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Venha descobrir Portugal comigo!

  • Foto do escritor: João Pais
    João Pais
  • 25 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura


Neste dia que celebramos os 50 anos sobre a Revolução de Abril, vamos conhecer um dos espaços que eu considero icónico sobre o 25 de Abril de 1974: a Casa da Cidadania Salgueiro Maia.


Na manhã daquele dia de Abril quando acordei o meu pai, que tinha ido trabalhar de madrugada, já tinha regressado a casa; ao chegar ao Cais do Sodré, encontrou militares na rua que lhe perguntaram o que andava ali a fazer tão cedo e mandaram-no voltar para casa. Lembro-me que naquele dia não fui à escola.

Percebi que os meus pais estavam assustados e não saímos à rua. Ficámos os três de ouvido colado ao rádio. Mais tarde, talvez a meio da tarde, um vizinho veio chamar-nos para irmos para a Avenida celebrar a Liberdade. Lembro-me perfeitamente de um mar de pessoas a celebrar o fim da maior ditadura da Europa e a chegada da Liberdade.


O museu apresenta uma proposta de espaço interessante
O museu apresenta uma proposta de espaço interessante

Este espaço, inaugurado em 2021, está localizado no interior do castelo da bonita vila de Castelo de Vide, no distrito de Portalegre, e resultou da conjugação de esforços entre o município daquela vila e da Direcção Regional de Cultura do Alentejo.

O espaço museológico acolhe várias peças que pertenceram a Salgueiro Maia, Capitão de Abril, natural de Castelo de Vide.

O espaço, agradável e muito bem aproveitado, apresenta cartazes, fotografias, vídeos, uma colecção de miniaturas de carros de combate - a especialidade deste oficial de cavalaria -, uniformes, armas, estandartes, insígnias, diplomas e diversos documentos militares.

Ali podemos ver o megafone com que intimou Marcelo Caetano a render-se, o uniforme e o “quico” militar que envergava nesse dia, bem como outros pertences obtidos ao longo da sua carreira militar.


Museu Salgueiro Maia

Museu Salgueiro Maia

Museu Salgueiro Maia
O diverso material exposto na Casa da Cidadania Salgueiro Maia

Este é um espaço onde todos nós podemos aprender um pouco mais sobre o dia em que se pôs termo à maior ditadura da Europa e sobre Salgueiro Maia, um dos homens chave da Revolução de Abril.

Se se deslocar a Castelo de Vide, fique a saber que a evocação a Salgueiro Maia também é feita noutros espaços da vila. É o caso da casa onde viveu o Capitão de Abril (na zona antiga da vila), o largo Capitão Salgueiro Maia (junto à igreja) e o jardim junto às piscinas municipais onde está um busto de Salgueiro Maia e um veículo militar idêntico aos que teve oportunidade de conduzir.

O espaço museológico dispõe de uma auditório onde podemos assistir a um interessante documentário sobre a vida de Salgueiro Maia.

A Casa da Cidadania Salgueiro Maia tem o seguinte horário:

Verão (de 1 de Junho a 30 de Setembro): 9h15-12h45 , 15h15-17h45;

Inverno (de 1 de Outubro a 31 de Maio): 9h15-12h45, 14h15-16h45.

Encerra à segunda-feira.


Salgueiro Maia

Fernando José Salgueiro Maia (1944 -1992), natural de Castelo de Vide, foi um militar português e foi um dos Capitães de Abril. Salgueiro Maia ingressou na Academia Militar de Lisboa, em 1964, passando, de seguida, para a Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Naquela instituição militar ascendeu a comandante de instrução e integrou uma companhia dos comandos na Guerra Colonial, em Moçambique (de 1967 a 1969) e na Guiné (de 1971 a 1973).

Salgueiro Maia participou nas reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas (1973), integrando a sua Comissão Coordenadora. Depois do 16 de Março de 1974 e do Levantamento das Caldas, foi Salgueiro Maia quem, no dia 25 de Abril, comandou a coluna de blindados que, vinda de Santarém, montou cerco aos ministérios do Terreiro do Paço e, mais tarde, provocou a rendição do chefe do Governo no quartel do Carmo da GNR, onde estava refugiado Marcello Caetano.

A 25 de Novembro de 1975, Salgueiro Maia sai da Escola Prática de Cavalaria, comandando um grupo de carros às ordens do Presidente da República. Mais tarde foi transferido para os Açores, só voltando a Santarém em 1979, onde ficou a comandar o Presídio Militar. Em 1984 regressa à Escola Prática de Cavalaria.

