Localizada na freguesia da Maia, na Ilha de São Miguel, a Gorreana é a mais antiga plantação de chá da Europa em actividade.
Um negócio de família desde 1883 onde se produz exclusivamente chá preto e chá verde. A Gorreana tem um legado de 136 anos de cultivo de chá totalmente escolhido à mão. A empresa é reconhecida internacionalmente como produtora de chá de primeira classe – infelizmente, mais conhecida internacionalmente do que a nível nacional.
Plantado num dos mais puros ares do planeta, no meio do Atlântico, a uma temperatura mais ou menos constante ao longo do ano, longe das poluições industriais, sem o uso de qualquer produto químico, o chá Gorreana é um produto cem por cento orgânico.
De visita à fábrica/plantação fiquei a saber um pouco mais da história do chá e de como é produzido, colhido e fabricado. A vista às instalações começa com a visualização de um vídeo que nos “introduz” no mundo maravilhoso do chá. Depois fazemos uma visita pela fábrica/museu, onde para além de nos inteiramos de todo o processo de produção, podemos admirar as belas máquinas centenárias. No final há uma prova de chás e um passeio pelas plantações que dão um desenho diferente e bem bonito à paisagem açoreana.
Visitada por milhares de pessoas, este é o local perfeito para degustar uma chávena de chá enquanto se deslumbra com a paisagem verde das montanhas e o azul do mar.
O chá terá sido descoberto na China, no ano de 2737 antes de Cristo. O imperador chinês Shen-Nong tinha o hábito de beber água fervida, pois acreditava que era melhor para a saúde. Um dia, acidentalmente, umas folhas de chá caíram na água a ferver tornando-a aromática e com um sabor agradável. O mundo ocidental só viria a provar esta bebida no século XVI. Terá sido durante as expedições portuguesas ao extremo oriente que os missionários terão tomado contacto com o chá, tendo sido, provavelmente, estes a trazerem o chá para a Europa. No entanto, foram os holandeses e os ingleses os responsáveis pela comercialização do chá em grande escala na Europa (século XVIII) e, mais tarde, na América.
A cultura do chá terá sido introduzida nos Açores por volta de 1820, por Jacinto Leite, com sementes trazidas do Brasil. Já no século XIX, com o desaparecimento da produção de laranjas devido a pragas, a Sociedade Promotora Micaelense impulsionou o cultivo de chá. O auge do cultivo de chá terá sido na década de 50 com 250 toneladas produzidas em 300 hectares de cultivo. Depois vieram as Guerras e a crise. Em 1966, das 14 fábricas existentes restavam apenas cinco. Actualmente, sobrevivem a Fábrica de Chá Gorreana e a Fábrica Porto Formoso.
A Gorreana utiliza o mesmo método utilizado pela primeira das cinco gerações que passaram pela plantação. Todo o processo é feito essencialmente à mão e mesmo as máquinas utilizadas são, também elas, centenárias, datadas de 1840. Na plantação não são usados quaisquer produtos químicos visto que as pragas comuns da planta do chá não sobrevivem ao clima da ilha.
Todo o chá é feito a partir da planta “Camellia Sinensis” que é uma pequena árvore da família das teáceas (família de plantas a que pertencem o chá e a camélia). A diferença entre chás deriva da selecção das folhas a utilizar e no seu processamento. Existem cerca de 3.000 variedades de chá no mundo, que diferem de aroma e sabor. A localização geográfica da planta, as condições atmosféricas, a altitude à qual é plantada, o ph do solo, são variáveis que vão influenciar o sabor do chá.
A colheita das folhas acontece quando a maioria dos ramos têm três folhas. Para além de cada uma das folhas ter uma idade diferente, também têm composições químicas diferentes. Assim, cada tipo de folha dará ao chá um sabor e aroma diferente. Os diferentes processos de produção determinarão o tipo de chá produzido.
Para se produzir chá preto, as folhas são deixadas a murchar enroladas causando o esmagamento parcial da folha. Mais tarde, são expostas ao ar para dar continuidade ao processo natural de oxidação, fermentação e secagem. Para produzir o chá verde, as folhas são esterilizadas com vapor sendo depois enroladas e secas por forma a produzir um chá encorpado, rico em taninos e de cor esverdeado.
Actualmente as plantações da Gorreana cobrem uma área superior a 30 hectares e são produzidos cerca de 33 toneladas de chá por ano. Apenas uma pequena parte desta produção é destinada ao mercado açoreano e nacional, sendo a restante exportada para países como os EUA, Canadá, Alemanha, Áustria, França, Itália, Brasil e Japão entre muitos outros.
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