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  • Foto do escritorJoão Pais

Ericeira, uma varanda sobre o mar


A Ericeira é uma das mais belas e pitorescas vilas da costa portuguesa. Situada a cerca de 50 quilómetros da cidade de Lisboa, a vila da Ericeira, no concelho de Mafra, brinda-nos com bonitas praias de areia dourada, rodeadas por grandes falésias, e com um centro histórico encantador.

Dada a sua proximidade com Lisboa, a vila desde sempre ficou conhecida como estância balnear das gentes da capital que queriam evitar as concorridas praias da Caparica ou da linha de Cascais. Assim, durante os meses mais quentes de Verão a Ericeira ganha (uma outra) vida.

Terra de mar e de pescadores, esta encantadora vila piscatória soube adaptar-se e aproveitar o mar e, hoje, vive não só da pesca, mas também do surf que lhe veio trazer sangue novo e animação permanente. Aqui, tradição e modernidade navegam lado a lado traçando o futuro da vila.

O casario da Ericeira está debruçado sobre o oceano Atlântico, uma autêntica varanda sobre o azul do mar. O seu preservado centro histórico com as suas ruas estreitas e sinuosas, as suas tradicionais casinhas brancas repletas de detalhes, as antigas igrejas e capelas e as esplanadas com vista para o mar tornam inesquecível uma visita à Ericeira.


A história da Ericeira

A região onde hoje está a vila da Ericeira terá sido povoada, presumivelmente, desde o século IX a.C., altura em que os Fenícios se terão instalado na Península Ibérica.

O seu primeiro foral data do ano de 1229, foi concedido pelo então Grão-Mestre da Ordem de Aviz, Dom Frei Fernão Rodrigues Monteiro que, assim, instituiu o concelho da Ericeira. É na carta de foral que surgem as primeiras referências aos pescadores da Ericeira e onde ficamos a saber que, no século XIII, as espécies mais capturadas eram a baleia, o golfinho e a toninha (uma espécie de golfinho mais pequeno). Só a partir do século XVI é que a pesca do linguado, da raia, do rodovalho e demais pescado atingem maior notoriedade. E em 1547, D. João III concede permissão aos pescadores da Ericeira para venderem o peixe “a olho” e não ao peso, um costume que se manteve até finais do século XX.

Em 1513, D. Manuel I concede nova carta de foral à vila e já no século XIX (em 1855), na sequência de uma reordenação do território, a Ericeira deixa de ser concelho para ficar a pertencer ao município de Mafra (mantendo-se assim até aos dias de hoje).

Foi no século XIX que a Ericeira ganhou notoriedade e enorme importância comercial. O desenvolvimento da vila, que até então praticamente apenas era habitada por pescadores, deve-se ao seu porto. A vila passou a ter um importante porto marítimo de onde saíam navios para o resto do Mundo e onde os barcos de comércio também faziam paragem, com grande circulação de pessoas e de mercadorias. O movimento comercial do porto da Ericeira tornou-se fundamental para a economia da região e para o crescimento da vila. A Alfândega da Ericeira abrangia então uma área que se estendia de Cascais à Figueira da Foz, sendo a sua alfandega considerada a quarta mais importante do reino, a seguir a Lisboa, Porto e Setúbal como se pode ler num dos muitos painéis de azulejos espalhados pela vila, “A Ericeira foi a 4ª Alfândega do Reino a seguir a Lisboa, Porto e Setúbal. Os barcos de comércio da Ericeira denominados de “Rascas” mediam 20 metros de comprimento, tinham 3 mastros e 4 velas e rumavam até ao Brasil onde existia uma colónia de gentes da Ericeira”.

Com a construção da linha de caminho-de-ferro do Oeste e com o desenvolvimento dos transportes terrestres, o porto da Ericeira foi perdendo importância passando a ser um porto de pesca, mas manteve um papel importante para a fixação da sua população bem como para o seu desenvolvimento económico até aos dias de hoje.

Mas se o desenvolvimento dos transportes terrestres e das vias de comunicação, por um lado trouxeram a decadência do porto da Ericeira, por outro lado, trouxe à vila uma crescente procura como zona de veraneio. Muitas pessoas da capital e arredores descobriram aqui o local ideal para um passeio, para um fim-de-semana ou para umas férias aproveitando a tranquilidade da pitoresca vila, as suas belas praias e a fabulosa gastronomia. Era o alvorecer de uma época voltada para o turismo.

A vila da Ericeira está ligada a um dos momentos históricos mais importantes do país: a fuga de D. Manuel II e da família real portuguesa para o exílio. Com a implantação da República em Portugal, o rei vê-se obrigado a fugir do país e, a 5 de Outubro de 1910, enquanto em Lisboa se proclamava e festejava a República, D. Manuel II, então com vinte anos, acompanhado da sua mãe, rainha D. Amélia, e da avó, rainha D. Maria Pia, chegavam à Praia dos Pescadores para embarcarem no iate D. Amélia rumo a Inglaterra.