Após o 25 de Abril, Salgueiro Maia mantém-se como membro do Movimento das Forças Armadas, mas recusa ser membro do Conselho da Revolução. Ao longo dos anos recusou ser adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil do Distrito de Santarém e pertencer à casa Militar da Presidência da República. Foi promovido a major em 1981 e, posteriormente, a tenente-coronel. Viria a licenciar-se em Ciências Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.

Em 1983, recebe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade; em 1992, a título póstumo, o grau de Grande-Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e, em 2007, a Medalha de Ouro da cidade de Santarém. A 25 de Abril de 2016, foi agraciado, também a título póstumo, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Em 1989, foi-lhe diagnosticada uma doença cancerosa que o vitimaria em 1992.


  • Foto do escritor: João Pais
    João Pais
  • 13 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura


Cascata da Pedra Ferida
Cascata da Pedra Ferida

Hoje trago-vos uma das mais belas cascatas de Portugal. Esta é a Cascata da Pedra Ferida com cerca 25 metros de altura e a sua beleza não se fica apenas pela queda de água, mas também pela magnífica zona florestal envolvente bem como pelo caminho que é necessário percorrer para lá chegarmos.


A Cascata da Pedra da Ferida fica localizada junto à vila de Espinhal, no concelho de Penela (mesmo ao lado da Serra da Lousã), a cerca de 30 quilómetros da cidade de Coimbra.

A Cascata da Pedra Ferida está perfeitamente embrenhada na floresta. É aqui que a ribeira da Azenha (afluente do rio Dueça com cerca de 12 quilómetros de extensão) se despenha duma altura de cerca de 25 metros.

O percurso para se atingir a cascata faz parte do PR2 de Penela (trilho linear com cerca de seis quilómetros), no entanto, não é necessário fazer todo o trilho para se chegar a esta magnífica cascata.

O percurso faz-se por um pequeno caminho que acompanha a ribeira da Azenha entre frondosa vegetação que ao longo do ano adquire diferentes tonalidades, o que torna a Cascata da Pedra Ferida apetecível durante todo o ano. No entanto, não recomendo que se faça este caminho com chuva nem com o piso molhado, pois pode tornar-se perigoso e escorregadio devido às muitas pedras que é necessário ultrapassar e contornar. Também não é aconselhável a crianças pequenas devido ao desnível acentuado do terreno. O caminho é sempre a subir, com alguma exigência física, mas que considero acessível, já que este é um belo percurso que apela aos sentidos e para se fazer calmamente. Recomendo que leve calçado adequado para caminhada.

Ao longo deste pequeno (mas exigente) percurso, onde o som da água a correr é uma constante, vamos encontrar moinhos, passar entre as ruínas de alguns já em avançado estado de degradação, atravessar pequenas pontes de madeira, e ver alguns poços de água.

Para chegar à Cascata da Pedra Ferida é necessário percorrer um estradão florestal de terra batida com cerca de dois quilómetros (até ao Parque de Merendas da Ribeira da Azenha) que nem sempre está em bom estado. Circule devagar e leve o carro até onde puder – das diversas vezes que visitei a Cascata, já levei o carro até ao fim do estradão e, também já tive que o deixar sensivelmente a meio do caminho e continuar a pé.

Para visitar a Cascata da Pedra Ferida deve dirigir-se à vila de Espinhal, no concelho de Penela, mesmo ao lado da A13 (saída 25). Na vila deve procurar pela capela do Santo António do Calvário e seguir pela rua, entre muros, à direita onde, uns metros mais à frente, vai encontrar uma bifurcação. Siga pela direita novamente. O caminho é simples e encontra-se bem sinalizado.

Cascata da Pedra Ferida
Cascata da Pedra Ferida

Daqui para a frente o caminho é em terra batida que, como eu já referi, nem sempre está em bom estado. Cerca de 850 metros à frente vai encontrar nova bifurcação com um desvio até junto de umas construção e até junto da ribeira da Azenha. Deverá seguir pela esquerda, ligeiramente a subir. Se o caminho estiver em mau estado poderá ponderar deixar aqui o carro e seguir a pé até ao parque de merendas.

A partir do parque de merendas terá, obrigatoriamente, que seguir a pé. São cerca de 1200 metros até alcançar a Cascata. O percurso é algo exigente, com bastante desnível, algumas pedras que é necessário ultrapassar, mas como é curto faz-se bem. Mesmo ao chegar à Cascata à um pequeno troço bastante inclinado onde existe uma corda para auxiliar na progressão. Faça o caminho com calma, admire a vegetação, escute o cantar alegre dos pássaros e o melódico correr da água. Garanto que vale a pena e que será um momento que dificilmente irá esquecer.

