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Foto do escritorJoão Pais

Aldeia de Fujaco

Atualizado: 13 de abr. de 2021


Todos nós sabemos que Portugal é um país cheio de lugares maravilhosos. Quer pela natureza, pelas paisagens, pela geografia, pela arquitectura ou pelas suas gentes, existem imensos locais que nos deslumbram. Autênticos lugares mágicos que nos arregalam os olhos, que nos tocam o coração e que nos fazem fervilhar os sentidos.

É verdade que não ia à espera de encontrar uma das mais belas e das mais genuínas aldeias portuguesas. Depois de ver duas ou três fotos e de ter lido na página do Município de São Pedro do Sul uma referência a esta aldeia como atracção turística, o desafio estava lançado.

Meti pés ao caminho, melhor dizendo, rodas à estrada, e rumei em direcção a São Pedro do Sul. Saindo da vila de São Pedro do Sul, em direcção a Castro Daire, pela N228, não tem que enganar, é só seguir as indicações presentes da estrada.

Sigo por uma estrada não muito larga, cheia de curvas e contracurvas. A estrada sobe serra acima. No início com algumas habitações, depois apenas por entre o arvoredo. Apesar de tudo, a subida é agradável e faz-se bem. Aqui o verde impera. De repente, ao desfazer duma curva, é necessário parar o carro; um rebanho com cerca de três dezenas de cabras ocupa toda a largura da estrada. Os cães, guardas e guias do rebanho, dão em cima do carro. A pastora controla os animais para poder seguir em frente. É assim a estrada que nos leva a uma das mais surpreendentes aldeias de Portugal.



A aldeia de Fujaco descansa tranquila no meio do imenso verde da serra. A aldeia, que já teve mais vida, hoje está praticamente desabitada e os seus poucos habitantes vivem quase em exclusivo da agricultura e do pastoreio. Fujaco é um lugar isolado onde falta quase tudo. Embora haja um restaurante (que estava fechado), não há um café nem uma mercearia. Não há rede de telemóvel e muito menos internet. Fujaco parou no tempo. Pode parecer o “fim do mundo” mas, para esta gente, este Mundo tem outro tempo.

A aldeia de Fujaco está empoleirada, num socalco, numa das encostas da Serra da Arada. É um aglomerado de pequenas casas típicas. Se não contarmos com a estrada principal, a aldeia é composta por ruelas muito estreitas que lhe conferem um ambiente muito particular. As suas casas são quase na totalidade construídas em xisto e cobertas com placas de lousa – embora aqui e ali já se comece a notar o vermelho das telhas.

Subindo o monte, até ao alto, para além de termos uma panorâmica privilegiada sobre a aldeia, podemos encontrar um pequeno largo com a escola primária (desactivada e convertida em associação) e a pequena capela de Nossa Senhora dos Remédios. Lá em baixo, no estreito vale, a água do ribeiro de Fujaco corre forte por entre alguns campos dando forças a alguns velhos moinhos.



Existem algumas dúvidas sobre o topónimo de Fujaco. No entanto, os seus habitantes contam uma lenda em que, há muitos anos, ali perto, terá havido uma grande batalha. Um homem terá desertado da frente de batalha e escondeu-se debaixo de uma fraga. Para evitar adormecer e, assim, ser surpreendido pelos lobos, o homem ia fazendo renda. Entretanto, o tempo passou, o homem casou, constituiu família naquele local e assim nasceu a povoação. O nome Fujaco poderá, então, derivar de “fujão”, referindo-se àquele que fugiu.

Gastronomicamente falando, outro dos atractivos desta aldeia é o Cabrito Assado em Forno de Lenha ou a Vitela Assada. No entanto, na página web do Restaurante O Rochedo – o único estabelecimento da aldeia –, é necessário reservar com pelo menos 24 horas de antecedência.

Embora se possa ler em alguma informação sobre a aldeia de Fujaco que aqui residem cerca de 40 habitantes, eu não vi mais do que meia dúzia de pessoas. O tempo estava de chuva e com trovoada, pelo que a maioria se terá mantido dentro de portas. Mas a verdade é que estas povoações lutam contra a desertificação. Um pouco por todo o país vemos aldeias cujo isolamento, a escassez de meios e os difíceis acessos levam ao afastamento das suas gentes, principalmente os mais novos.

Como fui “corrido” por um fim de tarde bastante chuvoso e com muita trovoada, fica a promessa de voltar, muito em breve, para apreciar cada recanto desta magnífica aldeia de Fujaco, uma das mais belas aldeias de Portugal!




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