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  • Foto do escritorJoão Pais

Hot Spot: Albufeira de Póvoa e Meadas


Este é um Hot Spot imperdível para os admiradores de belas paisagens e para os amantes da Natureza. Este é um local (quase) intocado pelo homem, de grande biodiversidade e de belas paisagens no seu estado mais puro. Um local que descobri há três ou quatro anos e onde tenho regressado todos os anos.

“Perdida” no Alto Alentejo, no distrito de Portalegre, concelho de Castelo de Vide, perto da fronteira com Espanha e inserida nos limites do Parque Natural da Serra de São Mamede, fica a espectacular albufeira da barragem de Póvoa e Meadas.

A barragem deve o seu nome à pequena vila que se situa nas suas imediações, de nome completo Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas, que dista de sua sede de concelho, Castelo de Vide, cerca de 14 quilómetros.

Apesar da construção da barragem - considerada na altura uma obra colossal -, que permanece discreta, perfeitamente “encaixada” na paisagem natural envolvente e que veio trazer ao local um espelho de água absolutamente fabuloso, o lugar permanece praticamente intacto e com belas paisagens.

Albufeira de Póvoa e Meadas
Albufeira de Póvoa e Meadas

Ao longo da estrada que acompanha a albufeira da barragem de Póvoa e Meadas (M1007) o seu espelho de água vai-se revelando aqui e acolá, ora mostrando-se, ora escondendo-se, conforme as voltas do estreito alcatrão. O percurso faz-se, obrigatoriamente, devagar. A cada curva apetece parar o carro e ir espreitar cada um dos recantos da margem recortada pelas serenas águas do lago. Em noites de luar, este passeio ganha contornos quase místicos com o brilho da lua a espelhar na superfície da água. Pura magia.

A barragem de Póvoa e Meadas é um marco na história hidroeléctrica nacional. Projectada há quase cem anos, a barragem de Póvoa e Medas foi a primeira e a maior hidroeléctrica de Portugal. Erguida na segunda década do século XX, em plena ditadura do Estado Novo, a barragem foi pensada e construída com o objectivo de produzir energia eléctrica para as populações e para as industrias da região.

Albufeira de Póvoa e Meadas
Albufeira de Póvoa e Meadas

A barragem teve o início da sua construção em 1925 e entrou em funcionamento dois anos mais tarde, tendo tido grande impacto e trazido progresso para a região, especialmente para a vila de Póvoa e Meadas e de Nisa. Graças à barragem, Póvoa e Medas foi das primeiras zonas ruais do país a ter iluminação pública eléctrica e Nisa, foi a primeira localidade electrificada a partir da energia gerada pela central da barragem. A barragem tem cerca de 28 metros de altura e 360 de comprimento.

A barragem é alimentada pelas águas da ribeira de Nisa, o maior curso de água (com cerca de 30 quilómetros) do concelho de Castelo de Vide, com a sua nascente na serra de São Mamede e que desagua no rio Tejo, a jusante do Monumento Natural das Portas de Ródão.

Durante muitos anos a albufeira da barragem de Póvoa e Meadas foi a maior massa de água da região. É a segunda maior albufeira do distrito de Portalegre, com cerca de seis quilómetros de comprimento (a primeira é a albufeira da barragem do Caia) e, para além de ainda produzir energia eléctrica, actualmente, garante o abastecimento de água a diversos concelhos da região.

Albufeira de Póvoa e Meadas
Albufeira de Póvoa e Meadas

A barragem trouxe todo um novo ecossistema e uma nova paisagem à volta da sua albufeira. A paisagem envolvente à albufeira é surpreendente, de enorme beleza e de sossego. Não existem habitações nas imediações à albufeira e as pessoas são poucas, permitindo uma tranquilidade absolutamente magistral. Aqui a Natureza prevalece e domina em toda a sua grandeza e beleza. A paisagem em volta da albufeira é surpreendente. Alguns afloramentos rochosos graníticos parecem ter sido caprichosamente ali colocados para tornar o local (ainda mais) bonito e aprazível.

A envolvente à albufeira tem uma beleza cénica única e é um ponto privilegiado para a observação de aves, quer aquáticas, quer terrestres, nomeadamente nos carvalhais e nas áreas agrícolas (principalmente entre os meses de Março e Junho). Aqui também é possível observar outras espécies ligadas ao meio aquático como anfíbios e répteis. Entre as diversas espécies é de destacar o Mergulhão de Crista, o Corvo Marinho de Faces Brancas, o Pato Real, a Garça Real bem como a rara Cegonha Negra ou a Lontra (duas espécies de vias de extinção).

Menir das Meadas
Menir das Meadas

Na região da Póvoa e Meadas e na envolvente à barragem e sua albufeira é possível visitar dezenas de monumentos arqueológicos. Encontramos vestígios da cultura megalítica, nomeadamente, sepulturas rupestres, necrópoles, antas e menires, vestígios romanos, visigóticos e medievais. Testemunhos de uma ocupação ancestral deste território.

Durante os meses quentes de Verão, a albufeira de Póvoa e Meadas é um local muito apreciado pela sua praia fluvial, mas fora da época balnear a albufeira é absorvida por um ambiente de absoluta calma e paz, com um silêncio admirável. A albufeira ganhou alguma divulgação e reconhecimento com a realização do festival Andanças que soube aproveitar o isolamento, o espaço cénico e a grande beleza do local.

Pelas suas potencialidades e pelo seu magnífico cenário, este é um local propício para a promoção de actividades recreativas e de turismo de Natureza, no entanto, é importante preservar os habitats naturais e proteger algumas espécies em vias de extinção aqui existentes.

Albufeira de Póvoa e Meadas
Albufeira de Póvoa e Meadas

A albufeira de Póvoa e Meadas é um lugar de visita obrigatória, mas é um espaço natural que importa preservar e manter no seu estado (quase) puro e selvagem. A albufeira maravilha-nos com uma paisagem de grande beleza e proporciona um espaço de grande calma, um lugar propício à reflexão e à meditação. Não basta vir e ver, é preciso admirar e sentir o local. A albufeira de Póvoa e Meadas é um sítio onde apetece ficar.


Coordenadas GPS:

N 39º28.92612’

W 7º32.93934’


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