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  • Foto do escritorJoão Pais

Passadiços do Mondego: A beleza natural

Atualizado: 1 de mai. de 2023



Os Passadiços do Mondego são a mais recente atracção da região da Guarda. Inseridos em território reconhecido pela UNESCO como Estrela Geopark, os Passadiços do Mondego têm cerca de 12 quilómetros de comprimento e serpenteiam a bonita paisagem da serra da Estrela e o vale do Mondego, entre a barragem do Caldeirão e a aldeia de Videmonte, bem no interior do Parque Natural da Serra da Estrela.

Em Novembro passado, Linha de Terra havia anunciado a abertura oficial dos Passadiços e tinha ficado a promessa de uma visita para breve. Devido ao tempo de viagem para lá chegar (duas horas para cada lado), optei por esperar que os dias começassem a crescer para melhor usufruir desta magnífica paisagem e ainda conhecer as aldeias nas imediações dos Passadiços. Assim, além dos Passadiços (que fiz ida e volta), fui visitar as aldeias de Videmonte, Trinta, Vila Soeiro, Pero Soares e Mizarela.

Por questões logísticas optei por começar os Passadiços do Mondego na barragem do Caldeirão por ficar (ligeiramente) mais perto de e por ter melhores acessos (quase sempre por auto-estrada).

Passadiços do Mondego
Passadiços do Mondego

O percurso dos Passadiços aproveita cerca de cinco quilómetros de caminhos em terra batida já existentes na encosta da serra e foram construídos sete quilómetros em passadiços de madeira (quase) sempre tendo o Mondego como companhia. A estrutura criada é uma longa varanda com vista para o rio e para a serra e pretende proporcionar ao visitante a descoberta desta bela paisagem, do património ambiental único do vale do Mondego e do Parque Natural da serra da Estrela, do antigo património industrial ligado aos lanifícios, bem como a descoberta das aldeias em seu redor. Foi isso que fui descobrir.

Com uma das suas extremidades na barragem do Caldeirão, o percurso dos Passadiços acompanha a ribeira do Caldeirão, para depois seguir pelas margens Mondego – ora esquerda, ora direita, pois ao longo do percurso vamos atravessar o rio várias vezes –, estendendo-se por um magnífico vale ao longo das localidades de Pero Soares, Mizarela, Vila Soeiro, Trinta e terminando, já na montanha, junto à aldeia de Videmonte. Pelo caminho podemos observar as encostas das serra da Estrela, o rio Mondego, açudes, levadas, moinhos, antigas fábricas de lanifícios, centrais de produção de eletricidade, pontes suspensas e algumas cascatas.

Passadiços do Mondego
Passadiços do Mondego

Não vou aqui questionar a necessidade e o custo da construção dos Passadiços – tema já muito debatido –, uns justificam-se devido ao isolamento e dificuldades do terreno, outros nem por isso, porque já existiam alternativas e acessos. Mas já se sabe que quando há muitas cabeças, existem muitas sentenças. Não se pode agradar a gregos e a troianos. O que eu considero, é que existem lugares de grande beleza e que merecem ser conhecidos e desfrutados. Aquilo que é necessário, é haver consciência e sensibilidade para a importância, preservação e manutenção desses lugares e dos seus ecossistemas, e isso compete-nos a todos nós, meros visitantes desses espaços, e às entidades ambientais e responsáveis pelas infra-estruturas. Se todos contribuirmos, acredito que seja possível, na maior parte dos casos e mediante condições controladas, usufruir destas “pequenas maravilhas” que a Natureza nos proporciona. E o nosso país é um imenso tesouro de paisagens para descobrir.

Passadiços do Mondego, entrada de Vila Soeiro
Passadiços do Mondego, entrada de Vila Soeiro

Se atentarmos no desnível entre o plano de água da albufeira junto à barragem e ao leito da ribeira do Caldeirão, quase imperceptível, lá em baixo, dá para ter uma ideia do escadório que separa os dois pontos. Eu só senti essa diferença no regresso, já que no início as pernas estão frescas e, como é a descer, todos os Santos ajudam.

Embora exista uma outra entrada em Vila Soeiro, encurtando o trajecto, onde pode deixar o carro, e assim evitar o desnível da barragem do Caldeirão, optei por iniciar o percurso na barragem e assim desfrutar da paisagem da sua albufeira. A entrada nos Passadiços fica na extremidade do arco da barragem do Caldeirão. É aqui, após conferência do nosso bilhete previamente adquirido online, que começa esta magnífica aventura na Natureza.

Logo após a passagem pelo pórtico que assinala o início dos Passadiços há um pequeno desvio para a subida ao Miradouro do Mocho Real, um dos muitos geosítios do Estrela Geopark.


Vista do miradouro do Mocho Real
Vista do miradouro do Mocho Real

Miradouro do Mocho Real

O Miradouro do Mocho Real é uma pequena varanda, a 700 metros de altitude, num cabeço de rochas graníticas, que proporciona uma das mais extraordinárias vistas. Este Miradouro oferece-nos uma excelente vista para a barragem, para as aldeias de Vila Soeiro e Mizarela com os seus campos cultivados, mas os nossos olhos fogem para a serra da Estrela que se agiganta e para o profundo vale escarpado onde se precipitam, quase na vertical, as águas da ribeira do Caldeirão formando uma das mais belas cascatas de Portugal. Certamente valerá a pena a subida (e depois a descida) para apreciar as vistas e deixar-se envolver por esta bela paisagem.

