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  • Foto do escritorJoão Pais

PR13 de Arouca - Na senda do Paivô

Atualizado: 8 de jul. de 2022


O território de Arouca, nomeadamente as suas serranias (a maravilhosa serra da Freita), é um mundo que encanta quem gosta de Natureza. Eu, sou suspeito para falar da Freita, pois sou “viciado” na serra. Quem me conhece sabe que volta e meia “perco-me” por lá. Quanto a mim, um dos locais mais bonitos de Portugal.

Todo o município de Arouca está abrangido pelo Arouca Geopark, um território classificado como Geoparque Mundial da UNESCO. São mais de 300 quilómetros quadrados com mais de 500 milhões de anos de história gravados na rocha, paisagens de cortar a respiração, de rios e ribeiros de águas cristalinas, quedas de água, grutas e minas, miradouros, aldeias tradicionais e gente da mais genuína que existe.

O território do município de Arouca e a serra da Freita estão repletos de excelentes locais para desportos e actividades ao ar livre. Arouca tem mais de uma dezena de trilhos marcados e homologados, dos mais fáceis aos mais exigentes, alguns dos quais bem icónicos (já aqui falei do PR7 - Nas escarpas da Mizarela). Hoje trago-vos o PR13 - Na senda do Paivô, um trilho que eu já repeti e, portanto, que me agradou bastante.

Escolhi o dia de Portugal – um dia bem quente, com temperaturas a rondar os 40 graus por altura da hora do almoço – para fazer os dois trilhos que partem de Regoufe: o PR13 em direcção a Covêlo de Paivô e o PR14 para Drave, a “aldeia mágica”. Por agora, vamo-nos ficar pelo primeiro.

A aventura foi acompanhada por um Amigo do tempo de escola, também ele amante da Natureza e de boas caminhadas. Saímos de manhã cedo em direcção a Arouca onde fomos tomar um café, antes de partir para a serra. Arouca, entre outras coisas, é famosa pela sua doçaria conventual (Melindres, Morcelas, Castanhas Doces, Barrigas de Freira...) e pelo Pão-de-Ló. A paragem fez-se na mais antiga casa de Pão-de-Ló de Arouca com mais de 180 anos, como nos explicou o seu actual proprietário. Obviamente, não nos ficamos pelo café. Havia que ingerir algumas bombas calóricas para queimar durante o dia.

Saímos de Arouca e rumámos em direcção à aldeia mineira de Regoufe. São cerca de 20 quilómetros por estradas secundárias que demoram uns bons 40 minutos a fazer. Chegados a Regoufe há que estacionar o carro logo no início da aldeia, pois quase todas as suas ruas da pequena localidade são estreitas e (praticamente) intransitáveis. Como também é aqui que começa o trilho de Drave, é provável que encontre aqui alguns carros estacionados. Em alternativa, pode deixar o carro junto às minas, ou junto ao restaurante “O Mineiro” (existe indicação e aparece no google maps...).

Este trilho de montanha liga as aldeias de Regoufe e Covêlo de Paivô (ambas do concelho de Arouca) e acompanha a ribeira de Regoufe e o rio Paivô ao longo de um vale cavado e de grande beleza. São 4,5 quilómetros para cada lado e há que contar com mais alguns se optar por percorrer as ruas da aldeia de Covêlo de Paivô (o que eu recomendo).

Conte com pelo menos três horas para ir e vir. Grande parte do trilho faz-se por um caminho muito antigo coberto com lajes de granito, outrora usado por carros de bois onde, aqui e ali, são bem visíveis os sulcos deixados pelos seus rodados que por ali passaram durante anos a fio, pois este era o único caminho que ligava as duas aldeias. Não recomendo este trilho para que tenha problemas com vertigens, pois a altura do vale é grande e o caminho faz-se, em algumas partes, bem perto da ravina.

O trilho segue um caminho empedrado de lajes de granito ao longo do vale
O trilho segue um caminho empedrado de lajes de granito ao longo do vale

O início dos dois trilhos faz-se junto à pequena capela da aldeia, a capela de Santo Amaro. Seguimos pelas ruas estreitas, entre as casas típicas em pedra, e por entre algumas galinhas, galos, patos e perus que se passeiam pelo empedrado das ruas cobertas por ramadas de vinha. Atravessamos a aldeia e saímos para uma zona rural com alguns terrenos cultivados e com alguns sobreiros. A partir daqui, o trilho segue um caminho empedrado de lajes de granito ao longo do vale onde acompanha, primeiro a ribeira de Regoufe e, depois, o rio Paivô. Goze a magnífica paisagem do vale e escute o silêncio. Vai adorar.


Covêlo de Paivô
Covêlo de Paivô

O caminho até Covêlo de Paivô faz-se bem e relativamente rápido. Parece que nem dá-mos por isso, pois o percurso é quase sempre a descer. Apesar de já estar algum calor, e de praticamente não haver sombras, demoramos pouco mais de uma hora. A chegada à aldeia de Covêlo de Paivô e à sua pequena igreja (igreja de São Pedro) faz-se por uma zona agrícola com alguns terrenos cultivados. É aqui que termina o trilho. Se assim o entender, poderá dar uma volta pela aldeia, ir até à beira rio, e admirar as suas tradicionais casas de pedra, algumas ainda com telhado em pedra de lousa.


O caminho faz-se, em algumas partes, bem perto da ravina
O caminho faz-se, em algumas partes, bem perto da ravina

Depois de um breve descanso junto à igreja era necessário regressar, pois queríamos aproveitar a tarde para ir a Drave. Era hora de almoço, o sol já ia alto, não corria qualquer brisa e a temperatura aproximava-se dos 40 graus. O regresso ia ser penoso. A descida, que à vinda para cá quase tinha passado despercebida, agora tinha tanta inclinação que as lajes de granito à nossa frente, pareciam querer tocar o céu... A pequena subida levou-nos dos 310 (na parte baixa da aldeia) aos 600 metros de altitude. O ar quente e seco abafava-nos a respiração e fazia-nos pesar cada passada. O regresso fez-se em passo lento e com algumas paragens para beber água.