Chegando à Cascata da Pedra Ferida irá encontrar um local idílico com uma bela queda de água com cerca de 25 metros e, com os devidos cuidados, um pequeno poço para um banho refrescante. Encontre onde se sentar (aproveite para descansar as pernas…) e fique um bom bocado escutar os sons, contemple a beleza do local e a grandiosidade da mãe-natureza.

O poético nome da Cascata deve-se à oxidação das rochas pelo constante correr da água – dizem que a ribeira nunca seca. Devido ao contacto continuado da água com as rochas, estas ganham uma coloração avermelhada, dando a ideia de uma ferida.

Existe um outro acesso à Cascata da Pedra Ferida a partir da ER347, por um trilho marcado (agora a descer) em frente ao alojamento Refúgio da Pedra Ferida. Este trilho, igualmente exigente e bastante acidentado, também faz parte do PR2 e, embora ache que a distância seja ligeiramente mais curta, recomendo a primeira opção, pois esta parte do percurso não tem a mesma beleza.


Coordenadas GPS:

Cascata: N 40º1.1793’ W 8º19.45446’

Parque de Merendas: N 40º1.16634’ W 8º19.7715’


Moinho na zona envolvente à Cascata da Pedra Ferida
Moinho na zona envolvente à Cascata da Pedra Ferida

  • Foto do escritor: João Pais
    João Pais
  • 12 de mar. de 2024
  • 15 min de leitura

Penela medieval

Penela é uma vila pitoresca que repousa, tranquila, sob a protecção do seu castelo medieval. No meio de uma bonita paisagem com campos verdejantes e cursos de água que serpenteiam entre suaves colinas, Penela, com a sua atmosfera serena, convida o visitante a descobrir calmamente as suas ruas e a beleza natural que abraça a vila.


A vila de Penela localiza-se no extremo sul do distrito de Coimbra, a cerca de 30 quilómetros desta cidade. Localizada na margem esquerda do rio Dueça, Penela é uma vila rodeada por bonitas paisagens e diversas serras.

Penela é um dos concelhos mais antigos do nosso país, por isso mesmo, é uma terra cheia de história. Os sucessivos forais atribuídos a Penela atestam a importância que a vila teve desde a sua origem medieval. Devido à sua localização, a vila de Penela desempenhou um papel estratégico nas disputas territoriais do início da nacionalidade e como ponto avançado na linha defensiva do Mondego. Ao longo dos séculos, Penela testemunhou o decorrer da história de Portugal desde os tempos dos mouros até à formação da nacionalidade, como se pode atestar pelas suas fortalezas e pelos diversos e riquíssimos vestígios arquitectónicos.

A vila possui um centro de estudos da história local e regional que pretende conhecer e divulgar o passado das comunidades locais. O Centro de Estudos de História Local e Regional Salvador Dias Arnaut – natural de Penela, Salvador Dias Arnaut foi médico, professor e historiador, foi um grande cultor do estudo e divulgação da história local e regional – possui uma biblioteca especializada com uma extensa colecção de monografias locais. O Centro de Estudos fica junto ao edifício da Câmara Municipal e é uma referência e um espaço único a nível nacional, um espaço aberto à população e à comunidade cientifica.


Pelas ruas de Penela
Pelas ruas de Penela

As origens de Penela

O povoamento desta região remonta a tempos ancestrais, deixando-nos um importante legado cultural ao longo dos séculos. Muito antes da chegada dos Romanos, calcula-se que esta região já era habitada por comunidades Pré-Históricas. Artefactos arqueológicos encontrados indicam uma significativa presença humana. Com a chegada dos Romanos a região ganhou importância com a construção de estradas e villas, evidenciando a importância estratégica que o local teve durante a ocupação romana da Península Ibérica. A presença dos Visigodos e, mais tarde, dos Mouros deixaram a sua marca na história de Penela. Durante a Idade Média, Penela ganhou relevo com a construção do seu castelo, não só pela sua importância militar mas também devido ao crescimento da sua população.


O topónimo Penela

O termo “penela” está tradicionalmente associado a determinadas características geográficas. “Penela” é um diminutivo de “peña”, “pena” que, em latim, designa um outeiro, uma elevação de terreno, uma pequena rocha ou um penhasco. Portanto a possível origem do nome estará associada a uma elevação de terreno ou à presença de pequenas rochas, o que reflete a topografia da região e que terá estado na origem da escolha do local para instalação do povoado.

