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  • Foto do escritorJoão Pais

Passadiços do Paiva e Ponte 516 Arouca

Atualizado: 6 de set. de 2021



No passado mês de Maio foi inaugurada a Ponte 516 Arouca, nos Passadiços do Paiva. Anunciada como a maior ponte pedonal suspensa do Mundo, esta novidade era o motivo que faltava para eu regressar ao concelho de Arouca e voltar a palmilhar aos Passadiços que percorrem parte da margem do rio Paiva, com as suas paisagens fantásticas.

Apesar de não ser muito a favor da massificação e proliferação de passadiços como se tem assistido nos últimos anos, sou grande apreciador e adepto dos Passadiços do Paiva. Esta foi a minha quarta experiência nestes Passadiços, pelo que já me considero um fã dos Passadiços do Paiva. Fiz por duas vezes, sozinho, nos dois sentidos e as duas últimas foram só de ida; uma no sentido Espiunca-Areinho e, agora, em sentido contrário.


Passadiços do Paiva
Os Passadiços do Paiva abriram ao público em 2015

A minha primeira ida aos Passadiços do Paiva foi logo poucas semanas depois da sua inauguração, ainda antes do primeiro incêndio. A segunda foi no ano seguinte, também cerca de uma semana antes do grande incêndio de 2016 que não poupou o Arouca Geopark, já com entrada paga e adquirida através da internet. A terceira vez que percorri os Passadiços do Paiva foi em 2018, umas semanas antes do anúncio da construção da ponte 516 Arouca. Agora, com a nova ponte suspensa era obrigatória mais uma ida aos Passadiços do Paiva.

Os Passadiços do Paiva são uma obra do arquitecto Nuno Martins Melo, têm uma extensão de 8.700 metros e localizam-se na margem esquerda do rio Paiva, no concelho de Arouca. O seu acesso faz-se pelas suas extremidades: em Espiunca ou no Areinho (veja as coordenadas no final do texto). São quase nove quilómetros que nos proporcionam um belo passeio de grande beleza por um santuário natural único. Ao longo do percurso, para além da paisagem serrana, praticamente no seu estado puro, podemos observar a beleza do rio Paiva (em tempos considerado o rio mais limpo da Europa) e dos seus rápidos de águas bravas. O percurso atravessa uma zona de grande biodiversidade de plantas e animais, alguns em extinção na Europa. Os Passadiços passam por geossítios (locais de interesse geológico) importantes como a Cascata das Aguieiras ou a Garganta do Paiva, onde as íngremes paredes rochosas servem de abrigo a inúmeras aves de rapina. Os Passadiços do Paiva estendem-se entre as praias fluviais do Areinho e de Espiunca e, sensivelmente a meio, encontra-se a praia do Vau, por isso o calor (e nesta região faz muito calor nesta altura do ano…) não serve de desculpa para não ir aos Passadiços, já que praias para refrescar não faltam…


Passadiços do Paiva, Rio Paiva
Os Passadiços seguem lado a lado com o rio Paiva

Os Passadiços do Paiva foram inaugurados em Junho de 2015 mas, logo em Setembro, seriam encerrados temporariamente devido a um incêndio florestal que destruiu uma parte do seu percurso. Neste curto espaço de tempo os Passadiços foram visitados por mais de 200 mil pessoas. Recordo-me da minha primeira ida aos Passadiços e, devido a grande afluência de pessoas, comparar com uma ida ao shopping a um domingo à tarde – mais ou menos o que se passa actualmente em Sistelo, aos fins de semana. A infra-estrutura foi reaberta em Fevereiro de 2016 com condições melhoradas e com uma nova escadaria com perto de 200 metros de altura, tendo sido eliminado um troço em terra que atravessava um eucaliptal. A entrada passou a ser paga e a marcação realizada através da internet. Foi deixado um troço do percurso, com perto de quilómetro e meio, de acesso livre (que ainda hoje se mantém) e o limite diário de visitantes passou a ser de 3.500. Em Agosto de 2016, os Passadiços voltam a ser consumidos pelas chamas. Um incêndio de grandes proporções que destruiu uma dimensão considerável do território florestal de Arouca provoca, de novo, o encerramento temporário dos Passadiços que só seriam reabertos, em pleno, em Abril do ano seguinte. Ainda em 2016, os Passadiços do Paiva são distinguidos nos World Travel Awards, como o projecto mais inovador.