Cascata do Caldeirão

Passadiços do Mondego: Cascata do Caldeirão
Passadiços do Mondego: Cascata do Caldeirão

O início dos Passadiços do Mondego começa com um pequeno pontão que acompanha o corpo da barragem e iniciamos a descida. Ainda antes de chegarmos ao fundo há um pequeno desvio que nos leva até à Cascata do Caldeirão – ao longo dos Passadiços vamos passar por mais cascatas, mas esta é a maior e a mais imponente, por isso vale a pena o desvio. É aqui, neste desvio, que o passadiço de madeira contorna o grosso bloco granítico e leva-nos até um miradouro mesmo de frente para a cascata do Caldeirão, onde as águas da ribeira se lançam quase na vertical de uma altura vertiginosa.

A Cascata da Ribeira do Caldeirão, também conhecida por Cascata Rosa, é uma queda de água com cerca de 50 metros de altura, onde as águas se precipitam por entre escarpas íngremes e que são projectadas num poço (designado por “Caldeirão”) com cerca de 19 metros de profundidade e 20 de largura. Os tons rosados e alaranjados que podemos observar na rocha, devem-se à oxidação da pedra pela acção da água ao longo dos tempos. A formação desta “garganta” por onde corre a ribeira do Caldeirão é um processo de desgaste pela passagem da água que decorre há milhões de anos. Pela sua beleza, e pelas suas características, a Cascata do Caldeirão é um lugar magnífico que vale a pena ser visitado.

Ao fundo da escadaria, há mais um pequeno desvio que nos leva até à margem da ribeira para observarmos os Poços do Caldeirão.

O Mondego na ponte da Mizarela
O Mondego na ponte da Mizarela

Ponte da Mizarela

Seguimos agora por um troço em estrada – o único dos 12 quilómetros – que, continuando a descer, passa pelas imediações da aldeia de Pero Soares e pela sua Calçada Romana. É necessário atravessar a ponte da Mizarela que, embora vá buscar o seu nome à aldeia vizinha, encontra-se em território de Pero Soares. Este é o nosso primeiro contacto com o rio Mondego, nosso “companheiro de viagem” daqui em diante. A bonita ponte de granito, que cruza o Mondego, é uma construção medieval do século XVIII que, segundo se julga, terá substituído uma anterior travessia de origem romana. Dispense alguns minutos a apreciar a maravilhosa paisagem do Mondego com os seus vistosos blocos de granito que parecem erguerem-se das águas. Aqui e ali, encontrará um local propício para ir a banhos, mas há que ter em atenção a força da corrente que, por esta altura, é bastante forte.

À saída da ponte encontra um café com esplanada para uma bebida reconfortante. Aproveite para abastecer-se de água, não vai haver muito onde o fazer. Agora é necessário virar à esquerda e seguir pela estrada que dá acesso a Vila Soeiro para, mais acima, sairmos pela esquerda e descer em direcção a mais uma ponte – do Cabo do Mundo, para logo a seguir encontrarmos os Poços do Mondego e as ruínas da Fábrica Nova.

Passadiços do Mondego: Fábrica Nova
Passadiços do Mondego: Fábrica Nova

Antigo património industrial

Ao longo das margens do Mondego vamos passar por um importante registo do antigo património industrial dedicado aos lanifícios, outrora poderoso pólo de actividade e de desenvolvimento de toda a região. A Fábrica Nova laborou aqui entre 1935 e 1965, dedicando-se à fiação e cardação de lã.

Seguindo em frente vamos chegar à entrada alternativa de Vila Soeiro, onde se inicia um trajecto em passadiço de madeira. Antes de “entrar no passadiço” vá até à margem do rio onde vai encontrar um lugar muito prazeroso, onde pode “fazer praia” e onde está o Baloiço do Pateiro.

Seguindo pelos passadiços, vamos até à Pissarra dos Corvos, para depois termos um troço em terra batida que nos há-de levar até às ruínas da Fábrica Velha para logo a seguir encontrarmos a Central Hidroeléctrica e a Levada do Pateiro.

As ruínas do antigo edifício da Fábrica Velha deixam adivinhar um complexo grande. Esta fábrica alimentava pequenas unidades fabris e destinava-se à tecelagem do Cobertor de Papa – cobertor tradicional português, de fabrico manual, característico da região da serra da Estrela, totalmente a partir de lã churra, extraída às ovelhas Churras Mondegueiras, uma raça autóctone da Beira Alta e, actualmente, em perigo de extinção.


Passadiços do Mondego
Passadiços do Mondego

A Central Hidroeléctrica do Pateiro foi construída entre 1896 e 1898, tendo entrado em funcionamento a 1 de Janeiro de 1899. Esta foi a segunda central do país a entrar em funcionamento (a seguir à central do Biel, em Vila Real, em 1894). A central produzia electricidade através de um açude que desviava as águas do Mondego para uma levada, para formar uma queda de 45 metros que accionava as turbinas na Central do Pateiro.

