A Idade Média (juntamente com a época dos Descobrimentos portugueses) terá sido dos períodos históricos mais interessantes da nossa história. A Idade Média foi uma época de conquistas, de afirmação da nossa identidade e altura de grandes construções. Foi um tempo dominado pelas ordens religiosas que proporcionam grande desenvolvimento arquitectónico, cultural e artístico.
Uma das construções mais marcantes da Idade Média são os castelos. O castelo, presente em todo o território nacional, é uma construção carregada de história e de significado. O castelo era uma construção de defesa do território e das populações, uma afirmação territorial, um marco e símbolo maior da conquista de um povo.
Um dos mais espectaculares castelos nacionais, é o castelo de Almourol, um dos exemplos mais representativos da arquitectura militar da altura dos Templários e um dos mais representativos da Reconquista Cristã. O castelo de Almourol está localizado numa pequena ilhota rochosa no meio do rio Tejo, entre as vilas de Constância e Vila Nova da Barquinha.
Com a conquista de Santarém e de Lisboa pelas forças de D. Afonso Henriques, a fronteira entre cristãos e mouros passou a ser o rio Tejo, daí a necessidade em proteger e fortificar a linha do Tejo. O território é entregue à Ordem dos Templários – encarregue do povoamento entre o Mondego e o Tejo – que, através do Mestre Gualdim Pais, constrói o castelo de Almourol no lugar de uma outra edificação militar. O castelo de Almourol permitia não só proteger a fronteira nacional com também outro ponto importante, Constância, já que o Tejo, naquela altura, era navegável desde a sua foz até Vila Nova da Barquinha.
Sob os cuidados da Ordem dos Templários, o castelo tornou-se um ponto nevrálgico da zona do Tejo, controlando o comércio entre as diferentes regiões do território e Lisboa. Acredita-se ainda que poderá ter existido uma povoação associada ao castelo numa das margens, ou mesmo nas duas margens do Tejo.
Com o avanço da Reconquista Cristã para sul e com a extinção da Ordem dos Templários, em 1311, o castelo passou para a Ordem de Cristo (sucessores dos Templários), vindo, posteriormente, a perder a sua importância estratégica. Após a Reconquista, o castelo passou por um período menos bom, pois esteve abandonado até ao século XIX, altura em que foi alvo de obras de recuperação.
A data da ocupação deste local não é consensual, mas acredita-se que tenha origem num castro pré-histórico. Pesquisas arqueológicas realizadas no local permitiram encontrar achados do período romano (século I a.C.) bem como do período medieval. A partir do século III, o local foi ocupado por Alanos, Visigodos e, a partir do século VIII, por Muçulmanos.
Apesar de pequeno, o castelo de Almourol revela um extraordinário aproveitamento do local, bem como os conhecimentos e a mestria dos Templários na arquitectura militar, apresentando duas áreas distintas e independentes, em diferentes cotas, não permitindo que as forças inimigas acedessem a todo o castelo, mas apenas à parte inferior, sobre a qual seria possível atacar a partir de cima.
A entrada do castelo encontra-se defendida por dois imponentes cubelos, onde existe uma inscrição sobre Gualdim Pais, importante obreiro dos Templários. O castelo está defendido por nove torreões semicirculares e a sua torre de menagem, com três pisos, é uma das mais antigas e datadas existentes no território nacional. A encimar a janela da torre de menagem podemos ver a cruz original da Ordem.
Embora não esteja muito afastado da margem direita do Tejo (sendo mesmo possível atravessar a pé), o acesso ao castelo faz-se através de uma curta viagem em pequenos barcos da Junta de Freguesia de Tancos e cujo bilhete permite a entrada no castelo (por isso, se conseguir atravessar a pé, não vai ter bilhete para entrar no castelo).
Nas imediações do castelo podemos observar as ruínas da igreja de Nossa Senhora do Loreto (junto à linha do comboio) e em Vila Nova da Barquinha existe um Centro de Interpretação Templário de Almourol.
Coordenadas GPS:
N 39º27.76614’
W 8º22.9905’
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