Com a recuperação e a reabertura em 2017, os Passadiços são premiados com o Prémio Nacional de Arquitectura em Madeira e conquistam novamente os World Travel Awards.

2018 seria o ano de lançamento da nova ponte 516 Arouca, apontada como sendo a maior ponte pedonal suspensa do Mundo e os Passadiços do Paiva vencem, novamente, os World Travel Awards. Distinção que voltaria a ser conquistada no ano seguinte pela quarta vez.

Em Maio de 2021 era aberta ao público a Ponte 516 Arouca, assim chamada devido ao seu comprimento, 516 metros.


Passadiços do Paiva
Os Passadiços do Paiva venceram os World Travel Awards quatros anos consecutivos
Passadiços do Paiva
A imagem dos Passadiços, as suas longas escadarias

Desta vez fiz a travessia acompanhado pelo meu filho e com um amigo de longa data, também dado a este tipo de aventuras. Decidimos levar dois carros, para deixar um em cada extremidade do percurso e fazer os Passadiços no sentido Areinho-Espiunca, já que tínhamos hora marcada para a travessia da ponte e esta se situar mais próximo do Areinho. Para quem nunca fez, e está a pensar fazer os Passadiços do Paiva, recomendo que leia as minhas recomendações, no final deste texto, sobre onde começar e qual sentido a escolher.

Com cerca de duas semanas de antecedência fizemos a marcação para a travessia da ponte para as 17h00 com a ideia de fazer os Passadiços a seguir.

Chegámos ao Areinho cerca das 16h00 e, apesar de estar calor e nos apetecer dar um mergulho na praia fluvial, começamos a caminhar em direcção à Ponte 516 Arouca. São cerca de 1.500 metros (de acesso gratuito) até ao “desvio” que nos leva até à maior ponte pedonal suspensa do Mundo. Antes ainda, há que atravessar a estrada regional 326-1 mesmo junto à entrada da ponte de Alvarenga, uma bonita e elegante construção em cantaria datada do século XVIII. A ponte de Alvarenga tem 42 metros de comprimento e é composta por dois arcos. “Perca” um bocadinho de tempo e vá até ao meio da ponte, faça umas fotos pois o local é bastante fotogénico. Agora que está no meio da ponte, repare nesta curiosidade: de um lado temos o rio Paiva num vale amplo e desafogado (para o lado do Areinho) e, do outro, temos o rio perfeitamente encaixado entre íngremes paredes graníticas. É aqui que começa a Garganta do Paiva.

Agora que tirou umas fotos e descansou um pouco, há que vencer o desnível de quase 200 metros através de uma longa escadaria com cerca de 850 degraus… Comece devagar, poupe o folgo e as pernas, pois vai precisar…

Depois de subida a escadaria (interminável, para alguns), estávamos no pórtico de acesso à Ponte 516 Arouca e havia algum tempo para recuperar as energias até às 17h00.


Ponte 516 Arouca, Passadiços do Paiva
Ponte 516 Arouca, uma obra bonita e elegante que marca a paisagem

A ponte cruza o rio Paiva 175 metros acima das suas águas, mesmo ao lado da Cascata das Aguieiras. A travessia proporciona excelentes vistas em todo o redor, para a Cascata e para a Garganta do Paiva (ambos geossítios da UNESCO). A ponte, começada a construir em 2018, é inspirada nas antigas pontes Incas da América do Sul, que atravessavam os vales das montanhas dos Andes. A ponte, com 1,20 metros de largura, é suportada por duas estruturas de betão com 35 metros de altura e 32 de largura e por mais de 250 cabos de aço. O seu tabuleiro é constituído por 127 peças de gradil metálico que, para além de ser permeável ao vento, permite ter uma visão sob os pés de quem a atravessa.

