Ponte de Sor é uma cidade do distrito de Portalegre e uma das “portas de entrada” no Alto Alentejo. A paisagem de Ponte de Sor é marcada pelo domínio do sobreiro – o concelho é um importante pólo nacional na produção e transformação da cortiça – e pelas magníficas paisagens da albufeira da barragem de Montargil.
Situada num território de transição entre a planície ribatejana e os montados do Alto Alentejo, Ponte de Sor situa-se num importante ponto de confluência de rotas entre o Norte e o Sul e o litoral e o interior. A localidade foi-se desenvolvendo, ao longo dos tempos, como local de passagem, pelo menos, desde a ocupação romana da Península Ibérica. O núcleo histórico da cidade situa-se junto à ribeira de Sor e à sua ponte.
As origens de Ponte de Sor
Embora não se saiba com precisão desde quando é que a região é ocupada, existem numerosos vestígios arqueológicos que comprovam a presença humana nesta região desde a Pré-História. No concelho de Ponte de Sor merecem destaque alguns pontos de interesse arqueológico: o Núcleo Megalítico de Montargil, onde são conhecidos perto de quatro dezenas de antas que originaram a recolha de um importante espólio de pedra polida (machados, placas de xisto, enxós e facas de sílex); a Necrópole de Santo André, também em Montargil, da época romana, século I/II; e os Marcos Miliários da via militar Olissipo - Emérita Augusta.
A quase ausência de vestígios do período medieval na região deve-se, muito provavelmente, à grande instabilidade provocada pelos conflitos constantes durante as lutas da Reconquista. No entanto, junto à ribeira de Sor, ainda se podem ver os restos do que seria a cerca mandada construir por D. Duarte, no século XV, e que nunca chegou a ser concluída.
A história de Ponte de Sor
No início do primeiro milénio, por alturas do século II-III, os Romanos dominavam a região e Ponte de Sor fazia parte da importante via militar que ligava Olissipo (Lisboa) a Emérita Augusta (Mérida). Ponte de Sor era um importante ponto de passagem e isso trazia-lhe uma influência e importância acrescida. No entanto, com a queda do Império Romano, o território terá perdido importância.
Durante a Reconquista, esta foi uma região de fronteira muito instável com sucessivos conflitos. Após a Reconquista, Ponte de Sor foi integrada no património da Ordem do Templo, tendo então sido repovoada durante o reinado de D. Sancho I. No reinado de D. Sancho I, em 1199, a Sé de Évora concedeu o primeiro foral à vila. Posteriormente, Ponte de Sor é reconquistada pela Ordem de Avis e, só no século XIV, por indicação de D. Dinis, é incentivado novo povoamento do território.
Ponte de Sor viria a receber privilégios dos monarcas D. Dinis e D. Fernando. Durante o reinado de D. Duarte (século XV) a peste espalhou-se por Lisboa e, numa tentativa de evitar a maleita, a Corte refugiou-se em Ponte de Sor. Em 1514, o rei D. Manuel I atribui foral a Ponte de Sor.
Ponte de Sor conheceu uma expansão progressiva e quase constante desde o final de oitocentos. Para tal, muito contribuiu a chegada do caminho-de-ferro, nos anos de 1860, o que permitiu o crescimento industrial do concelho, com especial destaque para a indústria da transformação da cortiça. Ao longo dos últimos 150 anos algumas das mais importantes empresas nacionais e multinacionais estabeleceram aqui unidades de produção. Hoje, Ponte de Sor é um grande entreposto corticeiro nacional e mundial, sendo esta uma das suas principais actividades económicas.
Ponte de Sor possui um moderno aeródromo, uma infra-estrutura certificada pela Autoridade Nacional de Aviação Civil. Com uma pista onde podem aterrar aviões como o Airbus A320 ou o Boing 737, para além de outras empresas (ligadas ao sector aeronáutico), aqui está instalada a Autoridade Nacional da Protecção Civil, nomeadamente a sua sede de operações de meios aéreos de salvamento e luta contra incêndios. É aqui, no aeródromo de Ponte de Sor, que se realiza a maior cimeira aérea Ibérica, o Portugal Air Summit, que para além de demonstrações aéreas, conta com dezenas de oradores, áreas dedicadas às várias temáticas da aeronáutica e espaço de exposições. De referir que o primeiro campo de aviação de Ponte de Sor foi inaugurado em 1919 e funcionou até 1935.