Existe uma tradição oral que nos conta que, quando da conquista de Penela por D. Afonso Henriques, ao entrar na povoação, o soberano teria incitado os seus homens exclamando: “Coragem! Já estamos com o pé nela!”

Os habitantes ou naturais de Penela são penelenses.


Vista sobre o casario de Penela, com o edifício da Câmara Municipal e a matriz
Vista sobre o casario de Penela, com o edifício da Câmara Municipal e a matriz

História de Penela

Muito antes da chegada dos Romanos, esta região já era habitada por comunidades Pré-Históricas. Com a expansão romana pela Península Ibérica a região ganhou importância estratégica e a construção de estradas e de Villas trouxe o desenvolvimento urbano e económico do lugar. Por aqui passava uma importante via romana que ligava Aeminium (Coimbra), Conímbriga, Sellium (Tomar), Scallabis (Santarém) e Augusta Emérita (Mérida).

Mas é durante a Idade Média que a história de Penela ganha contornos mais distintos e que a vila se desenvolve e conhece a sua consolidação como ponto estratégico. Pela região terão passado Vândalos e Visigodos e, mais tarde, os muçulmanos que, durante o século VIII, terão tomado a fortaleza então existente. As tropas de Fernando I de Leão (Fernando, o Magno) conquistaram Penela em 1064, tendo a fortificação ficado sob a responsabilidade do conde Sesnando Davides, após a conquista de Coimbra.

É a D. Sesnando que se deve a reedificação do castelo e o povoamento de Penela. Acredita-se que serão deste período as sepulturas antropomórficas existentes no interior das muralhas, junto às escadas do castelejo.

Durante a Idade Média, na Reconquista Cristã, as terras de Penela funcionaram como frente de batalha e guarda avançada da cidade de Coimbra oferecendo resistência às sucessivas vagas muçulmanas.

Penela recebeu o seu primeiro foral em 1137, ainda antes da nacionalidade, concedido por D. Afonso Henriques, que terá reedificado o Castelo. Depois disso, a vila seria tomada novamente pelos muçulmanos e veio a ser definitivamente reconquistada em 1148.

No século XIII, D. Sancho I viria a dar novo alento à vila de Penela, ordenando o seu repovoamento a recuperação do seu castelo, continuada durante o século XIV por D. Dinis, responsável pela edificação da torre de menagem e da cerca da vila. Aqui viria a nascer (e a falecer) o infante D. Afonso, segundo filho do soberano, que viria, mais tarde, a reinar sob o nome de Afonso IV de Portugal.


Penela e o seu castelo medieval

Na história ficou célebre um episódio marcante do apoio popular em defesa de D. João, Mestre de Avis, durante a crise de 1383-1385: era, na altura, senhor de Penela o conde de Viana do Alentejo, D. João Afonso Telo de Meneses, partidário de D. Beatriz, casada com João I de Castela, quando o povo decidiu defender o Mestre de Avis e revoltar-se contra o conde. Um grupo de populares fez-lhe uma emboscada à saída do castelo, tendo ficado célebre Caspirro por ter assassinado o conde. Penela enviou os seus representantes às Cortes de Coimbra, quando o Mestre de Avis foi coroado rei. Este, ao fazer doações aos seus filhos, doou Penela ao seu filho D. Pedro, posteriormente, duque de Coimbra.

Durante o século XV, D. Pedro mandou edificar, dentro da cerca do Castelo, a igreja de São Miguel e um Paço. Em 1465, a vila de Penela foi doada a D. Afonso de Vasconcelos, primeiro conde de Penela e, após a morte deste, foi entregue a a D. João de Vasconcelos e Meneses, seu filho e segundo conde. Após a morte do segundo conde de Penela, a vila passou para D. Jorge, Mestre de Santiago, Duque de Coimbra, filho bastardo de D. João II

No século XVI, D. Manuel I concede Foral Novo a Penela.

Depois de mais de cem anos na posse da mesma família, com a morte do duque de Coimbra, a jurisdição da vila transitou para a Casa de Aveiro, na qual permaneceu até 1759, ano da sua extinção devido ao atentado a D. José, passando então a vila de Penela a pertencer à coroa.


O QUE VISITAR EM PENELA

Penela oferece uma variedade de locais encantadores para explorar, misturando história, cultura e beleza natural. Penela é uma vila muito calma que se percorre facilmente a pé, já que o seu centro não é muito grande.

Quando eu visitei Penela, a zona entre o Castelo e a Câmara Municipal estava em obras e, pelo que me apercebi, vai continuar por um longo período, pelo que é conveniente evitar levar o carro para esta área. Mas não faltam locais onde estacionar o carro.

