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  • Foto do escritorJoão Pais

Trilho de Alvre (PR2 de Paredes)


Ribeira de Santa Comba, junto à aldeia de Alvre
Ribeira de Santa Comba, junto à aldeia de Alvre

A partir do fantástico lugar do Salto, este PR2 de Paredes leva-nos a conhecer a aldeia de Alvre, com as suas casas tradicionais. Em pleno vale do Sousa, inserido no território do Parque das Serras do Porto, entre a imponência da serra e o bucolismo da zona ribeirinha vamos percorrer caminhos ancestrais.

A poucos quilómetros da cidade do Porto, mas já no concelho de Paredes, fica o lugar do Salto, vulgarmente conhecido como Senhora do Salto por ali existir uma pequena capela do século XVIII. É aqui que tem início uma série de trilhos inseridos no território do Parque das Serras do Porto. Vai ser por aqui que irei andar ao longo dos próximos fins-de-semana.

O lugar do Salto é um local de grande beleza, onde o rio Sousa atravessa uma maravilhosa e assustadora garganta, a “Boca do Inferno”, entre as serras de Pias e de Santa Iria.

Este PR2 leva-nos a percorrer caminhos ancestrais entre a serra e a zona ribeirinha
Este PR2 leva-nos a percorrer caminhos ancestrais entre a serra e a zona ribeirinha

Este PR2 de Paredes é um trilho circular, com cerca de cinco quilómetros, que tem como ponto de partida e de chegada o bonito lugar do Salto, em Aguiar do Sousa, concelho de Paredes. Para além da imponência do lugar com escarpas muito altas e (quase) verticais, este trilho mostra-nos o contraste entre a serra e a bonita zona ribeirinha. Ao longo do trilho iremos atravessar a ribeira de Santa Comba em dois locais – um deles com uma represa que convida a ir a banhos, e depois caminharemos ao longo da margem do rio Sousa. Iremos percorrer as ruas da aldeia de Alvre com (algumas) casas tradicionais construídas em xisto. Vamos ainda percorrer caminhos ancestrais, outrora utilizados por carroças e carros de bois, onde ainda é possível observar as marcas dos rodados lavrados na rocha.

Este trilho circular tem início na Senhora do Salto, perto da capela. Seguindo a “indicação oficial”, fiz o trilho no sentido oposto ao do movimento dos ponteiros do relógio – não sei se terá sido o mais acertado em termos de esforço para as pernas, mas foi certamente em questões paisagísticas.

Sigo por trás da capela, por um estradão de terra com muita pedra. Nos primeiros metros o estradão bastante cavado pelos rodados de motos parece-me “meio abandonado”, tendo-me deixado na dúvida se seria mesmo por ali que deveria seguir mas, mais acima, vamos encontrar algumas indicações e sinalética para virar à esquerda. São assim os primeiros mil metros deste trilho, num estradão de terra, lavrado por motos, numa subida bastante íngreme por entre eucaliptos. Infelizmente, nesta parte do trilho existem muitos eucaliptos embora, mais à frente, também vamos encontrar sobreiros, salgueiros e amieiros.

Lá no alto, conseguimos ter uma visão mais ampla para a beleza da paisagem
Lá no alto, conseguimos ter uma visão mais ampla para a beleza da paisagem

Vamos subir até à ponte da CREP (A41), mamarracho que paira lá em cima no alto, qual ave de rapina a olhar para nós e que maltrata a beleza e o encanto deste vale por onde corre o Sousa.

Como tudo o que sobe tem que descer, mais à frente, começamos a descida por um caminho florestal para, de seguida, entrarmos num caminho mais estreito e com sombra.

Descemos depois por um caminho em pedra. Um caminho muito antigo, outrora utilizado por veículos de tracção animal, onde é visível o traçado dos rodados lavrado na rocha. Aqui e ali conseguimos ter uma visão para a beleza da paisagem no horizonte. Ao fundo da descida encontramos alguns terrenos de cultivo a indicação para a ribeira.