Ponte de Sor faz parte da “Rota da N2”, pois um dos seus acessos é a Estrada Nacional 2 – a mais extensa estrada do país que liga Chaves a Faro, num total de 739,26 quilómetros –, que passa mesmo nos limites da cidade, ao lado do aeródromo e paralela à albufeira de Montargil.
A origem do nome
A ponte que atravessa a ribeira de Sor estará na origem do topónimo da terra. Ao que parece, já aqui existia uma ponte no tempo do imperador romano Marco Aurélio Probo, no século III. Muito provavelmente, essa ponte, da qual hoje não restam quaisquer vestígios, terá integrado a importante via romana que ligava Emérita Augusta a Olissipo. Ignora-se quando é que esta primeira ponte ruiu, mas calcula-se que terá sido durante a idade média, o que, na altura, contribuiu para o isolamento da povoação. Sem ponte, a travessia era feita numa barca. Pensa-se que terá sido construída uma outra ponte após a Reconquista mas não existe qualquer vestígio.
Já no século XIX (1822-1823), durante o reinado de D. João VI, uma nova ponte foi construída. Parte dessa ponte terá ruído durante uma cheia poucas décadas depois e foi recuperada em 1867, substituindo-se os arcos destruídos por três grandes arcos de cantaria, que se mantêm até aos nossos dias.
O que visitar em Ponte de Sor
Sem dúvida que o que se destaca aos olhos do visitante é a bonita zona ribeirinha que tem como pano de fundo a ribeira de Sor. A cidade apresenta uma moderna zona ribeirinha ampla e bastante agradável, que acolhe um conjunto de equipamentos, nomeadamente, as piscinas municipais, campo de ténis, auditório ao ar livre, equipamentos de manutenção física e uma moderna e bonita ponte pedonal, da autoria de Leonel Moura que, à noite, interage através da sua iluminação com a passagem dos peões. Para os amantes de trilhos e caminhadas, é também aqui que se inicia um percurso pedestre (PR1 PSR), circular, com cerca de onze quilómetros que se desenvolve ao longo da ribeira de Sor com passagem por moinhos de água de rodízio oitocentistas (Tramaga) e que atravessa uma paisagem de montado de sobro, tendo ainda como pontos de interesse a ponte da cidade e a Fonte da Vila.
O núcleo urbano da cidade está situado na margem direita da ribeira de Sor. O seu aglomerado urbano foi crescendo a partir do centro histórico e paralelamente à ribeira.
O centro histórico de Ponte de Sor situa-se junto à ribeira em torno do edifício dos antigos Paços do Concelho e do local onde se situava a primitiva igreja matriz, que ruiu no final do século XIX e que se localizava no largo em frente ao mercado municipal.
Numa volta pelas ruas de Ponte de Sor podemos encontrar algum património interessante, quer civil, quer religioso. Assim, para além do bonito edifício da escola primária (já do século XX), podemos encontrar algumas casas residenciais oitocentistas e edifícios urbanos de dimensões consideráveis, onde se destaca o antigo edifício dos Paços do Concelho, construído em 1886 e, posteriormente aumentado e adaptado (em 1894) para instalação do Tribunal e da Cadeia, edifício onde, mais tarde, também viria a ser instalada a Biblioteca.
Junto à ponte fica a bonita Fonte da Vila (século XVIII) que apresenta o escudo real de D. João V, monarca que terá mandado construir a fonte. Junto à Fonte da Vila, ainda podemos observar vestígios da cerca mandada construir por D. Duarte (século XV).