Calcorrear o centro histórico da vila é tarefa fácil e muito agradável. Para além dos edifícios religiosos e do seu Castelo medieval, que sobressai na paisagem, Penela conta com alguns edifícios de interesse histórico e arquitectónico. De destacar os edifícios junto à igreja da Misericórdia que formam uma passagem sobre a rua. No centro histórico de Penela vai encontrar casas tradicionais e praças bastante agradáveis como é o caso da Praça da República e do Parque das Águas Romanas. Tudo numa atmosfera bastante calma e acolhedora. Ao redor do seu centro histórico existem alguns miradouros para quem pretender uma vista desafogada sobre a vila.


Castelo de Penela
Castelo de Penela
Castelo de Penela

Sem dúvida que o grande destaque da vila de Penela vai para o seu imponente castelo. Graças aos artefactos militares medievais espalhados pelo Castelo podemos facilmente fazer uma viagem no tempo e imaginar-nos a “reviver” épicas aventuras medievais. Suba às suas muralhas e torres, de onde obtém uma panorâmica espectacular da vila e sinta a Natureza que envolve a vila.

A partir de vestígios encontrados, crê-se que na origem do Castelo de Penela estivesse um primitivo castro lusitano que, posteriormente, terá sido aproveitado pelos Romanos para aqui construírem uma torre militar e, posteriormente, pelos muçulmanos para aqui erguerem uma pequena fortaleza. Apesar da construção do Castelo de Penela datar do século XI, aquilo que podemos ver hoje em dia apenas remonta às reconstruções realizadas durante os séculos XIV e XV.

Na época da Reconquista, o Castelo de Penela, juntamente com outras fortificações da região, integrava a linha defensiva do Mondego. O Castelo de Penela servia de guarda avançada da cidade de Coimbra devido à sua importante posição estratégica, já que por aqui passava a estrada que ligava o baixo Mondego a Pombal e a Santarém, tornando Penela num ponto de passagem dos exércitos muçulmanos. O Castelo de Penela é, depois do castelo de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que actualmente resta da linha defensiva do Mondego.

O Castelo de Penela é uma construção medieval do século XI. Quando D. Sesnando – governador de Coimbra e senhor de toda a região, declarou, em 1087, ter povoado Penela, parece que já existia uma pequena cerca no topo dum afloramento rochoso e nas décadas de 70 e 80 daquele século, o Castelo de Penela era já uma fortaleza autónoma e de difícil acesso.

A sua edificação, em posição dominante sobre uma colina, aproveita uma pequena elevação escarpada. Aproveitando o declive natural, o Castelo de Penela apresenta muralhas mais elevadas e fortes na sua frente e mais baixas na traseira, beneficiando da morfologia do terreno. Das 12 torres que existiram até ao século XVIII, já apenas quatro subsistem.

Com a atribuição da carta de Foral, em 1137, por D. Afonso Henriques, Penela ganha importância e dá-se a ampliação do Castelo e a transformação do castelejo em torre de menagem.

O Castelo de Penela terá sido, posteriormente, restaurado no século XIV, durante o reinado de D. Sancho I, altura em que terá sido aberta a Porta da Traição. Já no século XV, D. Pedro terá mandado construir, dentro da cerca do Castelo, a Igreja de São Miguel e um Paço Ducal (hoje desaparecido). No século XVI o Castelo de Penela terá sofrido obras de consolidação e, em 1755, o terramoto de Lisboa terá causado importantes danos na fortaleza, destruindo a torre de menagem.

Durante o século XVIII, dá-se o declínio do Castelo de Penela com a perca da sua função estratégico-defensiva, chegando ao século XX em estado de degradação e de ruína.

Ao longo do século XX, o Castelo de Penela sofreu importantes obras de recuperação com a consolidação das fundações e das muralhas e reconstrução das ameias e dos adarves bem como a limpeza da cisterna. O Castelo de Penela é monumento nacional desde 1910.

Actualmente, o Castelo de Penela alberga a igreja de São Miguel, a casa paroquial, um anfiteatro e um espaço museológico. Do alto das suas muralhas, para além de uma bela vista para a localidade de Penela, podemos desfrutar de uma magnífica panorâmica com vista para a serra da Lousã, lá ao longe.


Igreja de São Miguel no interior das muralhas do castelo
Igreja de São Miguel no interior das muralhas do castelo

Igreja de São Miguel

Situada no interior das muralhas do Castelo de Penela, calcula-se que este é um templo original do século XII. Quando D. Afonso Henriques atribuiu Carta de Foral a Penela, já era referida a existência de um templo no interior da fortaleza. Deste edifício original já nada resta. O templo conforme o vemos actualmente é uma reconstrução do do século XVI , altura em que o Castelo e a Igreja de São Miguel foram alvo de profundas obras de remodelação.