No início do século XX, a cidade da Guarda era a terceira cidade do país e foi a primeira das beiras a estabelecer uma rede de iluminação eléctrica pública fornecida por uma central hídrica. Graças à Central do Pateiro, mais cinco concelhos do distrito da Guarda tiveram iluminação pública antes da implantação da República.

Houve ainda pequenas povoações que tiveram iluminação pública muito antes de grandes localidades ou cidades porque negociaram contrapartidas devido à passagem dos cabos eléctricos, conseguindo assim iluminação pública gratuita. Terá sido o exemplo da aldeia dos Trinta que, em troca dos terrenos para a construção da Central do Pateiro, conseguiu que a localidade tivesse energia eléctrica em 1912.


Passadiços do Mondego: as Escombreiras e Cascalheiras
Passadiços do Mondego: as Escombreiras e Cascalheiras

Beleza impar

Apesar de praticamente todo o percurso ter o seu encanto e beleza próprios, é junto à Levada do Pateiro que vamos encontrar um dos locais mais deslumbrantes e belos destes Passadiços. É aqui, no alto Mondego, que os Passadiços fazem uma espécie de semi-círculo, praticamente ao nível da copa das árvores, proporcionando uma visão fantástica sobre o vale, sobre a imensidão e a grandeza da serra e sobre todo este anfiteatro colorido com mil e uma tonalidades de verde a contrastar com o granito serrano. É obrigatório parar aqui e enchermos a alma com tamanha beleza, ouvir o cantar feliz dos pássaros e o som da água que corre lá em baixo no vale e da cascata que se despenha por entre o denso arvoredo. Passei aqui duas vezes (uma para cada lado), e das duas vezes fiquei arrebatado com a grandeza e com a beleza do local. É extasiante. É um mix de emoções que nos enchem os sentidos e a alma. Apetece aqui ficar e contemplar este magnífico anfiteatro para sempre... É também aqui que encontramos as Escombreiras e Cascalheiras do Mondego, reflexo da exploração mineira durante as décadas de 50 e 60 do século XX, nomeadamente de estanho e volfrâmio.


Passadiços do Mondego: Barragem do Pateiro
Passadiços do Mondego: Barragem do Pateiro

Apesar da beleza do local, é necessário prosseguir, continuar pelo passadiço de madeira e acompanhar a levada que nos vai conduzir até à Barragem do Pateiro e, mais à frente, às ruínas do antigo Engenho do Pateiro. Aqui, vamos encontrar uma pequena descida em terra batida que nos levará até à primeira ponte suspensa. Como os visitantes eram muitos nesta manhã, aqui houve um congestionamento considerável. Como só passam cinco pessoas de cada vez, seguindo as normas de segurança estabelecidas para estas três pontes suspensas, juntou-se aqui uma grande fila de pessoas para efectuar a travessia.

Do outro lado do Mondego espera-nos mais um troço em passadiço de madeira que acompanha o leito do rio, mesmo por baixo de um imponente maciço rochoso da serra da Estrela. Um pouco mais à frente vamos encontrar as ruínas do Engenho dos Fonsecas, construído no início do século XX. A sua produção destinava-se ao fornecimento de fio para a tecelagem de cobertores. Logo a seguir, chegamos à segunda ponte suspensa, esta um pouco mais pequena que a anterior. Por esta altura a vasta mole humana já se tinha dispersado e não houve grande espera para fazer a travessia.


Uma das três pontes suspensas existentes nos Passadiços do Mondego
Uma das três pontes suspensas existentes nos Passadiços do Mondego

Junto à Casa das Abelhas há um cercado com burros
Junto à Casa das Abelhas há um cercado com burros

Do outro lado da ponte vamos encontrar um espaço muito agradável com sombra, onde muita gente aproveita para descansar um pouco e recarregar energias com um piquenique. Aqui vamos iniciar mais uma parte do percurso em terra batida que, para mim, foi a mais penosa, pois tem uma descida e uma subida com grande inclinação. Antes da subida vamos passar pela Casa das Abelhas, um pequeno negócio, que para além de vender mel também tem água fresca. Aproveite para abastecer. Aqui encontra também um cercado onde estão dois bonitos burros. Aproveite para descansar, fazer umas festinhas nos animais e tirar umas fotos. Passada a subida, vamos passar pelo Engenho da Canada e pelo Engenho do Ribas. O Engenho da Canada, em ruínas, era um edifício grande, de dois pisos, que julga-se ser do século XIX. O Engenho do Ribas, construído no século XIX, terá funcionado até à década de 1960. O Engenho ainda é aproveitado pelo seu proprietário e notam-se as diversas construções que compunham o complexo fabril. De referir ainda a ponte que aqui existia, construída sobre pilares de granito ligados por carris de ferro que, por já não apresentar condições de segurança, foi alvo de uma intervenção, tendo agora um passadiço de madeira.


Passadiços do Mondego: Engenho do Ribas
Passadiços do Mondego: Engenho do Ribas

Continuando, caminho fora, vamos encontrar o Engenho Grande ou a Fábrica de Marrocos. O imponente edifício do qual já só restam as paredes, terá sido construído em 1850. Esta era uma fábrica “completa”, já que aqui era possível executar todas as operações relacionadas com o fabrico da lã, desde a recepção da matéria-prima até ao lançamento do produto final.

