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  • Foto do escritorJoão Pais

Ucanha


Ucanha localiza-se na Beira Alta, no concelho de Tarouca. A povoação é bastante antiga e desenvolve-se a partir da uma rua central que atravessa o vale em direcção ao rio Varosa e o seu ponto principal é a ponte fortificada.

Realmente, a magnífica Ponte de Ucanha serve de cartão de visita a esta bela localidade pertencente à rota das Aldeias Vinhateiras, mas está longe de ser o seu único atractivo.

O traçado urbano da aldeia centraliza-se numa única rua, apertada e sinuosa, que nos há-de conduzir até à Ponte e, após a travessia do Varosa, até à localidade de Gouviães. Entre as casas, aqui e ali, podemos observar pequenos becos que serviriam para acesso aos terrenos de cultivo.



As suas casas são tipicamente beirãs, apresentando quase sempre dois pisos – o primeiro para loja e guarda de animais e, em cima, a cozinha e restante habitação. Destaque especial para as varandas em madeira, simples e bastante coloridas, explorando principalmente os vermelhos, os azuis e os verdes.



Ao descer a rua encontramos o Pelourinho de Ucanha. Num pequeno largo, no seu centro, podemos ver um Pelourinho do século XVII, com quatro degraus, muito simples, de estrutura em cantaria de granito e o seu capitel apresenta um escudo com as armas reais. Neste pequeno largo, ocupando um dos gavetos, podemos ainda observar a Casa da Câmara e Cadeia. Podemos observar ainda uma casa com uma magnífica varanda em madeira. Logo abaixo fica a Capela da Senhora da Ajuda.

A rua, com o seu declive acentuado, leva-nos agora até à casa onde nasceu José Leite de Vasconcelos (1858-1941) – um dos nomes mais importantes da nossa cultura. Um estudioso da língua portuguesa, da cultura e religião dos povos que se fixaram neste cantinho da Europa. Na parede de sua casa pode-se ver uma placa de homenagem prestada pelos seus amigos e conterrâneos a este etnólogo, filólogo e arqueólogo de renome mundial

Continuando a descer a rua, chegamos a uma bifurcação que nos há-de levar até ao cemitério e Igreja matriz de Ucanha. A sua torre sineira destaca-se na silhueta urbana.

Sentados na esplanada, na outra margem do Varosa, contemplamos a magnificência da ponte de Ucanha e imaginamos ouvir os cascos dos cavalos e os rodados das carroças a ecoar sobre o empedrado da ponte. Certamente seriam cavaleiros que vinham das terras de Lamego e Tarouca e que queriam atravessar o rio para o couto de Salzedas. Havia que pagar a portagem, pois o couto do Mosteiro de Salzedas gozava de autonomia e privilégios especiais. Mais tarde, aqui haveria de se pagar portagem, nas para os cofres da coroa.

A ponte e a torre medievais de Ucanha, efectivamente, naquela altura, marcavam fronteira e serviam de entrada no couto monástico de Salzedas. Aqui, quem quisesse atravessar o território pagava portagem aos frades. A torre que servia de fortificação contra possíveis intrusos, servia também de armazém para guardar os bens entregues ao Mosteiro.

Calcula-se que a Ponte de Ucanha tenha sido originalmente construída pelos Romanos, no seguimento de uma estrada que passava por ali. Tendo a torre sido construída posteriormente, já no século XII.


A ponte é bastante simples com cinco arcos, sendo o do meio bastante maior que os restantes. O seu tabuleiro é inclinado de ambos os lados, formando um ângulo obtuso. A torre, de três pisos, apresenta planta quadrada, é formada por um arco que serve de passagem a quem atravessa a ponte e a sua porta está muito acima do nível do solo.

A Torre de Ucanha está classificada como Monumento Nacional desde 1910.

Aqui perto podemos ver outras pontes medievais em Mondim da Beira e em São João de Tarouca.

Ucanha é daquelas localidades que nos toca a alma e os sentidos, quer pela sua história, quer pelo colorido das suas casas. Certamente um destino a visitar novamente.


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