Ribeira de Santa Comba, um local bastante aprazível
Ribeira de Santa Comba, um local bastante aprazível

Ribeira de Santa Comba

Depois do Salto, este é o primeiro ponto de interesse deste trilho. Atravessamos uma pequena ponte sobre a ribeira de Santa Comba e encontramos um espaço muito agradável, bom para ir a banhos. A ribeira tem aqui uma pequena represa e a sua água cristalina convida a um banho refrescante. Apesar de estar calor e de não estar aqui ninguém, o local é bem aproveitado por quem conhece, pois são visíveis as cordas penduradas nas árvores para fazer saltos para as águas da ribeira (e também algum lixo na margem da ribeira, apesar do aviso de coima).

Ribeira de Santa Comba
Ribeira de Santa Comba

A Ribeira de Santa Comba nasce em Penafiel e desagua na margem esquerda do Rio Sousa, entre os lugares de Alvre e do Salto. Esta ribeira é designada popularmente como Ribeiro dos Cágados por, antigamente, ser muito povoada por esta espécie, que hoje pouco se vê.

Depois de algum tempo a fotografar e a contemplar a beleza do local e ouvir o correr da água cristalina da ribeira de Santa Comba (que não estava fria…), era altura de continuar. Seguimos por um caminho de terra batida, que nos leva até outro de alcatrão. Logo acima, junto à entrada da Bouça da Portela da Trave é necessária alguma atenção e virar pelo caminho de terra à direita. A sinalização, num poste, está pouco visível, meia apagada, mas atente na sinalética nos esteios da beira do caminho e certifique-se que segue na direcção correcta. Entrámos na aldeia de Alvre.


Alvre, aldeia de origem medieval
Alvre, aldeia de origem medieval

Alvre

A aldeia de Alvre pertence à freguesia de Aguiar do Sousa e está localizada nos limites do Parque das Serras do Porto. Aguiar do Sousa foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX. O seu extenso concelho era constituído por 39 freguesias que hoje fazem parte dos municípios de Gondomar, Valongo, Paredes, Lousada e Paços de Ferreira.

Alvre tem cerca de 450 habitantes e é caracterizada pela sua ruralidade e pelas velhas casas construídas em xisto e quartzito da região. Na aldeia podemos encontrar algumas construções típicas, designadas por casas-pátio. São assim designadas por serem casas de pátio ou quinteiro fechado e para onde convergem todas as portas da habitação – o acesso à casa, as cortes dos animais e outras dependências agrícolas –, formando assim um espaço reservado e oculto à vista exterior.

Nesta volta pela aldeia que se supõe ter origem medieval, podemos observar algum património de relevo como por exemplo a arquitectura vernacular, uma ou outra antiga casa solarenga, alguns espigueiros, alminhas, cruzeiros e a capela.

Vamos fazer algum trajecto por ruas e ruelas da aldeia. É preciso estar atento à sinalética, pois é muito fácil “perdermo-nos”.

Capela de Santa Marta
Capela de Santa Marta

Vamos passar junto à torre de comunicações para, um pouco mais à frente, já perto da antiga escola primária que agora recebe as associações da terra, virar à esquerda. Vamos ter à capela de Santa Marta. Aqui é necessário virar novamente à esquerda. Aproveite para ver a capela com a sua fachada coberta de azulejos onde ainda podemos observar um púlpito exterior em granito datado de 1725, certamente vestígios da primitiva construção. Na sacristia desta capela, está guardado o ex-voto oferecido a Santa Marta, popularmente chamado de tábua do milagre, datado de 1752.

Continue até à estrada, que é preciso atravessar para seguir em frente, em direcção a uma antiga casa solarenga que em tempos terá sido bastante vistosa, mas que agora já apresenta sinais avançados de abandono. Vamos dar mais mas voltas pelas ruas de Alvre.

Mais à frente vai chegar a um “largo grande”, com um descampado, onde a sinalética é escassa. Atravesse o descampado em frente e depois siga na direcção da ponte da autoestrada (CREP/A41) que se vê ao longe. Siga pela estrada até esta acabar e se transformar em mais um estradão de terra batida. Terminamos o reconhecimento pelas ruas da aldeia. Pena o trilho não passar na ponte medieval de Alvre, uma ponte de xisto e granito com quatro arcos que serve de travessia do Sousa.


