Ao chegarmos a Várzea da Serra, logo nos apercebemos que esta não é uma daquelas pequenas localidades “perdidas” no meio da serra. A vila é grande e, ao percorrermos as suas ruas e encontrarmos a sua grandiosa igreja, apercebemo-nos que estamos numa terra com história.
Situada para lá do alto da serra de Santa Helena (Tarouca), numa extensa várzea, esta localidade surpreendeu-me. Na realidade, foi uma daquelas surpresas que nos aparecem pelo caminho sem contarmos. Quando estive em Tarouca, decidi explorar um pouco a serra (Santa Helena). Não sabia ao que ia, mas contava com uma ou outra aldeia pequena. Na realidade, encontrei uma “grande aldeia”, repleta de história e património – Várzea da Serra.
Rodeada e abrigada por altos cumes – que chegam a atingir os mil metros de altitude –, Várzea da Serra é um planalto fértil com numerosas linhas de água, incluindo o rio Varosa, o maior do concelho de Tarouca, que aqui têm a sua nascente.
A fundação de Várzea da Serra deve datar dos princípios da nacionalidade. Talvez daí advenha o facto de ainda podermos encontrar muitas casas antigas construídas em granito. No princípio do século XIII a Várzea já era uma vila. Foi seu donatário o conde de Barcelos, D. Pedro, filho bastardo de D. Dinis.
Foi uma das dez terras rurais de Portugal com privilégios próprios, como o poder de eleger o seu regedor. Mais tarde, juntamente com outras localidades com igual estatuto e privilégios, tentaram uma disputa contra o reino e D. João III anexou-a à Coroa terminando assim com os seus privilégios. Mais tarde, já no século XVIII, devido às suas férteis terras, Várzea da Serra foi cobiçada pelos seus vizinhos limítrofes, mas a povoação sozinha, contra os seus vizinhos unidos, viria a vencer a contenda.
Do património monumental da actual freguesia de realçar, entre outros, o pelourinho quinhentista e a casa da câmara, a antiga igreja matriz, a enorme nova igreja paroquial, os espigueiros espalhados pela vila e as interessantes casas de granito.
Erguido num pequeno largo, em frente ao edifício que em tempos foi a casa da câmara, o pelourinho de aspecto simples, de bloco prismático, assenta numa base de três degraus (um dos quais já se encontra ao nível do pavimento) e no seu capitel apresenta um elemento com vestígios das armas nacionais.
Quase na zona limítrofe da vila, encontra-se a antiga matriz, igreja de São Martinho (ou igreja velha) com a sua fachada em granito e uma torre sineira.
A igreja nova (também denominada de igreja de São Martinho) salta-nos à vista devido à sua imponência. Com a fachada principal em cantaria de granito, apresenta duas torres sineiras ladeando o corpo principal da nova matriz.
Um pouco por toda a vila podemos observar as antigas casas de granito que ainda perduram, algumas melhores conservadas do que outras. Uma autêntica relíquia que nos faz viajar no tempo.
Uma nota final para o "engenhoso" aproveitamento do rio, com uma excelente praia fluvial – ou, se calhar, deveria dizer piscina fluvial… Uma zona bem cuidada, onde se soube aproveitar o que a natureza nos oferece. Certamente a merecer uma visita nos dias de maior calor e, quem sabe, um Hot Spot aqui na Linha de Terra.
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