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  • Foto do escritorJoão Pais

Lindoso

Atualizado: 9 de mai. de 2021


Situada em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, a aldeia do Lindoso é uma povoação do concelho de Ponte da Barca (Viana do Castelo). Num local de grande beleza natural, esta aldeia minhota tem muito com que nos encantar, desde o seu castelo e o extraordinário conjunto de espigueiros, às maravilhosas vistas para a albufeira da barragem do Alto Lindoso.

Segundo alguns autores, o topónimo Lindoso deriva do latim “Limitosum” (limitador, fronteira, extrema) e embora não existam informações concretas sobre a sua primitiva ocupação o seu nome aparece mencionado pela primeira vez em 1258.

Esta é uma zona de vales muito profundos e relevos elevados (com mais de 1300 metros no topo onde estão instaladas as antenas do retransmissor do Muro). É uma região de clima rigoroso, com chuvas abundantes, com muito frio no Inverno e temperaturas quentes no Verão.

É uma povoação típica composta por antigas casas de granito, podendo ainda ver-se aqui e ali algumas instalações agrícolas com cobertura em colmo. Os seus habitantes dedicam-se essencialmente à agricultura e à criação de gado. Actualmente, Lindoso é a maior freguesia do concelho de Ponte da Barca, faz fronteira com Espanha e estende-se pela vertente norte da serra Amarela e pela serra do Cabril, na margem esquerda do rio Lima.

Reza uma antiga lenda, que o Rei D. Dinis, de passagem por aquelas bandas, gostou tanto do lugar que terá dito estas palavras: “Tão alegre e primoroso o achou, que logo Lindoso o chamou”. E terá gostado tanto, que terá repetido a visita várias vezes.



O castelo de Lindoso terá sido construído durante o reinado de D. Afonso III. Na altura, dada a proximidade com Espanha, com a função de vigia, defesa e como sinal da soberania nacional.

É considerado como um dos mais importantes monumentos militares portugueses quer pela sua localização estratégica sobre o rio Lima, e a sua posição fronteiriça com o país vizinho, quer pela introdução de novidades técnicas e arquitectónicas para a época.

Mais tarde, terá sido reforçado e ampliado por D. Dinis (a partir de 1278), que o terá usado também como residência temporária quando ia caçar para o Gerês. O castelo foi ainda alvo de obras de modernização no séc. XVII, na época da Restauração da independência portuguesa, tendo readquirido uma importância vital face à sua localização junto da fronteira. Durante a guerra da Restauração, Lindoso terá sido um dos locais de lutas mais acesas da região de Entre-Douro e Minho, chegando mesmo o castelo a cair nas mãos das tropas espanholas, tendo sido, depois, reconquistado pelos portugueses.

Já no século XX, na década de 1940, o castelo sofreu nova intervenção tendo-se procedido, entre outros trabalhos, à reconstrução de parte da sua muralha. Hoje, o castelo de Lindoso, alberga um espaço museológico.


Do alto da muralha do castelo avistamos, poucos metros à frente, nos limites da aldeia, o majestoso conjunto de espigueiros. São mais de meia centena de espigueiros, datado dos séculos XVIII, XIX e XX e devidamente conservados. Para além do Soajo, onde também existe um número considerável de espigueiros (a Linha de Terra também já lá esteve, pode ler o texto no blog), é aqui, no Lindoso, que se verifica a maior concentração de espigueiros do país.



Construídos inteiramente em granito, e concentrando-se em torno de uma única eira rectangular – salientando a importância que o trabalho comunitário tinha nestas aldeias de montanha –, cada espigueiro apoia-se em pilares assentes na rocha e encimados por mós, ou mesas (para dificultar o acesso dos roedores). Sobre elas está o canastro, devidamente ventilado, onde é guardado o milho para secar. Como cobertura, usam-se duas lajes de granito normalmente encimadas por cruzes (forma dos agricultores invocarem a protecção divina). Curioso, é o facto de praticamente todos os espigueiros estarem “alinhados”, apresentando as traseiras viradas a sudoeste, de onde, normalmente, vem a chuva.

Os espigueiros ainda hoje são usados para a secagem do milho e cereais e estão classificados como Imóvel de Interesse Público.

Para além da visita aos espigueiros, não deixe de percorrer as ruas da aldeia que ainda preserva algumas das suas casas em granito. De interesse são ainda o Pelourinho, o Cruzeiro do Castelo e a Igreja Matriz. A aldeia conta com algumas casas recuperadas para turismo que convidam ao descanso e a um passeio pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Do alto da colina, ou mesmo da muralha do castelo, podemos contemplar a magnífica vista para a albufeira da barragem do Alto Lindoso. Desça a estrada e vá até lá – são só dois quilómetros. Vai ver que vale a pena pela sua grandiosidade.


A barragem do Alto Lindoso foi projectada em 1983 e concluída em 1992. Situa-se no rio Lima, a poucas centenas de metros com a fronteira com Espanha, entre as freguesias de Lindoso e Soajo. É uma das mais altas construções em Portugal, com 110 metros de altura, e é o maior e mais potente centro produtor hidroeléctrico do nosso país.

A barragem de betão tem quase 300 metros de comprimento e a sua central, subterrânea, encontra-se a 350 metros de profundidade. O edifício de comandos e a central estão ligados por um elevador com 350 metros de altura – na altura, o maior e o mais rápido da Europa.

A barragem do Alto Lindoso vem substituir a antiga central do Lindoso, que foi o primeiro grande centro produtor hidroeléctrico instalado em Portugal (entrou em actividade em 1922) e que, ainda hoje, continua em funcionamento.

Ali perto, em Parada e Cidadelhe, existem outros conjuntos de espigueiros, mas em menor número. Em Cidadelhe existe mesmo um espigueiro com dois andares. Visite o castro de Cidadelhe e as calçadas medievais. Em Parada atravesse a ponte medieval e visite os seus moinhos.


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