O Alentejo é uma região que nos oferece magnificas paisagens e que possui lugares incríveis para quem procura tranquilidade e contacto com a Natureza. Santa Susana é um desses locais. Considerada por muitos como a aldeia mais bonita do Alentejo, aqui poderá encontrar a calma e a beleza da paisagem alentejana. Santa Susana é uma pequena aldeia de arquitectura tipicamente alentejana com cerca de 100 habitantes.
O interior alentejano é uma imensa pintura sensorial salpicada pelos odores, pelas texturas e pelas cores, onde os tons ocres da terra e das searas se misturam com os verdes dos montados e dos olivais. Na quietude da paisagem ondulante de campos abertos até ao horizonte – a linha de terra… –, avistamos pequenas manchas brancas de casario. Aldeias típicas onde a brancura das casas contrasta com as suas características molduras, cunhais e faixas térreas pintadas de azul ou amarelo.
Santa Susana é um desses pequenos casarios imaculadamente brancos, rodeado por uma paisagem que nos apela aos sentidos e ao desfruir da calma e da beleza do lugar.
Santa Susana é uma pequena aldeia localizada no concelho de Alcácer do Sal, na região do Alentejo. A aldeia fica a cerca de 15 quilómetros da cidade de Alcácer do Sal e, a cerca de 60 de Setúbal, na estrada que liga Alcácer do Sal a Montemor-o-Novo (N253).
Apesar de não estar muito longe das grandes localidades, a aldeia enfrenta o problema crónico do despovoamento que flagela grande parte do país. Como muitas das localidades do interior de Portugal, Santa Susana tem uma população já envelhecida e são poucas as crianças na rua.
A pequena aldeia, que só tem meia-dúzia de ruas, brinda-nos com as suas casas de arquitectura tipicamente alentejana, pintadas de branco com as características faixas marcadas pelo tom azulão. Diz-se que terá sido aqui que começou a tradição de pintar as casas com as tão características faixas azuis, mas a verdade é que ninguém sabe ao certo onde, nem quando, é que essa tendência começou.
A cada dois anos os moradores reúnem-se para pintar as casas – mesmo as que não estão habitadas –, mantendo assim a aldeia mais bonita e ajudando a preservar o seu património.
Na aldeia, para além das suas casas brancas, destacam-se a sua igreja de estilo barroco, o cruzeiro de granito, o teatro comunitário e um pequeno jardim. Mesmo ao lado da aldeia (a cerca de mil metros), fica a maravilhosa albufeira da barragem do Pego do Altar, um amplo espaço para usufruir do contacto com a Natureza e para a prática de desportos aquáticos.
Nos arredores da aldeia, fica o Tubthen Puntsok Gephel Ling, um retiro de budistas tibetanos.
Como não podia deixar de ser, Santa Susana também tem uma lenda: segundo se conta, Susana era uma pastora de ovelhas, que lia a Bíblia e que ajudava os pobres. Durante a Inquisição terá sido presa e depois queimada viva. Segundo reza a lenda, Susana terá morrido na fogueira a rezar. Daí ter ficado Santa Susana.
Origem e história da aldeia de Santa Susana
A origem do topónimo Santa Susana é incerta, mas julga-se que esteja relacionada com a existência neste local de uma antiga ermida do século XVI, pertencente à Ordem de Santiago e dedicada aquela santa.
A ocupação da região remonta a tempos pré-históricos, como se pode adivinhar pelos vestígios arqueológicos encontrados na região, como são o caso de diversas antas e do Cromeleque do Tojal. Em Santa Susana terão sido encontrados vários objectos arqueológicos da pré-história e da idade do bronze.
Durante a época romana a região era conhecida por ser um importante centro de produção de sal. Após a queda do Império Romano a região foi ocupada pelos Visigodos e, durante a época muçulmana, foi integrada no Al-Andalus – nome dado à Península Ibérica pelos Muçulmanos no século VIII.
Após a reconquista cristã, a região passou a fazer parte do Reino de Portugal e foi doada à Ordem de Santiago, que deteve o seu controle até à extinção das ordens religiosas em Portugal.
A aldeia de Santa Susana terá tido a sua origem durante da década de 1950 com a chegada de trabalhadores agrícolas sazonais para cultivar os terrenos da região. Os terrenos da aldeia terão pertencido a grandes latifundiários agrícolas que aqui construíram casas para albergar os trabalhadores das suas terras. Anos mais tarde, os trabalhadores terão comprado as casas e aqui fixado a sua residência.
O que visitar em Santa Susana
Santa Susana tem uma beleza muito própria com as suas casas pintadas de igual, em azul e branco. A aldeia é pequena mas tem alguns pontos de interesse que vale a pena visitar. Por isso, estacione o carro e dê uma volta a pé pelas suas ruas (se estiver muito calor, o que por aqui não é difícil, pode retemperar forças no café da aldeia (Café Coelho).
Igreja de Santa Susana
A igreja da aldeia é um templo do século XVI e é o resultado da ampliação de uma antiga ermida que pertenceu à Ordem de Santiago, da qual ainda resta a estrutura da actual capela-mor.