Com a chegada a Regoufe (e ao carro) era altura de retemperar forças, comer qualquer coisa e fazer o reabastecimento de água. As pernas ainda estavam em boa forma e, afinal, a tarde ainda estava a começar…


Aldeia de Regoufe
Aldeia de Regoufe

Regoufe

Regoufe é uma pequena aldeia tradicional do concelho de Arouca, “perdida” na serra de Arada. As suas gentes vivem da agricultura e da pastorícia – é normal cruzarmo-nos com vacas arouquesas e com rebanhos de cabras. Pelas estreitas ruas de Regoufe podemos ainda encontrar galos, galinhas, patos e perus.

Regoufe é uma localidade antiga e povoada desde a pré-história conforme comprovam a existência de algumas mamoas. O topónimo da aldeia virá desde o tempo dos Visigodos e quererá significar “rei dos lobos”.

Durante a II Guerra Mundial Regoufe foi uma importante aldeia mineira. O complexo mineiro, denominado “Poça da Cadela”, foi explorado por ingleses e daqui foram extraídas várias toneladas de volfrâmio destinado ao fabrico de material bélico para fornecer as forças aliadas. Aqui trabalhou cerca de um milhar de pessoas, maioritariamente oriundas de Valongo e de Viseu. Hoje, restam as memórias e as ruínas dos vários edifícios que compunham as antigas instalações mineiras.

A aldeia de Regoufe não deve ter mais de duas dezenas de habitantes. Para além das suas casas de pedra, a aldeia conserva a pequena capela de Santo Amaro com telhado em pedra de lousa. A aldeia de Regoufe dispõe de um restuarante (“O Mineiro”) e um café (“A Tasca da Ilda”).


O rio Paivô

O rio Paivô nasce na serra da Arada, no concelho de São Pedro do Sul, a quase 1000 metros de altitude e desagua na margem esquerda do rio Paiva a jusante da aldeia de Paradinha (Alvarenga). O seu curso, de grande beleza, é profundamente recortado na montanha por entre escarpas e fragas.


Covêlo de Paivô
Covêlo de Paivô

Covêlo de Paivô

Covêlo de Paivô é uma bonita aldeia tradicional com casas em pedra e alguns telhados em lousa. Aqui e ali ainda são visíveis alguns espigueiros bem conservados. A aldeia, na margem do rio Paivô que lhe dá nome, está rodeada de deslumbrantes paisagens serranas.

O acesso à aldeia é feito por uma única estrada e o interior da aldeia está repleto de ruelas e escadarias que merecem um passeio a pé até à margem do rio.

A aldeia de Covêlo de Paivô é muito antiga como são todas as povoações desta região. A sua fundação calcula-se que seja anterior ao domínio Romano.

A igreja de São Pedro fica nos limites da aldeia, numa zona relativamente afastada do centro da aldeia. É um templo de pequenas dimensões e construído na primeira metade do século XVIII.

Actualmente, a aldeia tem poucos habitantes e a sua maioria dedicam-se à agricultura e à pastorícia. Na aldeia ainda se conservam as antigas tradições como a matança do porco, a desfolhada e o malhar do milho e do centeio.

No território da freguesia existem diversas minas de estanho e volfrâmio, tendo sido as mais conhecidas as minas de Regoufe.

A aldeia de Covêlo do Paivô pertenceu ao extinto concelho de Sul e, depois, a São Pedro do Sul. Desde 1917 que integra o município de Arouca.



Características do trilho

PR13 de Arouca - Na senda do Paivô

Trilho linear de aproximadamente 4.500 metros (para cada lado).

Ponto de partida / chegada: Regoufe ou Covêlo de Paivô

Duração: cerca de 3h00 (ida e volta)

Altitude máxima: 614 metros

Altitude mínima: 330 metros

Grau de dificuldade: baixo (2 numa escala 1-5)

Este trilho pode-se fazer todo o ano, embora no Inverno seja preciso ter algum cuidado porque na serra atingem-se temperaturas muito baixas, podendo haver formação de gelo e mesmo, ocasionalmente, a queda de neve, tornando o piso muito escorregadio e perigoso. No Verão, é recomendável levar uma reserva de água e de evitar as horas de maior calor já que o trilho praticamente não tem sombras. No sentido Covêlo de Paivô - Regoufe o percurso é praticamente sempre a subir.


Recomendações

Mesmo tratando-se de um percurso sem subidas e descidas acentuadas, tenha sempre em atenção a sua forma física. Tente informar-se com antecedência do estado do terreno e estude o trilho. Confirme o estado do tempo para o local para onde vai. Use roupas leves e calçado adequado (de acordo com a estação do ano). Não se esqueça que na serra o tempo pode mudar de repente. Caminhe sempre nos trilhos marcados, não só por causa do meio ambiente, mas também para sua protecção. Respeite os animais, eles estão no habitat deles, nós é que somos o intruso. Em dias de sol quente, use protector solar e leve água consigo. Principalmente de Inverno, tome atenção às horas para não ter que caminhar no escuro (leve sempre uma lanterna). Sempre que possível, não vá sozinho, avise sempre um familiar ou um amigo para onde vai. Não deixe lixo e, se vir algum, tente levá-lo consigo sempre que possível. Não acampe sem ser em locais próprios. Não faça barulho, respeite a natureza, relaxe e desfrute, vai ver que não há melhor actividade física.


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