A igreja de São Miguel tem três naves divididas por colunas e a sua capela-mor é completamente revestida por talha dourada dos finais do século XVII. A igreja conserva ainda duas esculturas de grande valor, uma do século XV e, uma imagem da Senhora com o Menino, esculpida por João de Ruão em meados do século XVI.


Matriz de Penela, Igreja de Santa Eufémia
Matriz de Penela, Igreja de Santa Eufémia

Igreja Matriz de Penela

A matriz de Penela, ou igreja de Santa Eufémia, situa-se no alto da povoação, em lugar de destaque entre o casario. Embora haja algumas referências a uma igreja no século XIII, este é um templo datado do século XVI.


Interior da matriz de Penela
Interior da matriz de Penela

A matriz de Penela possui um interior de três naves separadas por arcadas. A sua capela-mor tem um retábulo de madeira e talha dourada com uma pintura de Santa Eufémia, do século XIX. O templo apresenta várias capelas com retábulos em madeira e silhares de azulejos de Coimbra. De salientar o retábulo da capela do Espírito Santo, uma escultura de pedra, quatrocentista, representando a Virgem com o Menino.


Igreja da Misericórdia de Penela
Igreja da Misericórdia de Penela

Igreja da Misericórdia

A igreja da Misericórdia localiza-se um pouco abaixo da matriz, após uma passagem sobre a rua, e formando um gaveto com uma pequena escadaria. O templo é uma construção da segunda metade do século XVI, apesar de apresentar a data de 1616 no seu portal, esta data corresponde ao ano da sua reforma.

A igreja da Misericórdia é um templo de nave única de interior bastante simples, apresentando tecto de madeira com caixotões e onde se destaca a decoração dos arcos da capela-mor com retábulos de talha policromada. No pavimento da sacristia existe um brasão com as armas nacionais, datado do século XVIII.

Adossado à Igreja da Misericórdia fica o edifício do antigo Hospital da Misericórdia que funcionou até 1941 (tendo, depois, tido outras funções).


Convento de Santo António
Convento de Santo António

Convento de Santo António

O Convento de Santo António foi fundado no século XVI pela Ordem dos frades Franciscanos Capuchos. É um edifício simples e austero, característico da arquitectura daquela ordem religiosa.

O Convento ainda conserva, na sua entrada principal, o arco abatido característico da Ordem, bem como ainda se podem observar, os nichos da sua fachada principal, onde estiveram as esculturas de São Francisco e de Santo António.

Apesar de ter sido fundado no século XVI, alguns elementos só terão sido construídos durante o século XVIII – época em que se verificou uma profunda reforma –, como é o caso da sua igreja, da área residencial dos frades e os anexos.

A capela-mor possui um bonito retábulo, do século XVII, em talha dourada e duas tábuas pintadas com a Virgem e o Anjo da Anunciação. De notar ainda os azulejos azuis e brancos, setecentistas, fabricados em Coimbra, representando cenas evocativas da vida de Santo António.

No século XIX, com a extinção das ordens religiosas (1834), o Convento passou para a posse de particulares e foi entrando, gradualmente, em degradação. Actualmente, a sua igreja é propriedade da Fábrica da Igreja de Palmela, encontrando-se ainda aberta ao culto (penso de ocasional) podendo-se agendar uma visita. O edifício conventual, anexo à igreja, encontra-se em mau estado, embora apresente alguns sinais de reconstrução. No entanto, a parte privada do conjunto arquitectónico não é visitável.

O Convento, que está classificado como imóvel de interesse público desde 2009, encontra-se inserido num aprazível espaço verde junto à estrada e com lugares de estacionamento.


Capela de Nossa Senhora da Conceição
Capela de Nossa Senhora da Conceição

Capela de Nossa Senhora da Conceição

A Capela de Nossa Senhora da Conceição é fácil de identificar, encontra-se à entrada da vila, à face da N347 e junto ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Penela.

Implantada num pequeno outeiro, a Capela de Nossa Senhora da Conceição é um templo do século XVII, com reconstrução já no início do século XX.


Capela de São Lourenço
Capela de São Lourenço

Capela de São Lourenço

A Capela de São Lourenço ergue-se nos limites da zona mais antiga da vila. É um templo do início do século XIX e destaca-se pelo seu alpendre.