A igreja matriz de São Francisco de Assis (que veio substituir a anterior), foi construída entre 1887 e 1903 e, posteriormente, ampliada em 1942. Mais recentemente, em 2003, ano do seu centenário, foi alvo de restauração. É um edifício simples onde se destaca a sua torre sineira e, no seu interior, apresenta tectos pintados com frescos.
Na cidade podemos ainda encontrar a igreja da Misericórdia, templo setecentista, que apresenta uma imagem do Espírito Santo em granito, do século XVI; a capela de São João, um templo setecentista; a capela de São Pedro, já existente no início de setecentos e que funcionou como matriz no período entre a ruína da primitiva igreja e a inauguração da actual (1887-1903); a capela de Santo António, datada do século XVII; e a capela do Senhor das Almas, uma provável construção do século XVII / XVIII.
Ponte de Sor, para além do parque junto à zona ribeirinha, possui um parque ao lado do Estádio Municipal e tem um amplo jardim junto ao moderno edifício da Câmara Municipal.
Ponte de Sor reúne uma interessante “colecção” de arte urbana espalhada pelo concelho e pela própria cidade como é o caso de “A Cura” (Avenida da Liberdade), a “Nossa Senhora da Cortiça” (Largo 25 de Abril) e nos muros dos parques de estacionamento da Rua de Santo António e da Rua Soeiro Pereira Gomes, por exemplo.
No Centro de Artes e Cultura inaugurado em 2009 e instalado na antiga fábrica de moagem de cereais e descasque de arroz, encontra-se o maior mosaico do mundo feito com cerca de 400 mil rolhas de cortiça, um dos principais produtos de Ponte de Sor. Este Cento de Artes é o equipamento cultural por excelência do Município de Ponte de Sor, integrando diversos organismos e espaços culturais, designadamente, o Teatro da Terra, o Centro de Formação e Cultura Contemporânea, a Biblioteca Municipal, o Arquivo Histórico Municipal, espaços dedicados a exposições e dois Núcleos de Arqueologia Industrial, representativos do passado do edifício em que o Centro está instalado.
Ponte de Sor, mais do que um ponto de passagem, é um ponto de paragem obrigatório para iniciar uma volta pelo Alentejo. É uma cidade agradável, com espaços verdes e uma marginal junto à ribeira de Sor deliciosa. Deixe-se surpreender pelo seu centro histórico e pelo seu património, onde não faltam motivos para um belo passeio pelas suas ruas e praças.
Ali perto…
A cerca de quatro quilómetros de Ponte de Sor ficam os Moinhos de Tramaga. Tramaga é um lugar de belas paisagens sobre a ribeira de Sor e terra de moinhos. A referência mais antiga que se conhece a estes moinhos data do século XIII. Os moinhos de rodízio aqui existentes faziam parte de um vasto conjunto que se espalhava ao longo da ribeira de Sor.
Descendo a EN2, a cerca de 20 quilómetros, encontramos a magnífica albufeira da Barragem de Montargil. Um plano de água com mais de dez quilómetros de extensão originado pela construção da barragem durante a década de 50 do século passado. A barragem para além de trazer fertilidades às terras da região, proporcionou condições para o aproveitamento turístico com algumas unidades hoteleiras, condições para a prática de desportos náuticos, algumas praias fluviais e bonitas paisagens. A albufeira é ainda um local privilegiado para os amantes de birdwatching.
Mesmo ao lado da albufeira fica a pequena vila de Montargil, onde merece especial destaque o “Núcleo Megalítico de Montargil” onde são conhecidas perto de quatro dezenas de antas e a Necrópole de Santo André (século I-II). A igreja matriz dedicada a Santo Ildefonso, é uma construção do século XVI.
Do outro lado da albufeira, seguindo pela EN244, encontramos Galveias, uma localidade cuja fundação é atribuída a Frei Lourenço Afonso, mestre da Ordem de Avis, em 1342. Destaque para as muitas e bonitas capelas espalhadas pela localidade como a capela da Misericórdia, a capela de São Pedro ou a capela do Senhor das Almas.
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