Depois de tanto ter ouvido falar dos Passadiços de Vizela nos últimos meses, Linha de Terra tinha que ir conhecer esta nova atracção turística do Minho. Assim, meti pés ao caminho e tive uma bela surpresa...
Estes Passadiços, inaugurados em Março, fazem parte dum amplo programa ambiental da recuperação do rio Vizela. O programa englobou a despoluição do rio, a limpeza e o aproveitamento das suas margens que foi levado a cabo pela autarquia de Vizela, numa clara aposta na preservação do meio ambiente e no turismo de Natureza.
Estes Passadiços acompanham o curso do rio Vizela e, posteriormente, a ribeira de Sá. O seu percurso leva-nos a atravessar zonas urbanas, rurais e florestais e tem uma extensão de 5,5 quilómetros num trajecto linear entre a cidade de Vizela e uma fantástica cascata, já na freguesia de Santa Eulália.
Ao longo da caminhada a paisagem vai mudando, (quase) sempre agradável e com o constante som da água a acompanhar-nos até ao final onde encontramos uma bela queda de água. De referir que ao longo dos Passadiços, que têm iluminação led, foram criadas algumas zonas de sombra, várias áreas de descanso e existem casas de banho (uns paralelepípedos espelhados). Só resta saber se haveria mesmo necessidade da construção de uns passadiços.
Os Passadiços de Vizela têm início na margem direita do rio, junto à Ponte Velha, também conhecida popularmente por Ponte Romana. Na realidade, a actual ponte é uma reconstrução medieval que ainda conserva alguns elementos da ponte primitiva, essa sim, seria do período romano. Por aqui passava uma via romana que ligava Braga a Amarante e que passava por Guimarães.
Os Passadiços seguem por detrás do complexo termal - estas águas são conhecidas pelas suas qualidades terapêuticas desde o tempo dos romanos, tendo as primeiras instalações surgido no século XVIII -, passam por baixo da ponte D. Luís I, para desembocar no magnífico Parque das Termas. Depois de se atravessar o Parque das Termas, segue-se pela marginal ribeirinha, um agradável espaço de lazer situado na margem esquerda do rio Vizela. É no final desta marginal ribeirinha que se dá a confluência da ribeira de Sá com o rio Vizela e é aqui que retomamos os passadiços de madeira que, daqui em diante, seguem o leito da ribeira e as suas águas cristalinas. Até aqui fizemos cerca de 1300 metros.
Daqui para a frente iremos sempre caminhar em passadiços de madeira (com excepção para uma ou outra travessia de arruamentos). Deixámos o percurso urbano destes Passadiços para trás e vamos iniciar a sua “vertente” mais rural. Vamos atravessar terrenos de cultivo, campos e hortas, pomares e até alguns locais com gado. Vamos atravessar uma zona com alguns moinhos antigos que foram sendo construídos nas margens da ribeira e, por fim, entramos numa zona florestal onde se encontra a bonita Cascata de Rompecias, também conhecida por Cascata de Santa Eulália, ou ainda por Quedas de Água de Requeixos.
Confesso que parti à descoberta destes Passadiços de Vizela com curiosidade, mas sem grandes informações sobre o que iria ver e sem saber que terminavam numa Cascata… E era precisamente aqui que estava uma agradável e inesperada surpresa à minha espera. É no fim dos Passadiços de Vizela que se encontra a bela Cascata de Rompecias, formada por diversas quedas de água, onde o ribeiro de Sá se precipita de uma altura considerável. O local é fantástico, num enquadramento lindíssimo, digno de uma pintura. Vai querer ficar aqui um bom bocado a contemplar esta beleza cénica antes de regressar à cidade de Vizela.
A Cascata de Rompecias era, talvez, um dos segredos mais bem guardado pelos vizelenses amantes da Natureza que, agora, com os Passadiços, viram o seu segredo revelado e ao acesso facilitado de todos. Resta esperar que todos nós nos saibamos comportar, cuidar da Natureza, não deixar lixo e não saturar o local com a massificação de visitantes nesta moda infernal em que se tornou a construção de passadiços um pouco por todo o país.
Para quem não quiser fazer todo o percurso dos Passadiços de Vizela (11 quilómetros ida e volta) e queira conhecer a Cascata, pode deixar o carro cerca de 500 metros abaixo da igreja de Santa Eulália (na Rua de Vila Pouca) onde os Passadiços cruzam a estrada, e tem pouco mais de mil metros de Passadiços para percorrer até à bonita Cascata de Rompecias.
Ao longo do trajecto destes Passadiços de Vizela existem algumas zonas bastante expostas ao sol, o que poderá dificultar a progressão em dias de maior calor. Convém usar protector solar e levar bastante água já que depois que deixamos a marginal ribeirinha não existe qualquer local para adquirir ou abastecer de água (a não ser nas casas de banho).
Estes Passadiços de Vizela, permitem-nos “esticar as pernas” ao longo de quase seis quilómetros, em bonitos cenários, sempre com o agradável e melódico som da água como companhia e em harmonia com a Natureza. Percorrer os Passadiços de Vizela é, sem dúvida, um óptimo programa para um dia bem passado que terminará, inevitavelmente, no centro da cidade a provar o Bolinhol, um doce regional tradicional de Vizela. O Bolinhol é uma espécie de pão-de-ló rectangular com uma cobertura de açúcar e que foi eleito (em 2019) uma das “7 Maravilhas Doces de Portugal”.
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