Fazendo um paralelismo com a actual situação mundial, é numa das ruas da vila que ficámos a saber que durante a II Guerra Mundial, a 1 de Janeiro de 1942, chegou à Ericeira o primeiro grande grupo de refugiados estrangeiros. Terão ficado alojados na então Pensão Morais. Entre 1940 e 1946 a Ericeira terá recebido cerca de 3000 refugiados de guerra.


A origem do nome

Reza a lenda que o nome Ericeira significa “terra de ouriços”, devido aos numerosos ouriços do mar que abundavam nas suas praias. A palavra vem do Latim “Ericiaria”, que significa lugar onde abundam ouriços. No entanto, com a descoberta de um exemplar do antigo brasão da vila, hoje patente no Arquivo-Museu da Misericórdia, dizem que o animal ali retratado não é um ouriço do mar, mas sim um ouriço-cacheiro.

Os habitantes da Ericeira são conhecidos por Jagozes, em especial os seus pescadores. Nos seus primórdios, a população da Ericeira era, essencialmente, gente ligada ao mar. Aqui, houve durante muito tempo, um grupo étnico designado por “Jagoz” que se diferenciava dos restantes habitantes da região saloia, que eram na sua maioria agricultores. Não se sabe exactamente de onde virá a palavra “Jagoz”, mas é possível que essa designação possa estar ligada ao primitivo nome da localidade de origem fenícia.


As belas praias e as boas condições para a prática do surf são um dos atractivos da Ericeira
As belas praias e as boas condições para a prática do surf são um dos atractivos da Ericeira

As praias e o surf

Hoje, o turismo desempenha um papel importante e fundamental na vida e na economia da Ericeira. A vila, que sempre viveu do mar, soube conciliar o seu passado e a sua ligação ao Atlântico através da pesca com o desporto aquático e, agora, com olhos postos no futuro, aposta nas suas praias e nas excelentes condições para a prática do surf.

Aqui fica a única Reserva Mundial de Surf da Europa e a segunda do Mundo, sendo por isso uma área de surf protegida e uma referência em todo o Mundo entre os praticantes da modalidade. A Reserva da Ericeira, criada em 2011, tem uma extensão de quatro quilómetros, desde a praia da Empa até à praia de São Lourenço, concentrando sete diferentes tipos de ondas de classe mundial, cada uma com o seu grau de dificuldade.

A orla costeira da Ericeira tem diversas e excelentes praias. Apesar da maior parte da costa ser bastante rochosa, apresenta praias de areia dourada e de água azul-turquesa. Na vila temos quatro praias bastante populares.

Praia dos Pescadores
Praia dos Pescadores

A Praia dos Pescadores é a mais central e é bastante popular entre os turistas que por aqui param para fotografar o porto e os barcos de pesca. Devido ao porto, a praia é abrigada dos ventos e a que tem as águas mais calmas. A praia fica por baixo de um muro com 30 metros de altura, que funciona como miradouro e onde estão vários restaurantes e esplanadas.

A Praia do Norte, também conhecida como Praia do Algodio, fica a norte da Praia dos Pescadores. A praia é muito popular devido à sua localização no centro da vila.

A norte da vila fica a Praia de São Sebastião acessível através de uma escadaria. É a primeira “praia de surf” do litoral norte, por isso atrai principalmente bodyboarders e surfistas. Como a praia não é muito larga, grande parte do seu areal desaparece na maré alta.

A Praia do Sul é a mais popular da Ericeira. Fica perto do centro da vila, e a sua areia dourada e águas límpidas são um bom chamariz. A praia, dominada por pelo icónico Hotel Vila Galé, “o hotel de 4 estrelas mais ocidental da Europa”, apresenta um longo areal e é abrigada dos ventos. Esta praia também é conhecida como a Praia da Baleia devido a aqui ter dado à costa, em 1800, um gigantesco cetáceo.


O que visitar na Ericeira

A Ericeira é uma tradicional vila costeira portuguesa. Apesar de estar a crescer e a modernizar-se, a zona central da vila, a zona mais antiga, mantém os seus traços característicos com os seus largos onde os seus habitantes se encontram.

A parte antiga da vila não é muito grande, pelo que se percorre relativamente rápido. A vila conserva as suas casas antigas, normalmente pintadas de branco e orladas de azul, com muitos pormenores interessantes e alguns palacetes dignos de registo. O centro da vila é compacto, cheio de pitorescas ruas e ruelas sinuosas pelo que a melhor forma de descobrir os encantos desta vila piscatória é percorrer as suas artérias a pé. Demore-se pela zona ribeirinha, com a sua magnífica panorâmica sobre o Atlântico, onde irá encontrar muitas esplanadas.