Alvre
Alvre

Continuando o trilho, vamos começar a descer (aqui encontrei o caminho “bloqueado” por um enorme monte de areia que tive que subir). Vamos descer agora por entre matos rasteiros até chegarmos novamente à ribeira de Santa Comba, mesmo antes desta desaguar no Sousa. Atravessamos a ribeira numa pequena ponte e aqui encontramos mais um belo e refrescante recanto deste trilho.


Rio Sousa
Rio Sousa

O rio Sousa e a beleza do Salto

Agora é só seguir o caminho junto ao rio Sousa até regressarmos à Senhora do Salto. Até ao final do trilho ainda vamos passar pela Hídrica de Aguiar do Sousa. Este é um caminho bastante agradável e de grande beleza natural apesar de me parecer que as águas do rio estavam bastante escuras…

Hídrica de Aguiar do Sousa
Hídrica de Aguiar do Sousa

Chegados à Senhora do Salto, é altura de fazer uma pausa, não só para recuperar da caminhada mas, principalmente, para contemplar este espaço de grande beleza natural. O espaço envolvente a Senhora do Salto faz parte da Rede Natura 2000 (o principal programa para a conservação da Natureza na União Europeia. Uma rede ecológica de âmbito europeu que tem como finalidade promover a conservação das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa).

Senhora do Salto
Senhora do Salto

O lugar da Senhora do Salto é um local de rara beleza onde o Sousa corre num vale rochoso bastante apertado e profundo com vertentes quase verticais, conhecido por “Boca do Inferno”. Explore bem o local, vai ver que não se arrepende.

Aqui, se não vier num domingo, pode desfrutar de tranquilidade e ter um momento zen acompanhado pelo som das águas do rio Sousa. Como eu fui num domingo, a “romaria” era grande, pelo que o momento zen foi-se…

Mas da Senhora do Salto voltaremos a falar noutra altura. Voltaremos a falar nele, pois o local merece o devido destaque pela sua beleza e pela sua história.

Características do trilho

PR2 PRD - Trilho de Alvre
PR2 PRD - Trilho de Alvre

PR2 PRD - Trilho de Alvre

Trilho circular de aproximadamente 5.000 metros (eu fiz 6.500 metros).

Pontos de interesse: Senhora do Salto, ribeira de Santa Comba, algumas construções na aldeia de Alvre e o rio Sousa

Ponto de partida e de chegada: Lugar do Salto

Duração: cerca de 1h30

Altitude máxima: 162 metros

Altitude mínima: 57 metros

Grau de dificuldade: baixo (2 numa escala 1-5)


Este trilho pode-se fazer todo o ano, embora no Inverno seja preciso ter algum cuidado porque, com a subida das águas do rio Sousa e da ribeira de Santa Comba, para além do piso escorregadio, a ponte e parte do caminho junto ao rio Sousa podem estar submersos. No Verão, para além de levar uma reserva de água, convém ir equipado para tomar um banho na ribeira de Santa Comba. Deve ainda evitar as horas de maior calor.

Recomendações

Tenha sempre em atenção a sua forma física. Tente informar-se com antecedência do estado do terreno e estude o trilho. Confirme o estado do tempo para o local para onde vai. Não se esqueça que na serra o tempo pode mudar de repente. Use roupas e calçado adequado (de acordo com a estação do ano). Caminhe sempre nos trilhos marcados, não só por causa do meio ambiente, mas também para sua protecção. Respeite os animais, eles estão no habitat deles, nós é que somos o intruso. Em dias de sol quente, use protector solar e leve água consigo. Principalmente de Inverno, tome atenção às horas para não ter que caminhar no escuro (leve sempre uma lanterna). Sempre que possível, não vá sozinho, avise sempre um familiar ou um amigo para onde vai. Não deixe lixo e, se vir algum, tente levá-lo consigo sempre que possível. Não acampe sem ser em locais próprios. Não faça barulho, respeite a natureza, relaxe e desfrute, vai ver que não há melhor actividade física.


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