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Foto do escritorJoão Pais

6 Castelos para desconfinar


Portugal é um território repleto de Castelos. Um país pequeno, mas grande em História. E onde há História antiga, há Reis. E onde há Reis, já se sabe…

Dos meios urbanos do litoral ao despovoado e raiano interior, creio que existem, no território nacional, perto de 250 Castelos. Temos os Castelos que ainda permanecem fieis à sua construção original, temos os que foram sendo “renovados” e adaptados, temos os que estão a precisar de intervenção e os que já (praticamente) não há intervenção que lhes valha… Uma coisa é certa: temos muitos Castelos e para todos os gostos.

Deixo aqui uma pequena lista de seis Castelos que pela sua história, pela sua construção ou, simplesmente, pela sua localização vos leve a visitá-los. Montem os vossos cavalos e vamos lá por esse país fora.


Castelo de Belver

Belver pertence ao concelho de Gavião, distrito de Portalegre e, apesar de ainda estarmos na margem norte do rio Tejo, já estamos em território do Alto Alentejo.

A subida das ruas da vila de Belver até castelo não é fácil; uma íngreme escadaria leva-nos, monte acima, e quase que chagamos ao topo sem fôlego. E ainda temos pela frente as escadas da torre de menagem… A história do Castelo de Belver tem início no ano de 1194, com a doação por D. Sancho I, das terras então designadas por Guidintesta, à Ordem Militar dos Hospitalários. Esta doação implicava a construção de um castelo nas margens do Tejo com o nome de Belver – designação semelhante a Belvoir, que era uma das muitas fortificações da Ordem do Hospital na Terra Santa (Jerusalém) –, bem como o povoamento e a defesa do território.

O castelo de Belver seria fundado em 1212. Este foi o primeiro castelo a ser construído de raiz pela Ordem do Hospital em território nacional e assumiu um papel importante na defesa do Tejo e na reconquista cristã contra os mouros e, mais tarde, contra a ameaça castelhana.

O castelo viria a sofrer remodelações, em 1390, efectuadas por D. Nuno Álvares Pereira para, depois, ir perdendo importância para a Coroa Portuguesa. Com o terramoto de 1755, o castelo sofreu abalos significativos na sua estrutura e, só em meados do século XX (década de 1940), é alvo de restauro, permanecendo até hoje como um ponto de grande interesse.

Conta-se que o Castelo de Belver terá servido para guardar uma parte do tesouro real. Crê-se ter morado aqui, durante algum tempo, a princesa Santa Joana (irmã de D. João II) e também que Luís de Camões terá estado preso no castelo de Belver pouco antes de embarcar para a Índia ao serviço da Coroa Portuguesa.

Hoje, pode-se percorrer as suas muralhas e na torre de menagem existe um centro interpretativo que explica aos visitantes a importância desta fortificação ao longo dos tempos. Do alto da torre de menagem temos uma maravilhosa vista sobre o Tejo.


Castelo de Penedono

Penedono é uma vila do distrito de Viseu, situada perto dos limites da Beira Alta e já bem perto da região do Douro Vinhateiro. A vila e o seu centro histórico mantêm o ambiente medieval com as suas ruas de traça antiga com casas em granito, alguns edifícios marcantes e o seu bonito castelo gótico com mais de mil anos de história.

O bonito e singular castelo de Penedono está implantado num cabeço rochoso a cerca de 930 metros de altitude e em posição dominante sobre toda a vila. O edifício militar de planta poligonal, (quase) triangular, apresenta na sua magnífica fachada dois enormes torreões quadrangulares a ladear a porta de entrada, num elegante conjunto arquitectónico.

O castelo medieval de Penedono, classificado como Monumento Nacional desde 1910, é um dos mais belos castelos de Portugal. Calcula-se que, anteriormente, também aqui, terá existido uma outra construção, já que na base da estrutura foram encontradas fiadas paralelas, característica das antigas construções árabes.

Durante o século XI, devido à agitada época que se vivia, com sucessivos recuos e avanços da fronteira, o castelo e a vila de Penedondo foram mudando de mãos diversas vezes. O castelo quase foi destruído, mas foi sendo reconstruído ao longo dos tempos e, no final do século XIV, sofreu uma reconstrução quase integral tendo ficado conforme o conhecemos hoje. Posteriormente, já durante o Estado Novo, o castelo foi alvo de novas intervenções em alguns panos de muralha e torres, que se encontravam danificados, bem como alguns pavimentos e acessos. Nova recuperação do edifício nos anos de 1949 e 1953 contribuíram para que o castelo chegasse até à actualidade em relativo bom estado.

