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Foto do escritorJoão Pais

Trilho: PR7 de Arouca

Atualizado: 13 de abr. de 2021



Quem me conhece, sabe que este é um dos meus refúgios preferidos. É a caminhar no meio da Serra da Freita que eu “me encontro”.

A Serra da Freita (no concelho de Arouca) constitui com as serras da Arada e do Arestal, o maciço da Gralheira. Com picos que ultrapassam os 1.000 metros de altitude, a Serra da Freita é dominantemente coberta por um manto de plantas rasteiras – as mais comuns são as urzes, giestas, tojos e a carqueja. Estas plantas conferem à serra um colorido muito característico logo a seguir à Primavera.

O percurso “Nas Escarpas da Mizarela” é um dos mais belos e também dos mais duros que eu fiz. O seu traçado permite-nos ver e passar por alguns dos mais bonitos locais da Serra da Freita: a Frecha da Mizarela, a queda de água da ribeira de Castanheira e as aldeias de Ribeira e Mizarela. Este percurso é bastante duro e requer alguma preparação física, pois possui grandes desníveis com muitas subidas e descidas com forte inclinação, com alguns “obstáculos” naturais para ultrapassar, como rochas e um ou outro tronco de árvore. Não é aconselhável a pessoas com vertigens.

Este PR7 tem início junto ao parque de campismo de Merujal, na estrada municipal M511. Embora também se possa começar o percurso junto ao miradouro da Frecha da Mizarela ou, mais acima, depois da aldeia, já perto da praia fluvial de Albergaria da Serra (na estrada municipal M621), não o recomendo devido ao estacionamento e à parte do percurso que é comum na ida e no regresso.

Junto ao parque de campismo atravessa-se um pequeno parque de lazer, por entre algumas árvores, através de um caminho no início e, depois, já a chegar à aldeia da Mizarela, numa via empedrada. Pelo meio, atravessamos um pequeno curso de água. Por aqui poderá encontrar alguns animais a pastar.

Ao chegar à estrada de alcatrão, viramos à direita em direcção ao miradouro da Frecha da Mizarela. Aqui poderá admirar a magnífica vista sobre a maior queda de água da Península Ibérica. Aqui, o rio Caima despenha-se de uma altura de mais de 60 metros. É o momento de tirar umas fotos!


Panorâmica do Miradouro da Frecha da Mizarela

O percurso prossegue descendo a inclinada estrada que dá acesso à aldeia de Ribeira. No entanto, cerca de 300 metros abaixo há que seguir por um caminho à esquerda. É aqui que começa a parte dura do percurso e que se há-se manter durante uns bons quilómetros, com imensas subidas e descidas, algumas com grande desnível.

Seguimos o caminho que serpenteia por entre carvalhos, aqui e ali com magníficas vistas sobre a Frecha da Mizarela. Aproveite e faça mais umas fotos! Sensivelmente a meio da encosta, o trilho há-de “virar” à direita com sinalização numa árvore. Especial atenção a este ponto, pois muita gente, distraída com a beleza da paisagem e das vistas para a cascata não dá pela sinalização e segue em frente, encosta abaixo.

No entanto, se se sentir com coragem (e preparação física), pode optar por seguir em frente e descer até à base da queda de água da Mizarela e, quem sabe, tomar um banho nas águas do Caima. Há que ter em conta que, depois, tem que voltar para trás, para “apanhar” novamente o trilho. Mas garanto que a beleza do local e o som da água a bater nas rochas compensam o esforço. Conte com uma hora ade caminho se optar por este desvio.

Voltando ao trilho, que há-de “tocar” a estrada que serpenteia encosta abaixo, seguimos caminho, carreiro abaixo, carreiro acima, até ao lugar de Ribeira seguindo o traçado do rio. Também aqui poderá encontrar um local para tomar um banho nas águas transparentes do Caima.


O pequeno lugar de Ribeira e a sua ponte

O lugar de Ribeira é um pequeno aglomerado de casas, com alguns pequenos terrenos em socalcos ainda cultivados. Apesar dos terrenos cultivados, não creio que ainda viva aqui alguém. Podemos ainda observar alguns velhos moinhos de água e a pequena ponte. É altura de tirar mais umas fotos!

É preciso atravessar o rio para a outra margem na pequena e frágil ponte – existe mesmo um aviso a alertar para o número máximo de pessoas permitido sobre a ponte. Daqui para a frente é sempre a subir. É altura de começar a subir serra acima. Durante a subida, num pequeno trecho do trilho, irá encontrar umas correntes para ajudar na progressão e segurança. É sempre a subir até atingirmos a bonita cascata da ribeira de Castanheira e da sua ponte de madeira. É momento para retemperar forças, admirar a paisagem e fazer mais umas fotos!


Ponte da ribeira de Castanheira, junto à queda de água

Continuamos a subir pelas escarpas da Freita, aqui e acolá com magníficas vistas com paisagens de cortar a respiração. Mais à frente, passamos pelo ribeiro de Cabeços e continuamos a trilhar a serra. Voltaremos a encontrar correntes cravadas na rocha para auxílio num ponto onde o trilho é mais estreito. O percurso continua sinuoso, com sucessivas subidas e descidas até atingirmos um planalto e, mais à frente, a estrada de asfalto. Aqui, no planalto, também poderá encontrar animais a pastar, nomeadamente vacas de raça arouquesa e cavalos. O percurso segue pela esquerda, estrada fora, até à aldeia da Mizarela.


Serra da Freita

Mizarela é uma pequena aldeia no cimo da serra, onde para além da Frecha com o seu nome, tem paisagens e vistas de grande beleza. Atravessamos a aldeia – aproveite o café na beira da estrada para comprar água fresca, e um pouco mais à frente do café, e do recente Hotel Rural da Freita, viramos à direita em direcção ao parque de campismo pelo mesmo caminho que fizemos para cá.


PR7 de Arouca

Nas Escarpas da Mizarela

Trilho circular de aproximadamente 8.000 metros (penso que tem mais

qualquer coisa). Este trilho pode-se fazer todo o ano, embora no Inverno

seja preciso ter algum cuidado porque na Serra da Freita atingem-se

temperaturas muito baixas, podendo haver formação de gelo e mesmo,

ocasionalmente, queda de neve, tornando o piso muito escorregadio e

perigoso. No Verão, é muito quente, pelo que é recomendável levar uma

reserva extra de água.

Ponto de partida / chegada: Parque de Campismo de Merujal.

Duração: cerca de 3h30.

Altitude máxima: 960 metros

Altitude mínima: 650 metros

Grau de dificuldade: Alto (4 numa escala 0-5)



Recomendações (de quem já apanhou alguns sustos por não seguir estas recomendações):

Tenha sempre em atenção o seu estado físico, lembre-se que em grande parte dos trilhos não existe rede de telemóvel nem internet. Tente informar-se com antecedência do estado do trilho. Sempre que possível, não vá sozinho. Avise sempre um familiar ou um amigo do trilho que vai fazer. Principalmente de Inverno, tome atenção às horas para não ter que caminhar no escuro (eu levo sempre uma lanterna!!!). Siga sempre a sinalética existente. Não se afaste dos trilhos marcados, não tente caminhos alternativos (o trilho que está marcado é sempre a melhor opção). Não deixe lixo e, se vir algum, tente levá-lo consigo sempre que possível. Respeite a natureza, relaxe e desfrute, vai ver que não há melhor actividade física.

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