A nova ponte tem ligação directa aos Passadiços do Paiva. No entanto, caso não pretenda cruzar a ponte e fazer os Passadiços, saiba que pode optar por fazer os Passadiços sem atravessar a ponte, ou atravessar a ponte sem percorrer os Passadiços. Quem só pretender atravessar a ponte, tem um acesso aberto pelo meio dos eucaliptos, devendo neste caso deixar o carro no parque de estacionamento existente antes da praia do Areinho ou, em opção, deixar o carro do lado de Alvarenga a cerca de mil metros da ponte, também com local de estacionamento dedicado.

A expectativa para a travessia da ponte era alta em todos os elementos do grupo que se foi formando (cerca de 30 pessoas), entre curiosos, caminhantes e alguns turistas nacionais e estrangeiros. A travessia da ponte é sempre acompanhada por um guia que, no nosso caso foi muito simpático e prestável nas explicações que lhe foram sendo solicitadas. Antes de iniciar a travessia, são transmitidos alguns procedimentos de segurança e diversa informação sobre a estrutura e sua construção. Já do outro lado, foi-nos dada mais alguma informação sobre a ponte, os passadiços, a zona envolvente do Arouca Geopark, bem como sobre a fauna e a flora e as diversas espécies a preservar. Uma conversa interessante e quase informal, já que havia um diálogo muito interessante entre guia e visitantes. Eu ainda tive oportunidade de estar à conversa com o nosso guia e de ver algumas fotos que ele havia feito durante a manhã debaixo de um imenso nevoeiro.


Ponte 516 Arouca, Passadiços do Paiva
Um dos pórticos de entrada para a Ponte 516 Arouca

Assim que nos vamos aproximando da ponte, a sua envergadura impressiona, tanto pelo seu comprimento como pela altura a que está acima do leito do rio. Não deixa de ser uma obra bonita e elegante que marca a paisagem. É a imponência da engenharia dos Homens em contraste com a grandiosidade e a beleza ímpar construída pela Natureza. Há uma emoção que se apodera de nós: um misto de inquietação e de desejo de aventura, afinal vamos atravessar a ponte pedonal mais alta do nosso país.


Ponte 516 Arouca, Passadiços do Paiva
A travessia da Ponte 516 Arouca

A minha expectativa pessoal em relação à travessia da Ponte 516 Arouca estava muito alta... quase tão alta como a própria ponte. A grande dúvida era a sensação da altura (175 metros acima da água, o nosso guia informou-nos que corresponde a estar em cima de um prédio de 55 andares...) e, o quanto a ponte abanaria.

Com o início da travessia, os primeiros passos em cima do gradil de ferro são “diferentes”. Foi como se flutuasse por cima do imenso vale. Mas depressa me fui adaptando e apercebendo que a ponte (praticamente) não abana. O balanço é quase imperceptível. Como parte um grupo de cada lado, quando se dá o cruzamento dos dois grupos sente-se um ligeiro abanar, mas uma coisa mínima, sem causar qualquer interferência com a nossa deslocação. Só para uma comparação in loco, um pouco mais à frente, junto à praia do Vau, existe uma pequena ponte suspensa que abana muito mais do que a 516 Arouca.

Em relação à altura, confesso que no início mantive o olhar na linha do horizonte mas, rapidamente comecei a olhar para baixo sem qualquer problema. Aparentemente, esta altura não me afecta. Penso que o facto de estarmos num horizonte aberto e amplo, sem elementos muito perto, reduz a noção de escala.