Continuando, caminho de terra fora, vamos chegar à terceira ponte suspensa, mesmo ao lado do Açude dos Trinta, onde a água do Mondego é desviada para a barragem do Caldeirão através de um túnel com uma extensão aproximadamente de 2500 metros. Iniciamos aqui aquela que será a parte final do percurso, daqui até ao seu fim, junto à aldeia de Videmonte, sempre em passadiço de madeira.


Passadiços do Mondego: Engenho dos Carriços
Passadiços do Mondego: Engenho dos Carriços

Vamos passar pelo Geossítio de Metassedimentos de Videmonte – um impressionante conjunto de rochas sedimentares, formadas no fundo de um antigo oceano, com idade superior a 541 milhões de anos – para logo a seguir, deixamos de acompanhar o Mondego. Vamos passar ainda pelos restos do imponente Engenho dos Carriços e pela bela Cascata do Ribeiro do Cabris, antes de começar a subida em direcção a Videmonte.

A subida da escadaria para Videmonte, pode parecer um pouco violenta depois de quase 12 quilómetros de caminhada mas, acreditem, é muito mais suave do que a escadaria da outra extremidade, junto à barragem do Caldeirão. A subida vai sendo feita gradualmente alternando lanços de escadas com pequenos percursos (mais ou menos) planos, o que dá para recuperar as pernas e o fôlego. Depois de iniciarmos a subida ainda vamos passar pela imponente Cascata do Ribeiro dos Moinhos, afluente do rio Mondego. Ao longo do ribeiro existem mais de uma dúzia de velhos moinhos em ruínas, dai o seu nome. Estes moinhos serviam para moer os cereais cultivados nos terrenos da aldeia, cultivo que ainda hoje se mantém.


Passadiços do Mondego: Chegada a Videmonte
Passadiços do Mondego: Chegada a Videmonte

O regresso

Para muitos a chegada ao topo da escadaria e à estrada que conduz a Videmonte é hora de retemperar forças, passear pelas ruas da aldeia e apanhar um táxi para regressar à barragem do Caldeirão. Para mim, era tempo de comer qualquer coisa, repor as calorias gastas, e fazer o caminho de regresso.

O percurso no regresso pareceu-me mais fácil e, apesar dos quilómetros acumulados nas pernas, mais rápido também – é verdade que havia muito menos gente, pois parece que a maioria das pessoas escolhe a parte da manhã para fazer os Passadiços do Mondego. Se olharmos para o mapa de altimetria do percurso, nota-se bem que no sentido barragem do Caldeirão-Videmonte o percurso é praticamente sempre a subir, se não contarmos com a descida da barragem. Já no sentido inverso, é sempre a descer embora a parte final, com a subida da barragem, o gráfico apresente um desnível muito acentuado.


Os Passadiços do Mondego acompanham o curso do rio
Os Passadiços do Mondego acompanham o curso do rio

O caminho de regresso fez-se “rápido” e praticamente sem companhia (o que foi bom para as fotos), com tempo para contemplar a beleza da paisagem e desfrutar da calma dos locais. O grande desafio estava guardado para o final. Efectivamente, após a ponte da Mizarela, ou seja, os últimos dois quilómetros aproximadamente, são uma prova de resistência às nossas pernas e ao nosso ritmo cardíaco. Depois de 24 quilómetros de caminhada encontramos uma subida acentuada (sensivelmente após a Calçada Romana de Pero Soares) que culmina numa imensa escadaria com 647 degraus, se eu não me enganei na contagem… A chegada (triunfal) ao tabuleiro da barragem do Caldeirão faz-se passados muitos minutos e algumas paragens, escadaria acima, para recuperar o fôlego.

É preciso vencer os 647 degraus da barragem do Caldeirão
É preciso vencer os 647 degraus da barragem do Caldeirão

Sem dúvida que os Passadiços do Mondego são uma obra grandiosa e imponente e um importante chamariz para a região. No entanto, cabe ao município guardar e preservar este maravilhoso mundo natural. É preciso preservar os ecossistemas e o habitat natural da fauna e da flora, manter o património industrial, tão importante que foi para a região, bem como apoiar o progresso sustentado das pequenas aldeias para que estas não fiquem sem habitantes.

Os Passadiços do Mondego são um excelente pretexto para uma viagem até à Guarda. Um excelente motivo para conhecermos a riqueza natural do rio e da serra. Um rio selvagem e a grandiosidade da serra. Ao longo do percurso podemos admirar as paisagens naturais únicas e imponentes do vale do Mondego e da serra da Estrela. Paisagens bucólicas e serenas que nos envolvem com a Natureza. Paisagens de cortar a respiração. No entanto, convém estar ciente de que são 12 quilómetros de caminhada, com um desnível acentuado. Convém estar em forma e habituado a estas andanças.

Após percorrer os Passadiços do Mondego fui visitar e conhecer as aldeias ali à volta. Fiz um pequeno percurso, já que as aldeias não são muito distantes entre si, entre Videmonte, aldeia dos Trinta, Pero Soares, Vila Soeiro e Mizarela.


