Vila pitoresca do concelho de Tarouca, distrito de Viseu. São João de Tarouca é uma localidade tipicamente rural, com gentes bastante simpáticas e sempre disponíveis para ajudar - como foi o caso de um senhor, já com alguma idade, que me indicou como ir para a ponte atravessando a vila e, depois, como regressar passando pelo Mosteiro, fazendo assim um circuito por algumas ruas da vila.
São João de Tarouca é atravessada pelo rio Varosa e desenvolve-se ao longo das suas margens num vale apertado. Para além da sua beleza natural, a vila conta com notável património histórico, cultural e arquitectónico como é o caso da sua ponte medieval e o Mosteiro de São João de Tarouca com o seu vasto espólio. Pretextos, mais do que suficientes, para uma visita ao Vale do Varosa.
A ponte românica de São João de Tarouca faz a ligação entre as duas margens do rio Varosa. Esta ponte medieval, de construção em granito, é bastante simples e o seu tabuleiro é inclinado de ambos os lados, formando um ângulo obtuso.
O Mosteiro de São João de Tarouca, seria, antigamente, um vasto conjunto de edifícios, dos quais, hoje, apenas restam uma ala do edifício original, a igreja do Mosteiro e uma torre sineira.
O Mosteiro foi o primeiro da Ordem de Cister a ser construído em Portugal, tendo a sua construção tido inicio no século XII, ainda no reinado de D. Afonso Henriques.
Actualmente, após obras de recuperação das suas ruínas e manutenção do edifício existente, podemos observar, ao lado da igreja, o único corpo que resta do antigo Mosteiro, o imponente edifício de dois pisos dos dormitórios dos monges. Entre este edifício e a igreja podemos observar uma torre sineira quadrada e que também foi alvo de uma intervenção de recuperação.
A igreja, também de fundação medieval, foi alterada ao longo dos tempos mas apresenta-se em bom estado e de grande riqueza quer arquitectónica, quer artística.
O interior da igreja, em cantaria de granito, é amplamente decorado com magníficos painéis de azulejos que retratam a lenda da fundação do Mosteiro. Conserva ainda o antigo coro dos monges com cadeiras entalhadas em pau-santo e ornado com pinturas representando abades e papas. Por cima deste coro, um magnífico órgão dotado de um autómato que representa um maestro. Junto à porta para a sacristia, o túmulo do conde D. Pedro, filho bastardo do rei D. Dinis, decorado com temas de caça ao javali. Temos ainda uma impressionante escultura em granito (século XIV) representando a Rainha Santa Isabel.
Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, a igreja foi convertida em igreja paroquial e as dependências do mosteiro foram vendidas, tendo sido alguns dos seus edifícios explorados como pedreira até aos inícios do século XX. A igreja foi classificada como Monumento Nacional em 1956, sendo esta classificação, posteriormente, alargada a todo o conjunto. Em 1996 o Estado Português iniciou a gradual aquisição de toda a área monástica, sendo a igreja sujeita a um completo restauro entre 1998 e 2010, e as dependências monásticas a uma exaustiva escavação arqueológica entre 1998 e 2007, tendo a sua musealização ficado concluída em 2013. Actualmente existe um centro interpretativo do Mosteiro de São João de Tarouca.
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