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  • Foto do escritorJoão Pais

Ponta Delgada

Atualizado: 13 de abr. de 2021


Encaixada entre o azul do oceano e o verde luxuriante das encostas que a rodeiam, Ponta Delgada é uma das mais belas cidades portuguesas. A cidade está repleta de belos edifícios civis e religiosos que sobressaem por entre o casario debruçado sobre o Atlântico.

O povoamento da ilha de São Miguel teve início em 1444. Por esta altura, fixou-se perto da Calheta um pequeno núcleo de pescadores. Pouco tempo depois, cerca de três quilómetros a oeste, terá surgido um outro núcleo piscatório junto situado no extremo de uma língua de terra alongada (hoje submersa), e por isso denominada Ponta Delgada. Este pequeno povoado de pescadores ergueu a Capela de São Sebastião (no século XVI), no local onde viria a ser construída a actual igreja matriz. Os dois centros piscatórios foram crescendo e com o aumento do casario terão formado um só. Ponta Delgada terá sido elevada a vila em 1498. Mais tarde, depois de terramoto de 22 de Outubro de 1522, que soterrou Vila Franca do Campo, Ponta Delgada assume uma maior importância e é elevada a cidade em 1546. Desde logo viria a ser notada a importância de Ponta Delgada e, com o seu porto, construído em 1555, passou a ser um importante ponto de comércio no meio do Atlântico.

No decorrer do século XVIII havia alguma prosperidade e registou-se um grande aumento de construções. Ponta Delgada estava a crescer e, um pouco por toda a cidade, iam aparecendo palacetes, solares e igrejas que ainda hoje ostentam a característica cantaria (quase negra) trabalhada, belos painéis de azulejos e talha de madeira ricamente ornamentada.

Em 1861 começaram as obras de melhoramento do antigo porto e, por volta do ano de 1887, a sua construção foi dada como concluída, o que permitiu tornar o porto de Ponta Delgada num dos mais movimentados do país.

Baixa de Ponta Delgada com os seus passeios

Vale a pena percorrer as ruas limpas de Ponta Delgada, com os seus passeios característicos, em pedra basáltica preta e branca, percorrer as suas praças amplas e a marginal junto ao mar. A arquitectura urbana dos séculos XVII, XVII e XIX tem em Ponta Delgada uma notável representação destacando-se alguns palacetes e solares.

Nas minhas deambulações pelo centro histórico de Ponta Delgada, dei um salto ao Mercado da Graça (Rua do Mercado) onde se podem apreciar os ananases – uma das exportações mais emblemáticas da ilha –, mas onde podemos encontrar outros produtos característicos de São Miguel como o inhame, a anona e a pimenta da terra (pimento vermelho e picante).

Na esquina do Mercado não pude deixar de visitar o Rei dos Queijos. Loja onde podemos encontrar a maior concentração de produtos açoreanos por metro quadrado. Aqui, cada milímetro é ocupado para mostrar o que de melhor os Açores nos oferece – queijos, manteigas, conservas, vinhos, compotas, chás, licores, biscoitos, queijadas…

Indicado por um habitante da cidade, fui conduzido até à Padaria Gomes (Rua do Contador, ao lado da Residencial), perto do Museu Carlos Machado, onde me garantiram ter as melhores Malassadas da ilha. A Malassada é um doce feito com farinha, fermento de padeiro, ovos, açúcar, sumo de laranja, leite, sal e aguardente. Depois de deixar levedar, são fritas e servem-se polvilhadas de açúcar e canela. A Malassada é um doce muito apreciado pelos micaelenses, um doce típico da época carnavalesca e podem ser vistas a ser devoradas em quase todos os cafés da cidade.