Casario em Videmonte
Casario em Videmonte

Videmonte

Videmonte fica a cerca de 15 quilómetros da Guarda e é aqui que se encontra uma das extremidades dos Passadiços do Mondego. Esta foi a maior das cinco aldeias que visitei, com perto de 500 habitantes, e a que se situa mais alto, praticamente aos 1000 metros de altitude, sendo uma das mais altas freguesias do país.

Localizada em pleno coração da maior serra de Portugal continental, a aldeia de Videmonte está inserida no Parque Natural da Serra da Estrela e faz parte da rede de Aldeias de Montanha. É também na freguesia de Videmonte que se situa o ponto mais alto do concelho da Guarda, a Cabeça Alta, a 1287 metros de altitude.

Na aldeia são dignos de uma visita a igreja matriz de Videmonte, igreja de São João Baptista (século XVII), a capela de Santo António, a capela de Nossa Senhora de Lourdes e, já um pouco retirada do centro da aldeia, a capela de Santo Antão.

Igreja de São João Baptista, em Videmonte
Igreja de São João Baptista, em Videmonte

Na aldeia pode encontrar o queijo da serra, bom azeite, bons enchidos e o pão de centeio de Videmonte. No último fim de semana de Julho realiza-se o Festival do Pão Nosso, uma celebração do famoso pão de centeio cozido em fornos a lenha particulares e no forno comunitário da aldeia. O Festival junta música, teatro, ateliers, mostras etnográficas e a degustação das iguarias da terra.

A origem do topónimo Videmonte está associada a uma lenda. Reza a história contada pelos populares que, antigamente, havia duas povoações próximas uma da outra: Vide e Monte. Em Monte, morava um fidalgo que todos os domingos ia a Vide para assistir à missa. Num ano, durante o Verão, uma praga de formigas gigantes atacou a povoação de Vide, chegando mesmo a matar algumas crianças. Consta que o fidalgo acolheu os habitantes de Vide em Monte, onde vivia e, desta junção surgiu o nome Videmonte.

A arte de Miles, em Videmonte
A arte de Miles, em Videmonte

Num breve passeio pelas ruas da aldeia podemos encontrar as típicas casas beirãs, construídas com blocos de granito, perfeitamente integradas na paisagem que envolve a aldeia. Aliás, a aldeia está rodeada de belas paisagens naturais, mesmo a pedir um passeio e o contacto com a Natureza e com o ar puro da serra, como é o caso da bonita praia fluvial da Quinta da Taberna (a cerca de cinco quilómetros do centro da aldeia) – é um pouco afastado, mas vale a pena, pela paisagem, pela paz e sossego (fora da época balnear…) e pelo vale fresco onde se ouve o Mondego correr. Já agora, siga estrada fora, ate ao centro do pequeno lugar da Quinta da Taberna (são cerca de 800 metros). O lugar encontra-se praticamente despovoado e está localizado sobre um esporão rochoso com cerca 300 milhões de anos, e onde o Mondego corre num vale sinuoso e encaixado. Este é um dos geossítios do Estrela Geopark, que para além de contar com algumas das formações geológicas mais antigas da serra da Estrela, tem uma das áreas silvestres mais extensas do Parque Natural da Serra da Estrela e de enorme relevância histórica para a região, com menção no foral da Guarda (1199) e que já foi pouso de viajantes da época Romana.


Igreja de São Pedro, na aldeia dos Trinta
Igreja de São Pedro, na aldeia dos Trinta

Trinta

A aldeia dos Trinta foi uma das maiores e, talvez, mais prósperas que visitei (juntamente com Videmonte). Trinta tem mais de três centenas de habitantes e conta com diversos serviços e empresas.

A aldeia, situada na vertente norte da serra da Estrela, pertence à rede de Aldeias de Montanha – um conjunto de aldeias que se localizam entre o Parque Natural da Serra da Estrela e a Paisagem Protegida da Serra da Gardunha.

Apesar de hoje os tempos já não serem tão prósperos, a aldeia já foi um importante pólo da indústria de lanifícios, com sete fábricas a laborar. Trinta foi a primeira aldeia do distrito da Guarda a ter luz eléctrica, facto que demonstra bem a importância e o peso que a indústria teve nesta localidade e arredores. Hoje, ao que parece, apenas existe uma fábrica a laborar.

Numa volta (que não é muito pequena) pelas estreitas ruas da aldeia podemos encontrar muitas casas típicas de construção em pedra de granito, algumas com bonitos detalhes. De espreitar ainda a igreja paroquial, igreja de São Pedro, talvez do século XVII, onde se destacam na capela-mor um bonito tecto de madeira pintado e o altar-mor em talha dourada e policromada.

Não muito longe da igreja paroquial fica a capela de Nossa Senhora das Candeias, um templo do século XVIII. Na aldeia ainda pode visitar a capela do Espírito Santo (século XVII) e a capela da Senhora do Soito.

Já fora da aldeia, mas não muito longe, na povoação de Meios, pode visitar o museu da Tecelagem, instalado numa antiga fábrica dos tradicionais cobertores de papa.


Igreja de Santa Marinha, em Pero Soares
Igreja de Santa Marinha, em Pero Soares

Pero Soares

Pero Soares é uma das pequenas aldeias nas imediações do percurso dos Passadiços do Mondego que merece uma visita.