Deixei o meu carro no parque de estacionamento junto à pequena capela de São Sebastião e deambulei umas boas horas pelas ruas da vila e detive-me nos diversos miradouros com vista sobre o magnífico mar da Ericeira. Facilmente nos apercebemos que a vila vive do mar e para o mar, existindo um maior fluxo de pessoas (locais e turistas como eu) nas ruas que nos levam em direcção ao Atlântico. A vila fervilha, tem muita vida, e são muitos os jovens que se veem na rua. No entanto, o que mais me impressionou e retive, foi o cheiro a maresia.

A vila desenvolveu-se a partir da sua praça central, a praça da República, também conhecida como “Jogo da Bola”. A praça marca o antigo centro da vila, com os seus cafés, esplanadas e algum comércio. Aqui fica também o Posto de Turismo e o Centro de Interpretação da Reserva Mundial de Surf da Ericeira. Este moderno centro interpretativo aposta na tecnologia proporcionando-nos uma experiência emersiva e sensorial. O Centro de Interpretação dá-nos a conhecer a Reserva Mundial de Surf, as suas sete magníficas ondas bem como a fauna e a flora que a habitam. Explora também o papel que a modalidade teve (e continua a ter) na evolução da Ericeira, estabelecendo uma ponte importante entre a faina no mar, o desporto e o lazer.


Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva
Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva

Duas ruas abaixo fica o bonito edifício (século XIX) da Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva. Aqui funcionou o Clube Recreativo Ericeirense, onde se realizavam jogos, concertos, bailes e saraus. Já no século XX, após alguns anos de inactividade e profundas remodelações, o espaço reabre como Grande Casino. Anos mais tarde, o espaço é transformado em Cine-Casino com um restaurante no piso superior. No final dos anos 70 o espaço fecha definitivamente e, anos mais tarde, é adquirido pela Câmara Municipal de Mafra que restaura o edifício. O espaço que tem o nome de Jaime Lobo e Silva, um músico e historiador local, possui auditório, biblioteca e sala de exposições.


Pelourinho da Ericeira
Pelourinho da Ericeira

Em frente ao edifício da Junta de Freguesia (outrora Paços do Concelho), fica uma pequena praça com o Pelourinho da Ericeira. O Pelourinho, que foi restaurado na década de 60 do século passado, apresenta uma estrutura em cantaria de granito e é datado do século XVI.

O Forte de Nossa Senhora da Piedade, também conhecido por Forte de Nossa Senhora da Natividade, é uma construção do início do século XVIII. Com as invasões francesas, no século XIX o forte foi deixado em mau estado e ao abandono, acabando mesmo por desabar parte da muralha de sustentação. A Guarda Fiscal instala-se no forte de Nossa Senhora da Piedade em 1891. Após obras de recuperação, o forte foi reaberto em 1976.


Discoteca Ouriço, a mais antiga do país, todos os anos muda a sua fachada
Discoteca Ouriço, a mais antiga do país, todos os anos muda a sua fachada

Depois da Praia dos Pescadores, na zona ribeirinha da Ericeira, fica a Discoteca Ouriço que ostenta na sua fachada um magnífico mural de street art. O Ouriço já faz parte da história da vila e do país, sendo a discoteca mais antiga de Portugal e da Península Ibérica. O espaço foi inaugurado em 1960 e manteve-se em funcionamento até aos dias de hoje.

Logo mais à frente, ainda a acompanhar a linha da costa, fica o Parque das Furnas. São várias aberturas escavadas na rocha pela força do mar. Mesmo ao lado fica o Parque de Santa Marta, um agradável espaço verde que faz as delícias dos habitantes da vila.

O Mercado da Ericeira é sempre um bom ponto de passagem, principalmente se for de manhã cedo e se tiver que fazer o almoço. Aqui a qualidade e a frescura do peixe e do marisco da Ericeira são imagem de marca e um belo atractivo para uma visita ao mercado.

Sendo a Ericeira uma vila piscatória e virada para a faina marítima, a devoção religiosa tem uma forte expressão entre os homens do mar, pelo que são muitas a igrejas e capelas que encontramos na vila.