Se não tiver problemas com alturas, não deixe de subir ao topo das suas muralhas e percorre-las. Daqui de cima temos uma vista desafogada sobre toda a vila de Penedono e paisagem envolvente.


Castelo de Santa Maria da Feira

Santa Maria da Feira é uma cidade do distrito de Aveiro. A povoação destas terras data de tempos imemoriáveis, remetendo-nos para a pré-história. A terra terá adquirido uma maior relevância quando os Lusitanos aqui ergueram um templo em honra de uma antiga divindade, mais tarde transformado num templo Mariano. Da ocupação Romana chegaram-nos alguns vestígios, mas é sabido que por aqui passava a estrada que unia Olissipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga).

Santa Maria da Feira surge com a formação de um povoado perto do Castelo, no local onde se realizava uma feira. O seu topónimo já aparecia em documentos do século XII.

O castelo de Santa Maria da Feira é considerado como um dos exemplos mais completos da arquitectura militar medieval do país. Em estilo gótico e renascentista, o Castelo ergue-se no alto de uma escarpa a 170 metros de altitude. Desde o tempo do Condado Portucalense que o Castelo da Feira é referenciado na história nacional.

O início da sua construção terá sido no século XI, tendo sofrido depois sucessivas adaptações. De planta oval, acede-se ao Castelo por uma porta protegida por duas torres quadrangulares. De interior amplo, a praça de armas leva-nos até à torre de menagem de três pisos fortificados por quatro torreões. No século XVII foi construído um palacete no seu interior, entretanto destruído.

Anexa às muralhas do Castelo, existe uma capela de planta hexagonal, do século XVII, em honra a Nossa Senhora da Encarnação. Esta capela terá sido construída em substituição de uma antiga ermida, entretanto demolida.

O Castelo de Santa Maria da Feira é um dos mais belos exemplares de Portugal, cenário de diversos eventos, destacando-se a famosa “Viagem Medieval”, o maior evento de recriação histórica medieval do país, que se realiza, anualmente, durante dez dias consecutivos.

Castelo de Almourol

O Castelo de Almourol localiza-se no concelho de Vila Nova da Barquinha, em Santarém.

Em 1169 D. Afonso Henriques doa à Ordem do Templo os castelos de Cardiga e do Zêzere, ampliando o território daquela Ordem até ao Tejo, ficando na posse de amplo domínio, com uma implantação estratégica, que lhes permitia controlar boa porção do vale do Tejo e uma das estradas medievais mais frequentadas, a via que atravessava o Tejo em Punhete, hoje Constância, que passava por Tomar e seguia até à zona de Coimbra. Em 1171, conforme a inscrição no próprio Castelo, teve início a construção do castelo de Almourol, numa pequena ilha rochosa e escarpada no rio Tejo, junto à sua margem direita, aproveitando-se alguns materiais de uma possível fortificação ali existente.

O Castelo de pequenas dimensões revela os conhecimentos e a mestria dos Templários na arquitectura militar e um extraordinário aproveitamento do local. De planta irregular, composta por dois recintos independentes, isolados por uma muralha interna, permitindo que, uma vez ultrapassada a primeira porta, as forças inimigas não acedessem a todo o castelo, mas apenas à parte inferior, sobre a qual era possível fazer tiro a partir da parte superior.

O Castelo de Almourol apresenta umas muralhas altas, protegidas por nove torres circulares. A sua torre de menagem tinha três pisos e foi bastante modificada ao longo dos tempos, mas mantém ainda importantes vestígios originais.

O Castelo de Almourol pela sua implantação numa pequena ilha torna-o bastante fotogénico e apreciado. Apesar de ser possível o acesso pedonal (pelo menos com a maré baixa) junto ao parque de estacionamento, o Castelo tem um porteiro que exige o bilhete que é passado no pequeno barco que nos transporta numa deliciosa viagem Tejo fora até a um pequeno cais na parte sul da ilha.


Castelo dos Mouros

O Castelo dos Mouros, também conhecido como Castelo de Sintra, fica na serra de Sintra, a cerca de três quilómetros do centro daquela vila monumental e património mundial.