As suas gentes vivem maioritariamente da agricultura, ainda havendo um forno comunitário e, percorrendo as ruas da aldeia, ainda é possível observas algumas construções antigas em pedra. A aldeia, que tem cerca de 70 habitantes, é pequena e visita-se relativamente rápido havendo alguns pontos de interesse a visitar.

Capela do Espírito Santo, em Pero Soares
Capela do Espírito Santo, em Pero Soares

O pequeno povoado é atravessado por uma calçada romana com cerca de dois quilómetros que liga as ruínas da capela do Espírito Santo e as imediações da Ponte da Mizarela.

Os outros pontos a visitar em Pero Soares são as ruínas da Capela do Espírito Santo, uma construção do século XII – da qual apenas restam as paredes e um portão de ferro –, e a igreja paroquial, igreja de Santa Marinha. O templo actual terá sido construído entre os séculos XIV/XV mas, já em 1260, aparecia referenciada uma igreja no documento que dividia as paróquias entre o bispado da Guarda e o Cabido da Egitânea. O interior da igreja apresente um púlpito em pedra e o altar mor em talha branca e dourada. O bonito campanário que podemos ver do lado esquerdo, já é um acrescento do século XX.


Mizarela
Mizarela

Mizarela

Do outro lado do vale, mais ou menos em frente a Pero Soares, fica a aldeia da Mizarela. A aldeia, na margem esquerda do rio Mondego, estende-se na encosta de uma das vertentes da serra da Estrela.

Saindo de Pero Soares, seguindo a estrada municipal 556, atravessamos a ponte da Mizarela, uma construção medieval do século XVIII, em granito, com três arcos de volta perfeita e dois talhamares que a protegem das correntes do Mondego. Calcula-se que esta ponte tenha substituído uma outra romana, já que aqui confluem dois troços de calçada romana.

A origem da povoação é medieval, mas sabe-se que por aqui andaram os Romanos como comprovam os troços de calçada romana existentes na freguesia.

Actualmente, com cerca de 100 habitantes, a aldeia vai resistindo ao problema crónico que assola muitas povoações do interior do nosso país: a desertificação. A aldeia vive o problema do êxodo rural desde os anos 70 do século passado, com as famílias a partirem para França, Alemanha, Luxemburgo ou Estados Unidos e, internamente, a deslocarem-se para a Guarda e para Lisboa.

Ponte da Mizarela
Ponte da Mizarela

Mizarela é, essencialmente, uma aldeia agrícola. A abundância de água devido ao Mondego e às suas ribeiras, os solos férteis e o microclima do vale do Caldeirão, proporcionam um vasto leque de culturas hortícolas, cereais e árvores de fruto, destacando-se as cerejeiras e as oliveiras.

Num breve passeio pelas estreitas ruas da aldeia podemos encontrar alguns pontos de interesse, como as suas casas de pedra com as tradicionais varandas de madeira, mas aqui o que sobressai é a paisagem natural. A aldeia possui duas capelas, uma dedicada a Santo António na entrada da aldeia e, à saída, num ermo, outra em honra de São Gregório. Ainda podemos ver a Torre do Relógio e a igreja matriz, dedicada à Imaculada Conceição, de provável construção no século XIV.

A aldeia da Mizarela também é conhecida por “Aldeia do Melro” devido a uma lenda que está retratada num painel de azulejos na Junta de Freguesia. Conta a história que um agricultor andava pelos campos quando, a certa altura, vê um melro fugir do meio das árvores. Como as cerejas estavam amareladas, e como o pássaro tinha o bico amarelo, o agricultor pensou que o melro lhe estivesse a roubar uma cereja e desatou a correr no seu encalço empunhando uma espada de cortiça. Quando o pássaro parou em cima de um penedo de granito, o agricultor não pensou duas vezes, e atirou a espada ao pássaro. A pontaria não foi a melhor, tendo falhado o melro, mas com a sua fúria e determinação o impacto fez com que o penedo se abrisse e a espada tivesse ficado cravada na rocha.



Vila Soeiro
Vila Soeiro

Vila Soeiro

Vila Soeiro foi a mais pequena e a mais bela aldeia que visitei nesta passagem pelos Passadiços e pelas localidades à sua volta. Vila Soeiro é um daqueles lugares insuspeitos, no fim da estrada, onde chegamos e apaixonamo-nos de imediato. Uma aldeia acolhedora com gente bonita e simpática que nunca nos escusam uma “boa tarde” ou a dar indicações.

A pequena aldeia, que não tem mais do que meia-dúzia de pequenas ruas e uma vintena de habitantes, recebe-nos muito cuidada, com as suas tradicionais casas de pedra restauradas e bem conservadas. Vila Soeiro é um pequeno recanto rústico e único que nos aconchega o coração junto da imponência da grande montanha.

Vila Soeiro
Vila Soeiro

Outrora chamada de Vila Soeiro da Serra, a aldeia também é conhecida como o “Cabo do Mundo”. O nome virá da altura das Invasões Francesas, quando as tropas do marechal Massena, seguindo o Mondego em direcção à sua nascente, chegaram a Vila Soeiro e, se deparam com o fim do caminho. Não podendo prosseguir a cavalo devido à montanha envolvente, escreveram a Napoleão dizendo que tinham chegado ao “Cabo do Mundo”. A designação ficou até hoje.