No seu interior apresenta duas esculturas de pedra, datadas do século XVII, de São Cosme e de São Damião. O retábulo da capela-mor é em pedra pintada com um nicho com a imagem de São Lourenço do século XVIII.


Pelourinho de Penela
Pelourinho de Penela
Pelourinho de Penela

O Pelourinho de Penela remonta ao período medieval, é uma estrutura quinhentista de construção em granito onde ainda se podem observar os quatro ferros de sujeição. Inicialmente, o Pelourinho encontrava-se na praça da vila, junto às muralhas do castelo. O Pelourinho de Penela é monumento nacional.


Miradouro da Boavista

Este miradouro é de fácil acesso, localizando-se em frente ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Penela (M562). O Miradouro da Boavista apresenta vistas desafogadas para o castelo.


Dos miradouros obtêm-se uma bela panorâmica sobre a vila de Penela e o seu Castelo
Dos miradouros obtêm-se uma bela panorâmica sobre a vila de Penela e o seu Castelo

Miradouro de Penela

Situa-se um pouco mais acima do anterior (M562), em direcção ao Monte Vez e conta com uma vista desafogada para todo o casario da vila.


Miradouro Olho de Pedra

O acesso a este miradouro faz-se um pouco abaixo do posto de abastecimento da Galp (N347/IC3), pela estrada da Mestra. Logo após o seu início é necessário seguir por um caminho de terra à esquerda. O local tem vista sobre o casario da vila e apresenta uma pedra esculpida a fazer lembrar um olho.


Baloiço da Vinha, com  vista para o Castelo de Penela
Baloiço da Vinha, com vista para o Castelo de Penela
Baloiço da Vinha

Um magnífico miradouro com um baloiço junto a uma vinha com uma maravilhosa paisagem e com vista para o castelo e para a vila de Penela. O seu acesso faz-se a partir da capela de Nossa Senhora da Conceição e acesso ao quartel dos Bombeiros, numa pequena rua à direita. Terá que fazer cerca de 900 metros numa estrada estreita até chegar ao Baloiço da Vinha. O local e as magníficas vistas valem a pena.


Presa das Bicas

Já fora dos limites da vila, mas não muito longe (cerca de três quilómetros), fica a Presa das Bicas que, como o seu nome indica é uma presa que retém as águas do rio Dueça. É um local de grande beleza que se acede pela povoação de Casal Pinto.


A vila de Penela é uma localidade pacata onde passado e presente se entrelaçam harmoniosamente. Penela soube preservar o seu património histórico e arquitectónico num convite a uma “viagem no tempo”. A sua beleza natural, que nos permite uma verdadeira conexão com a Natureza, revela-nos paisagens e locais deslumbrantes que nos proporcionam momentos relaxantes num ambiente tranquilo.

Penela é um tesouro escondido no centro de Portugal.


Ali perto…

Rabaçal

Não muito longe do centro da vila de Penela (cerca de sete quilómetros), inserida na encantadora paisagem do concelho, fica Rabaçal.

A localidade, que foi vila e sede de concelho até 1853, é conhecida pelo seu Queijo Rabaçal (DOP) – um queijo curado e fabricado com leite de cabra e de ovelha. Por isso, não deixe de procurar as queijarias locais e provar este afamado produto.

As origens da localidade remontam a tempos longínquos, confirmados por vestígios arqueológicos que testemunham uma presença humana ancestral, como é o caso da Villa Romana do Rabaçal (a cerca de um quilómetro do centro da localidade). Calcula-se que a Villa tenha sido construída no século IV e que tenha sido habitada até ao século V. Para visitar a Villa Romana é necessário fazer marcação prévia no Espaço-Museu, junto à igreja do Rabaçal.

Durante a Idade Média, Rabaçal desempenhou um papel importante como reforço da área de defesa da cidade de Coimbra contra as investidas muçulmanas como se pode comprovar pelas ruínas do Castelo de Germanelo (sensivelmente a meio caminho entre Penela e Rabaçal), mandado construir por D. Afonso Henriques, no século XII. A fortaleza é um pequeno recinto de forma aproximadamente triangular. O troço norte da muralha encontra-se restaurado e os restantes encontram-se em ruínas. O castelo de Germanelo terá perdido as suas funções defensivas e entrado em decadência durante o século XIV. O Castelo possui amplas vistas panorâmicas sobre a região envolvente.

Na localidade do Rabaçal pode encontrar a igreja paroquial de Rabaçal, igreja de Santa Maria Madalena (século XVIII), a capela de Nossa Senhora da Piedade (em frente à igreja paroquial), também do século XVIII, um pouco mais à frente, a capela de São João, de provável construção no século XVI e, junto ao desvio que dá para a Villa Romana, a capela de São Jorge.