Bife à Regional

Ir aos Açores e não comer um bife, é pior do que ir a Roma e não ver o Papa… O Bife à Regional é um naco de carne do lombo (das vacas da ilha que vemos a pastar na beira da estrada e nos pastos verdejantes), frito numa frigideira com muito alho e regado com molho de pimenta da terra. Existem diversos locais onde comer o Bife, entre os mais emblemáticos encontram-se a Associação Agrícola de São Miguel (em Santana, Rabo de Peixe), o Restaurante Alcides (na Baixa de Ponta Delgada), o Restaurante Aliança (também na Baixa de Ponta Delgada) ou o Galego (à saída da cidade, em direcção a São Roque). Mais uma vez, por indicação, fui aconselhado a ir ao Galego onde me seria servido a melhor relação preço/qualidade. A qualidade da carne é indiscutível, tendo sido, provavelmente, a carne mais tenra e mais saborosa que alguma vez provei.

A cidade de Ponta Delgada é riquíssima em monumentos e igrejas, pelo que apenas pude visitar alguns dos mais emblemáticos.


Igreja Matriz ou de São Sebastião

Esta igreja é um bonito edifício do século XV, insere-se na arquitectura Gótica portuguesa, apesar de no seu exterior apresentar marcas do estilo manuelino. A sua fachada foi modificada durante os séculos XVII e XVIII, o que lhe conferiu alguns aspectos do Barroco, o estilo da época. É um exemplar híbrido de grande beleza, com os dois portais barrocos a ladear o principal, de estilo manuelino, às quais se sobrepõem quatro janelas setecentistas. A torre tem uma secção sineira e apresenta um escudo real datado de 1721 em pedra vulcânica, sobrepondo-se outro mais antigo em calcário, talvez da primitiva igreja de São Sebastião. Posteriormente, foi realizado um acréscimo à sua torre para comportar o enorme relógio. O seu interior apresenta

um riquíssimo trabalho em talha.


Portas da Cidade

Cartão de visita da cidade, é um conjunto de três arcos de volta perfeita, ostentando no centro o brasão e as armas reais da cidade. Este conjunto, construído em 1873, terá pertencido à entrada da cidade pelo Cais Velho e terá sido deslocado para o actual local quando se fizeram as obras do porto e a marginal de Ponta Delgada.


Convento de Nossa Senhora da Esperança

Começou a ser construído na primeira metade do século XVI e da primitiva construção são o convento e a capela anexa. A capela-mor é revestida de magnífica talha dourada e de painéis de azulejos azuis e brancos. A sua torre é bastante característica com as suas janelas adornadas por adufas.

Aqui venera-se a imagem do Senhor Santo Cristo, que se conserva num camarim envidraçado e protegido por uma enorme grade. A imagem do Santo Cristo, uma peça em madeira, apresenta-se no centro de um retábulo de talha policromada.

O Senhor Santo Cristo é uma imagem quinhentista, que terá sido uma oferta de Paulo III às freiras que foram a Roma pedir a bula da instituição do seu convento. Segundo se conta, no século XVIII, após um saque holandês ao primitivo local onde a imagem se encontrava, o Convento da Caloura, um suposto milagre terá trazido a imagem de volta à costa.

Povo bastante crente, no quinto domingo depois da Páscoa, os açoreanos fazem uma majestosa procissão em honra do Santo Cristo, sendo considerada uma das mais antigas do país.


Igreja de São José

Esta igreja teve o início da sua construção em 1525 e foi remodelada de 1709 a 1714. Destaca-se a capela de Nossa Senhora das Dores, mesmo ali ao lado, com as suas janelas e porta de estilo Barroco. A igreja apresenta três naves, é riquíssima em talha e azulejos.


Igreja do Colégio ou de Todos os Santos

Foi fundada em 1592 pelos Jesuítas, mas as obras prolongaram-se pelo século seguinte. Em estilo Barroco, apresenta um aspecto palaciano. A igreja apresenta-se ricamente decorada no seu interior.


Museu Carlos Machado – Convento de Santo André

Foi começado a construir em 1567, com uma fachada de singular beleza, está repleto de elementos renascentistas e barrocos. Hoje assume funções museológicas. O Museu alberga pintura, escultura e etnografias entre outras áreas.


Forte de São Brás

Fortaleza mandada construir em 1553. Era o mais importante ponto de defesa do porto de Ponta Delgada.


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