Vila Soeiro não é propriamente no fim do mundo, nem é das aldeias mais isoladas – Mizarela fica a dois quilómetros e Pero Soares a menos de quatro… –, mas aqui há qualquer coisa de diferente: para além da beleza da aldeia e da sua envolvente, da magnífica paisagem, conseguimos um “isolamento” e um silêncio apaziguador que nos permite uma comunhão com esta ruralidade e com a Natureza que nos envolve. Aqui, parece que o tempo não passa e sentimo-nos “mais leves”, talvez seja do ar puro da montanha…

Igreja de Santa Ana, em Vila Soeiro
Igreja de Santa Ana, em Vila Soeiro

A aldeia, para além das suas casas de pedra, ainda tem para visitar a igreja paroquial e a capela de São Pedro de Verona. A igreja paroquial de Vila Soeiro, igreja de Santa Ana, é um templo também ele em pedra, de provável construção no século XIII. A capela de São Pedro de Verona, nas imediações da igreja paroquial, situa-se num outeiro com uma vista fantástica sobre o vale do Mondego. A pequena capela, do século XVI, possui no seu interior frescos representando São Francisco a receber os estigmas, o Calvário e a fuga para o Egipto. Estas pinturas estiveram escondidas por um conjunto retabular até 1998, altura em que a capela sofreu obras de recuperação e as pinturas foram postas a descoberto.


Rio Mondego, aqui ainda um rio selvagem
Rio Mondego, aqui ainda um rio selvagem

Rio Mondego

O Mondego é o maior rio inteiramente em território português e o quinto maior de Portugal. Nasce na serra da Estrela, numa fonte à beira da estrada, no sítio de Corgo das Mós, local também conhecido por Mondeguinho, em Mangualde da Serra, Gouveia. O rio Mondego tem um comprimento de 258 quilómetros e no seu percurso inicial atravessa a serra da Estrela para depois percorrer grande parte da região centro (Região das Beiras), desaguando no Atlântico, na Figueira da Foz.

Barragem do Caldeirão

A barragem do Caldeirão localiza-se no extremo nordeste do Parque Natural da Serra da Estrela, a pouco mais de seis quilómetros da cidade da Guarda.

A barragem está localizada num vale onde corre a ribeira do Caldeirão, afluente do Mondego. A barragem recebe ainda as águas de outras ribeiras como por exemplo da ribeira do Cubo (também conhecida por ribeira D’El Rei) ou da ribeira de Moçainhas. A barragem do Caldeirão recebe também as águas do rio Mondego, desviadas do Açude dos Trinta, através de um túnel com uma extensão aproximadamente de 2500 metros.

O projecto da sua construção foi feito em 1988 e a barragem foi inaugurada em 1993, tendo como objectivo o abastecimento de água ao concelho da Guarda e a produção de energia eléctrica. A estrutura da barragem é um arco de betão com 122 metros de comprimento e possui uma altura de 39 metros acima das fundações em xisto e granito.

A albufeira da barragem do Caldeirão, com uma extensão de quase quatro quilómetros, é uma das zonas balneares do concelho da Guarda com a sua praia fluvial. Nas margens da albufeira e das ribeiras que nela desaguam, há diversa vegetação aquática e ribeirinha sendo uma zona propícia à observação de aves. Um local com uma bela paisagem que merece uma visita.


Serra da Estrela
Serra da Estrela

Estrela Geopark

O Estrela Geopark engloba território de nove municípios em torno da serra da Estrela (Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia). Com uma área superior a 2200 quilómetros quadrados e o seu território faz parte dos Geoparks Mundiais da UNESCO. A Estrela é muito mais do que uma mera montanha. A sua diversidade geográfica, climatérica e ambiental, juntamente com o seu povoamento, originaram diferentes ecossistemas e um notável património natural e cultural. Que importa preservar e dar a conhecer.

Lugar(es) onde a beleza natural se funde com a sua história milenar, o Estrela Geopark apresenta uma paisagem diversificada, resultado das sucessivas transformações geológicas e dos contrastes climáticos. Este é um território com ocupação humana desde o IV milénio a.C., desde o Neolítico, passando pela Idade do Bronze e, depois, pela ocupação romana que se manteve até ao início do século V, altura em que Suevos, Vândalos e Alanos aqui se instalam, pondo fim ao domínio Romano.

A história da relação entre as diferentes comunidades e a montanha é um legado ancestral que resultou na identidade das populações da Estrela, secularmente ligadas à pastorícia.


Informações para fazer os Passadiços do Mondego

Ainda antes de ir, é importante que adquira a sua entrada (1,00€ por pessoa; menores de 12 anos não pagam) através do site oficial: https://tickets.visiteguarda.pt/passadicosdomondego.

Passadiços do Mondego
Passadiços do Mondego

Percorrer os Passadiços do Mondego não é tarefa complicada, no entanto, é preciso contar com algumas dificuldades, a começar na distância: 12 quilómetros (o dobro, se optar por fazer nos dois sentidos). Qualquer que seja o sentido, vai encontrar uma subida e uma descida acentuada, no trajecto de terra batida entre a segunda ponte suspensa e a Fábrica de Marrocos. Em qualquer das extremidades do percurso existe uma escadaria grande, sendo a maior junto à Barragem do Caldeirão – vai ter que descer uma e subir a outra. Vai ter que atravessar três pontes suspensas (antes de perguntar: sim, abanam um bocadinho…).

