso da vila de Alegrete, datado do século XV.

Aqui, em Alegrete, existe uma lenda relacionada com o castelo. Em 1582 toda a região de Portalegre viva um grande surto de peste, o que levou a que o bispo fosse viver algum tempo para Alegrete. O povo da vila, preocupado com a saúde do bispo e para evitar que a epidemia chegasse a Alegrete, resolveu retirar uma pequena imagem de Nossa Senhora da Alegria do seu altar e colocar na muralha mais alta do castelo, à vista de toda a povoação, para proteger a vila. Fizeram-lhe tantas preces que Nossa Senhora afastou a epidemia da vila e, em sinal de gratidão, ainda hoje se festeja a Nossa Senhora da Alegria a 15 de Agosto.

A pequena e pacata vila de Alegrete, bem perto de Portalegre, merece uma visita pelo seu passado histórico e pelo importante papel na organização defensiva do território alentejano. Não sendo uma localidade muito rica em património arquitectónico, o seu castelo é ponto de paragem obrigatória para quem visita a região.

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