Reza a história que foi nos séculos X a VIII a.C. que ocorreu a primeira ocupação deste local. Calcula-se que, neste sítio, existia uma anterior fortificação construída pelos muçulmanos no século VIII / IX. Depois, no século XII, foi conquistado durante o reinado de D. Afonso Henriques.

Com a fixação das populações no Castelo, foi crescendo uma vila medieval, cuja ocupação se estendeu até ao século XV, altura em que foi sendo abandonada, uma vez terminados os conflitos e a população já não necessitava da protecção da fortaleza. A partir de então o Castelo vai, progressivamente, perdendo a sua importância militar levando ao seu abandono por completo durante o século XVI com a expulsão dos judeus. Ao longo do tempo a construção militar foi sofrendo múltiplas remodelações até aos finais do século XIX.

O Castelo está implantado num terreno elevado com um forte maciço rochoso que funciona também como protecção natural. O Castelo está rodeado de uma magnífica floresta e das suas muralhas podemos observar a belíssima paisagem envolvente, a serra, a várzea e a vila de Sintra. O Castelo dos Mouros ocupou uma posição estratégica fundamental na defesa do território local e dos acessos marítimos à cidade de Lisboa.

De arquitectura medieval, o Castelo dos Mouros apresenta uma planta irregular devido à morfologia do local onde está implantado. Formado por duas grandes linhas de muralhas, sendo a interior reforçada por cinco torres, o Castelo funde-se com a paisagem envolvente transmitindo a quem o visita uma beleza natural. No seu interior existe a capela de São Pedro, provavelmente construída no século VII / VIII.

Bem perto do Castelo dos Mouros fica o Palácio da Pena.

Castelo de São Jorge

Situado do topo de uma das sete colinas da cidade de Lisboa, o Castelo de São Jorge é um edifício militar da época islâmica, construído em meados do século XI, muito provavelmente em cima duma anterior fortificação existente no local.

Calcula-se, através de vestígios arqueológicos, que a zona tenha sido ocupada desde o século VII a.C. A fortificação, construída pelo muçulmanos, tinha como função albergar a guarnição militar e, em caso de cerco, era o último reduto para as elites que viviam na cidadela - alcaide mouro que vivia num palácio que ficava nas proximidades e as elites administrativas da cidade, cujas casas ainda hoje são visíveis no sítio arqueológico. Ao contrário de outros castelos da Europa, não tinha uma função de residência. No século XII com a conquista da cidade de Lisboa por D. Afonso Henriques, o Castelo de São Jorge viu a sua passagem do mundo islâmico para o mundo cristão. Os antigos edifícios da época islâmica foram adaptados e ampliados para acolher o Rei, a Corte, o Bispo e instalar o arquivo real numa das torres do Castelo. Transformando-se em Paço Real no século XIII, o Castelo viria a ter os seus tempos áureos até ao século XVI. Com o grande terramoto de Lisboa em 1755 o Paço Real ficou muito destruído e tem início uma renovação mais substantiva com o aparecimento de construções novas que vão escondendo as ruínas mais antigas. Com a integração de Portugal na Coroa de Espanha (1850), o Castelo de São Jorge passa a ter um carácter mais militar, que se viria a manter até ao início do século XX. Com as grande obras de restauro de 1938-40, redescobre-se o castelo e os vestígios do antigo Paço Real e as antigas construções são resgatadas e o Castelo adquire a sua imponência de outrora. O actual Castelo apresenta onze torres, das quais se destacam a torre de Menagem, a torre do Tombo (onde se guardava o tesouro real bem como o arquivo real), a torre do Paço (que provavelmente estaria ligada ao Paço Real), a torre da Cisterna e a torre de São Lourenço, situada a meio da encosta. O espaço onde hoje se situam a exposição permanente, o café, o restaurante e também o jardim romântico constitui a memória mais significativa da antiga residência Real, onde ainda é possível observar alguns elementos arquitectónicos que integravam o antigo Paço Real. Na torre do Tombo está instalada a Câmara Escura, um sistema óptico de lentes e espelhos que permite observar a cidade em tempo real, os seus monumentos e as suas zonas mais emblemáticas (funciona das 10 às 17 horas e está sujeito às condições meteorológicas). O Castelo de São Jorge é por excelência um excelente miradouro sobre a cidade e o rio Tejo, por isso, aproveite a visita e o passeio pelas muralhas para observar o rio e a cidade de outro ângulo e com outra luz.


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