Ponte de Espinhal
Ponte de Espinhal

Espinhal

Espinhal dista de Penela cerca de cinco quilómetros e tem uma localização privilegiada não só pelos seus acessos, mas pela ampla e bela área florestal. Vila desde 1906, Espinhal parece ser uma terra muito antiga, já que junto da vila foram encontrados vestígios de uma calçada romana e existem documentos do século XIII que falam da terra. Existe um outro documento, datado de 1842, que menciona a existência da Ponte de Espinhal, que atravessa o rio Dueça, em 1242.

Espinhal cativa o visitante pelo seu ambiente tranquilo e acolhedor. A vila não é muito grande e merece uma visita atenta aos seus principais pontos de interesse que testemunham a história e a cultura local. Espinhal merece que percorra as suas ruas quer pelos seus monumentos religiosos quer pelas vistosas casas senhoriais dos séculos XVII e XVIII, como a Casa da Família Alarcão, a Casa do Castelo ou o Palácio da Viscondessa. Na vila podemos encontrar a igreja matriz, igreja de São Sebastião (século XVI), com a sua torre sineira barroca e um riquíssimo interior com retábulos em pedra de ançã, azulejos seiscentistas e pinturas do século XVIII. Podemos ainda encontrar a capela de Santa Luzia (século XVI), um dos templos mais antigos da vila, a capela de Santo António do Calvário (século XVIII), a capela do Santo Cristo (século XVII) e a capela do Senhor dos Aflitos (século XIX). Merece ainda uma referência (e uma visita) o chafariz de Espinhal, datado de 1885, que naquela altura era o local mais importante para o abastecimento de água à população.

Cascata da Pedra Ferida
Cascata da Pedra Ferida

Nas imediações da vila (entre Penela e Espinhal) fica a Ponte de Epinhal, na estrada de dá acesso ao Duecitânia Design Hotel. Nos arredores de Espinhal, a cerca de 13 quilómetros, fica o Miradouro de São João do Deserto (740 metros de altitude), com a sua capela do século XVI, de onde se obtém uma bonita panorâmica sobre a região. A não perder são a Cascata da Pedra Ferida – uma das mais belas de Portugal – e a Praia Fluvial da Louçainha. A Praia da Louçainha é facilmente acessível por carro, distando oito quilómetros da vila de Espinhal. Já a Cascata da Pedra Ferida, com cerca de 25 metros de altura, só é acessível a pé através de um trilho linear, o PR2 de Penela. O trilho liga a vila de Espinhal à Praia da Louçainha, passando pela Cascata da Pedra Ferida (cerca de seis quilómetros). No entanto, se seguir pela direita junto à capela de Santo António do Calvário, e conseguir levar o carro até ao parque de merendas da Cascata da Pedra Ferida (dependendo do estado do caminho em terra batida), a Cascata fica a menos de um quilómetro de distância. Garanto que vale a pena quer a cascata, quer o trajecto até lá chegar (sempre a subir...). Dada a dificuldade do terreno e o grande desnível, não é recomendado a pessoas com mobilidade reduzida, nem acompanhadas de crianças pequenas ou de colo.



Ferraria de São João
Ferraria de São João

Ferraria de São João

A aldeia de Ferraria de São João localiza-se a cerca de 15 quilómetros de Penela, na parte sul da serra da Lousã, também conhecida pelos habitantes da aldeia como serra do Espinhal ou serra de São João. A pacata aldeia faz parte da rede de Aldeias do Xisto.

Perfeitamente envolvida na Natureza, a aldeia desenvolve-se ao longo de uma rua, no fundo de uma encosta numa zona de afloramentos rochosos, onde se destaca a Crista Quartzitica São João do Deserto.

Em tempos, no início do século XX, a aldeia possuía um rebanho comunitário com mais de mil cabeças de gado. Hoje, são cerca de três dezenas os animais que continuam a sair da aldeia diariamente, serra acima.


Capela de São João Baptista, em Ferraria de São João
Capela de São João Baptista, em Ferraria de São João

Na aldeia merecem destaque as suas casas construídas em xisto, que reflectem a sua ruralidade, o conjunto de currais – que poderá ser um dos mais numerosos e preservados do nosso país, o imenso sobreiral com 200 sobreiros, a eira comunitária e a capela de São João Baptista. A aldeia dispõe de um Centro BTT (com vários percursos), uma estrutura de apoio aos amantes da modalidade, com estação de serviço para bicicletas, lavagem, ar, uma mini-oficina self-service, duches e casas de banho.



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