Por baixo dos nossos pés o Paiva parece ter-se transformado num pequeno ribeiro que se contorce e “pede licença” enquanto de esgueira por entre as rochas e, mesmo ali ao nosso lado, a imponência da Cascata das Aguieiras absorve-nos quase por completo a atenção. As águas da ribeira caem, escarpa abaixo, cerca de 160 metros. Um bonito espectáculo que a mãe-natureza nos reservou para assistirmos de um local privilegiado.

Finda a travessia da nova ponte 516 Arouca, era altura de seguir em frente e percorrer os cerca de 7.000 metros de Passadiço que ainda faltavam. Começamos em direcção ao miradouro de onde se observa a Cascata das Aguieiras, agora com outra perspectiva. Admirada a beleza da Cascata era altura ultrapassar outra grande escadaria. Novamente um desnível de mais de 150 metros que é preciso vencer. Desta feita, a descer. E como a descer todos os santos ajudam, a descida fez-se relativamente fácil e seguimos, caminho fora, em direcção à praia do Vau.

Ao longo dos Passadiços existem telefones de SOS (como os das auto-estradas) e placas informativas sobre aspectos geológicos, informação sobre a flora e espécies animais existentes. Uma verdadeira aula sobre Natureza ao ar livre. Para os mais interessados por estes aspectos, existe a possibilidade de fazer a marcação (atempada) de visitas interpretadas com um guia. Para tal deve contactar o Arouca Geopark ou as empresas da especialidade.


Ponte 516 Arouca, Passadiços do Paiva
A beleza do rio Paiva junto à praia do Vau

Chegados à praia do Vau, sensivelmente a meio do percurso, era tempo de refrescar nas águas do rio Paiva. Após umas braçadas e uns bons mergulhos, era altura de secar os pés e seguir viagem, afinal ainda nos faltavam fazer cerca de quatro quilómetros.

O restante caminho faz-se bem, sem grandes desníveis, pelo que a progressão foi rápida apesar do cansaço já existente nas pernas. Aqui e ali, grupos de cabras saúdam-nos à nossa passagem enquanto nos deixamos envolver com tanta Natureza em estado puro.

Ao longo de todo o percurso há uma harmonia quase perfeita entre nós, pequenos humanos, a grandiosidade da serra e a enorme força do rio. Há aqui uma mistura de sentidos que nos embriaga. Somos embalados pelo som do correr das águas do Paiva e pelo cantar dos pássaros, ficamos aturdidos pelos aromas da imensa flora existente e os nossos olhos esbugalham-se perante tamanha beleza. Assim vale a pena!


Ponte 516 Arouca, Passadiços do Paiva
Ponte 516 Arouca, 175 metros acima das águas do rio Paiva

O final dos Passadiços faz-se na estrada M505, junto à ponte de Espiunca e à sua praia fluvial, onde existe um bar (que já estava fechado) para retemperar forças. Do outro lado da ponte fica a interessante Falha de Espiunca, geossítio de grande valor educativo, onde é possível observar os diversos elementos que caracterizam as falhas geológicas.

Como o percurso é linear, para o caso de não querer regressar pelo mesmo caminho, existe um “serviço de transfer” para o ponto de partida. O serviço de táxi, sempre disponível em qualquer um dos términos dos Passadiços, custa entre 15,00€ e 18,00€, conforme seja dia de semana ou fim-de-semana. Nós tínhamos o carro à nossa espera.

Para quem aprecia uma boa refeição e para repor energias, proponho que siga até Alvarenga (a cerca de sete quilómetros) e que experimente a carne arouquesa servida em quase todos os restaurantes da vila. A nossa opção foi ir comer um bife ao restaurante Zé Mota. Um belo e delicioso naco de carne com dois dedos de altura que ajudou a repor as calorias gastas ao longo da tarde.