A igreja de Santa Susana é um edifício de linhas simples, também ele pintado de azul e branco, e que vale a pena visitar. No seu interior destacam-se a figura de Santa Susana e duas importantes tábuas quinhentistas representando a Anunciação – o anjo Gabriel revela a Maria que vai dar à luz um menino – e a Natividade – nascimento de Jesus Cristo. Estas pinturas sobre madeira são atribuídas ao Mestre da Lourinhã (denominação dada a um artista
luso-neerlandês responsável por obras semelhantes nas igrejas de Cascais e de Alcochete). Da mesma época, podemos observar o que resta dos frescos representando cenas da vida de Santa Susana, bem como azulejos do século XVII.
A sua torre sineira terá sido construída mais tarde, já em 1929.
Casario tradicional
A aldeia alentejana preserva as suas casas de arquitectura rural tradicional, normalmente de um piso, pintadas de branco com a característica bordadura azul.
As casas são todas muito parecidas e todas com as tradicionais chaminés grandes e altas, o que lhes confere um ar bastante pitoresco.
Na aldeia podemos ainda ver o teatro comunitário, com um belo interior, onde os trabalhadores depois de um dia de trabalho de sol a sol ainda encontravam forças para um momento de descontracção e cultura.
O seu casario geométrico, quase minimalista, e a torre da igreja com um ninho de cegonha no topo, são um atractivo muito apelativo e um convite a umas belas fotografias.
Moinhos de vento
Existem vários moinhos de vento na área circundante de Santa Susana, que foram utilizados para moer o grão e produzir farinha. Alguns destes moinhos estão abandonados, mas outros foram restaurados e podem ser visitados.
Paisagem alentejana
A região em torno de Santa Susana é conhecida pela sua beleza natural. Com uma vasta planície de terrenos ondulantes, é uma paisagem aberta, com horizontes amplos com oliveiras, azinheiras e sobreiros.
Existem alguns trilhos para caminhadas que percorrem a região, permitindo aos visitantes desfrutarem destas paisagens deslumbrantes.
Albufeira do Pego do Altar
A albufeira da barragem do Pego do Altar é um espaço único e de grande beleza localizado nas proximidades da aldeia de Santa Susana. Com as suas águas calmas, rodeadas pelo característico montado alentejano, a albufeira é um pequeno oásis repleto de fauna e flora.
A albufeira que junta as ribeiras de São Cristóvão e das Alcáçovas é uma das principais atracções da região. Muito popular entre os turistas que visitam a aldeia, para além de ser muito apelativa para um banho refrescante nos dias quentes de Verão, a albufeira é o espaço ideal para diversas actividades aquáticas e ao ar livre, como a pesca, canoagem, passeios de barco ou para a observação de aves.
A albufeira esconde, submersa nas suas águas, uma antiga ponte oitocentista que só é possível observar quando, em anos de grande seca, as suas águas descem consideravelmente. A bonita ponte de pedra, a ponte de Rio Mourinho, tem cerca de 30 metros de comprimento e perto de 200 anos.
A pequena aldeia de Santa Susana é um lugar charmoso e tranquilo que soube manter a sua identidade. Esta aldeia típica alentejana é o local ideal para quem procura calma e pacatez, um lugar para fugir da agitação das grandes cidades e desfrutar da Natureza. Com a albufeira ali ao lado, é destino de eleição para aqueles que preferem o contacto com a Natureza e o com a água, para quem busca paisagens naturais deslumbrantes longe das multidões. Santa Susana é um destino que vale a pena visitar quer pela sua paisagem, quer pela sua arquitectura e cultura tradicional.
Ali perto…
A cerca de 18 quilómetros de Santa Susana, em direcção a Santiago do Escoural (onde também pode visitar a Gruta do Escoural) fica o Cromeleque do Tojal. Num território marcado por forte presença megalítica, o Cromeleque do Tojal é um conjunto de 17 menires que formam uma ferradura (e não um círculo), com cerca de 20 metros de diâmetro. Estes monólitos têm uma altura média de cerca de dois metros e apresentam marcas e gravuras. Acredita-se que o Cromeleque do Tojal tenha sido construído no período do Neolítico, cerca de 4000 anos a.C.. A sua finalidade e significado permanecem um mistério, mas acredita-se que possa ter sido utilizado para fins religiosos ou astronómicos.
O Cromeleque do Tojal é considerado um dos mais importantes monumentos megalíticos da região e está classificado como Monumento Nacional desde 1910. Na região existe ainda um grande conjunto de antas.
A Barragem do Pego do Altar, a cerca de cinco quilómetros de Santa Susana, foi construída durante o Estado Novo, em 1949, e é alimentada pela ribeira de São Cristóvão e pela ribeira das Alcáçovas. A barragem foi construída para se fazer o aproveitamento das águas para a agricultura do vale do Sado, nomeadamente para os arrozais da região de Alcácer do Sal, bem como para a produção hidroeléctrica.
A bonita cidade de Alcácer do Sal, a cerca de 15 quilómetros de Santa Susana, é um ponto de paragem obrigatório. Alcácer do Sal é uma das cidades mais antigas da Europa, fundada antes de 1000 a.C. pelos Fenícios. A cidade apresenta um riquíssimo património com diversos testemunhos da arquitectura militar, religiosa e civil. No alto da colina ergue-se o imponente castelo, uma fortificação de origem Árabe, que chegou a ter mais de 20 torres. Hoje alberga uma pousada.
Alcácer do Sal é o segundo município mais extenso do território nacional (o maior é Odemira).
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