O percurso é muito exposto ao sol, por isso deve evitar as horas de maior calor. Use protector solar e chapéu. Leve água consigo (e abasteça-se nos locais onde isso é possível: Ponte da Mizarela e Casa das Abelhas). Conte com, pelo menos, quatro horas para fazer o percurso (dependendo da sua forma física). Os Passadiços do Mondego podem ser visitados durante todo o ano, no entanto, considero que se devam evitar os dias mais quentes de Verão ou os dias de Inverno mais rigorosos. Praticamente todo o percurso é bastante exposto e não existem abrigos/zonas de descanso (que deveriam ser implementados para maior conforto do visitante). Existem casas de banho ao longo do percurso. Segundo o site oficial dos Passadiços, existe rede de telemóvel em grande parte do percurso.

Existem parques de estacionamento junto à Barragem do Caldeirão, junto à entrada de Vila Soeiro e em Videmonte. Segundo o Google Maps, para além da cidade da Guarda, só existem postos de combustível na aldeia dos Trinta (a 3,5 quilómetros de Videmonte e a sete da barragem do Caldeirão) e em Porto da Carne (a cerca de dez quilómetros da Barragem do Caldeirão, na N16, em direcção à A25).


Escolha o melhor sentido para percorrer os Passadiços do Mondego

Passadiços do Mondego
Passadiços do Mondego

A recomendação oficial para percorrer os Passadiços do Mondego sugere que se comece na Barragem do Caldeirão e se termine em Videmonte. Visto que as escadas são nas duas extremidades do percurso, e a escadaria da barragem é (muito) mais “puxada”, parece-me a opção mais lógica para quem faz só um sentido. No entanto, o percurso inverso é praticamente sempre a descer, até à grande subida final…

Para quem quiser evitar subir escadas, existe a opção de começar em Videmonte, descer a escadaria, fazer quase todos o percurso a descer e terminar na saída intermédia de Vila Soeiro, não fazendo a (grande) subida final – são menos três quilómetros, mais coisa menos coisa.

Sentido Barragem do Caldeirão - Videmonte

Começa por descer a grande escadaria junto à Barragem e é sempre a descer até à ponte da Mizarela, depois é quase sempre a subir. No final, terá ainda que subir a escadaria de Videmonte (bastante mais fácil que a da barragem). Sentido Videmonte - Barragem do Caldeirão

Começa por descer a escadaria de Videmonte e, até à ponte da Mizarela, é quase sempre a descer. Na “recta” final, depois da ponte, tem uma subida acentuada que culmina na grande escadaria da barragem com mais de 600 degraus.

Como regressar ao ponto de partida

Como o percurso é linear, convém saber como regressar ao ponto de partida caso não pretenda fazer os Passadiços do Mondego nos dois sentidos. Para já, não existe serviço de transfer entre as entradas do percurso (é provável que, no futuro, isso possa vir a acontecer), pelo que a alternativa é regressar de táxi. Pareceu-me haver (quase) sempre táxis disponíveis no final do percurso, no entanto, no site oficial dos Passadiços encontram-se vários contactos telefónicos para os táxis da região e os vigilantes também estão disponíveis para fornecer uma lista de contactos, bem como outro tipo de informações sobre os Passadiços – o pessoal em serviço demonstrou-se bastante atencioso e prestável. O custo do táxi para o levar de regresso ao ponto de partida deve andar entre os 10 e os 12 euros. Se for sozinho, pode tentar partilhar um, o que sai bastante mais em conta.


Como chegar aos Passadiços do Mondego

Os Passadiços do Mondego situam-se a cerca de seis quilómetros da cidade da Guarda. Por isso, qualquer que seja a sua origem, deve “apontar agulhas” para a cidade mais alta do país. Tendo a cidade da Guarda como referência, depois é fácil chegar aos Passadiços do Mondego, quer junto à Barragem do Caldeirão, quer junto a Videmonte.


Recomendações para caminhar na Natureza

Antes de se meter a fazer uma caminhada ou outra actividade física, tenha sempre em atenção a sua forma física. Tente informar-se com antecedência do estado do terreno e estude o percurso. Acompanhe o estado do tempo para o local para onde vai durante os dias anteriores e confirme antes de sair de casa. Não se esqueça que na serra o tempo pode mudar de repente (vá prevenido). Use roupas e calçado adequado (de acordo com a estação do ano). Em dias de sol quente, use protector solar e leve água consigo. Caminhe sempre nos trilhos marcados, não só por causa do meio ambiente, mas também para sua protecção (o trajecto assinalado é sempre a melhor opção). Principalmente de Inverno, tome atenção às horas para não ter que caminhar no escuro (leve sempre uma lanterna). Sempre que possível, não vá sozinho, avise um familiar ou um amigo para onde vai. Não deixe lixo e, se vir algum, tente levá-lo consigo sempre que possível. Não acampe sem ser em locais próprios. Respeite os animais, eles estão no habitat deles, nós é que somos o intruso. Não faça barulho, respeite os locais e a natureza, relaxe e desfrute, vai ver que não há melhor actividade física.


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