Deixem-me só acrescentar que fizemos os Passadiços numa quarta-feira de tarde, em pleno mês de férias e, excluindo a travessia da ponte suspensa, não encontrámos mais do que uma dúzia de pessoas ao longo de todo o trajecto.

Os Passadiços do Paiva são um percurso grandioso pela sua deslumbrante paisagem, pelo contacto com a natureza, (e pela escadaria…), agora enriquecido pela nova Ponte 516 Arouca. Os amantes das caminhadas no meio da natureza certamente não sairão daqui desiludidos e ficarão com excelentes recordações de uma aventura diferente e marcante. Quanto a mim, seguramente, voltarei um dia.



Guia prático Passadiços do Paiva e Ponte 516 Arouca

Concelho: Arouca.

Ponto de partida: Espiunca ou Areinho.

Percurso: linear, entre a praia do Areinho e Espiunca. Pode optar por fazer Ponte e Passadiços, só a Ponte ou só os Passadiços.

Distância: Ponte 516 Arouca, aproximadamente um quilómetro (ida e volta); Passadiços do Paiva, 8,7 quilómetros.

Piso: Quase sempre em passadiço de madeira, inclui troços com alguns degraus e duas zonas de escadaria (cerca de 850 degraus a subir e, depois, praticamente, outros tantos a descer). Existem alguns pedaços em terra batida.

Tempo: Se pretender fazer ida e volta, recomendo um dia completo, se fizer só um sentido, conte com cerca de 3h30 de caminhada (travessia da ponte incluída); se optar por dar um mergulho numa das praias fluviais, aumente para as quatro horas.

Nível de dificuldade: Difícil (devido à escadaria para vencer o desnível de quase 200 metros).

Não é permitido fumar.

Existem parques de estacionamento nas duas extremidades dos passadiços (em Espiunca e no Areinho), onde existem também cafés para reabastecer de água fresca. Estes cafés também servem refeições rápidas.

Passagem pelos Geossítios: Garganta do Paiva (G36); Cascata das Aguieiras (G35); Praia Fluvial do Vau (G30); Gola do Salto (G31) e Falha de Espiunca (G32).

Bilhetes: Necessário adquirir bilhetes antecipadamente através da internet. A travessia da Ponte 516 Arouca tem horários específicos. O bilhete da Ponte dá acesso aos Passadiços.

Preços: Ponte 516 Arouca: 12,00€ (com acesso aos Passadiços); Passadiços do Paiva: 2,00€

Coordenadas:

Espiunca: N 40°59.57256’ W 8°12.6879’

Areinho: N 40°57.1758’ W 8°10.61766’


Recomendações:

Tenha sempre em atenção o seu estado físico. Tente informar-se com antecedência do estado dos Passadiços. Sempre que possível, não vá sozinho. Avise sempre um familiar ou um amigo para onde vai. Principalmente de Inverno, tome atenção às horas para não ter que caminhar no escuro (leve sempre uma lanterna). Siga sempre a sinalética existente. Não se afaste do percurso estipulado. Não deixe lixo e, se vir algum, tente levá-lo consigo sempre que possível. Respeite a natureza, relaxe e desfrute, vai ver que não há melhor actividade física.

- Se pretender fazer os Passadiços do Paiva nos dois sentidos, recomendo que parta de Espiunca, pois assim vai encontrar a escadaria sensivelmente a meio o percurso. Se optar por fazer apenas num sentido, sugiro que comece na Praia do Areinho, assim faz a parte mais difícil no início do percurso, enquanto as pernas estão frescas;

- A melhor hora para fazer os Passadiços do Paiva é de manhã cedo por causa do calor;

- Embora existam muitas zonas com sombra ao longo do percurso, recomenda-se o uso de protector solar pois, em dias de calor, a região é bastante quente e abafada;

- Convém levar muita água e algumas barras energéticas;

- Use roupas leves e confortáveis de acordo com a estação do ano, e calçado confortável.


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