Igreja de São Pedro, matriz da vila
Igreja de São Pedro, matriz da vila

Em terra de pescadores tinha de haver uma igreja dedicada a São Pedro. A igreja de São Pedro, matriz da vila, teve origem numa pequena capela do século XV. A transformação da antiga capela em igreja começou na primeira metade do século XVII e terminou em meados do século XVIII. Todo o edifício está preenchido com elementos rococó e a vida do santo é retratada em quatro pinturas. O bonito tecto é composto por 18 caixotões de madeira e as paredes são revestidas com painéis de azulejos do século XVII. No século XIX foi construído o coro e o interior foi enriquecido de numerosas pinturas provenientes de extintos conventos. A capela baptismal conserva a original cantaria manuelina, o elemento mais antigo do templo.

Igreja da Misericórdia
Igreja da Misericórdia

Não muito longe fica a igreja da Misericórdia. Um templo barroco dos finais do século XVII, princípios do século XVIII, que terá sido construída em substituição da antiga ermida do Espírito Santo. A igreja apresenta um interior lindíssimo, com o tecto em madeira pintada e o altar em talha dourada do século XVIII. Junto à igreja fica o Arquivo-Museu da Santa Casa da Misericórdia instalado nas antigas dependências da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, anteriormente a albergaria e o hospital adjacentes ao templo. Fundado em 1937, é o principal espaço museológico da Ericeira, guardião de um valioso acervo da memória da vila com peças do século XVII e XVIII, bem como o foral que D. Manuel concedeu à vila jagoz em 1513. O Museu da Santa Casa tem uma apreciável colecção de Arte Sacra, um relevante conjunto de memórias etnográficas representativas da relação da comunidade local com o mar e um acervo documental desde o século XV.

A igreja da Santa Marta, também conhecida por igreja de Nossa Senhora das Necessidades, é um templo do século XVIII. No seu interior apresenta um altar em talha dourada do século XVIII. Antes da actual igreja, existiu, junto às furnas, uma capela com o mesmo nome datada de 1484. Esta capela estaria localizada perto da nascente de águas minero-medicinais de Santa Marta, recomendadas para doenças da pele e do estômago e muito apreciadas no século XIX e princípios do século XX.


capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, com uma excelente vista sobre o mar azul
capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, com uma excelente vista sobre o mar azul

A capela de Nossa Senhora da Boa Viagem dos Homens do Mar e de Santo António encontra-se no centro da vila, num pequeno pátio com vista privilegiada sobre o mar, junto à Praia dos Pescadores. Não há certezas da data da sua fundação, mas acredita-se que tenha sido construída em 1400. O seu interior é revestido a azulejos coloridos do século XVII e XVIII. Era neste pequeno templo que os pescadores vinham rezar antes de entrarem no mar e onde as suas esposas vinham pedir pelo seu regresso em segurança. No passado, a capela serviu também de farol, assinalando a entrada dos barcos no porto e anunciando a aproximação de temporais.


Capela de São Sebastião
Capela de São Sebastião

A capela de São Sebastião, na zona norte da vila, junto à praia com o mesmo nome, é um templo do século XV/XVI, embora a tradição popular atribua a sua construção aos Mouros. É um edifício bastante simples, todo branco, de seis lados e encimado por uma cúpula. Foi reconstruida no século XVII, mantendo o altar de mármore de 1567 com uma imagem de São Sebastião. Terá sido nesta altura que lhe foi acrescentado um corpo rectangular para servir de sacristia. A capela, no seu interior, é totalmente revestida a azulejos policromados do século XVII.

No fim de calcorrear as ruas e a zona ribeirinha da Ericeira não deixe de provar o doce típico da terra: os ouriços, uma espécie de queijadinha com amêndoa, ovos e mel.

A Ericeira é uma pequena vila de pescadores com uma grande Reserva Mundial de Surf. Terra de paisagens lindíssimas e com boas praias, é um local privilegiado onde o mar, que se estende até ao infinito, é mais azul e onde o por do sol tem outro encanto. Quem vem à Ericeira nunca mais a esquece.


ali perto…

Praia de Ribeira d'Ilhas
Praia de Ribeira d'Ilhas

A cerca de três quilómetros a norte da vila fica a Praia de Ribeira d’Ilhas, a principal praia de surf da Ericeira (que mereceu, aqui no blog, um Hot Spot, que pode ser lido aqui). Esta é uma das praias mais bonitas e populares da Ericeira. Esta praia é uma referência internacional e meca do surf nacional, uma das melhores praias de surf do mundo. Normalmente é aqui que acontecem as principais competições nacionais e internacionais da modalidade. É um anfiteatro natural de grande beleza.

Perto da Praia de Ribeira d’Ilhas, no topo de uma arriba, fica o Forte do Milreu, também conhecidos por Forte de São Pedro da Ericeira. O Forte foi construído entre 1670 e 1675 com a finalidade de defender a costa, o acesso marítimo à Ericeira e evitar o desembarque na baía de Ribeira d’Ilhas.


Para o outro lado, três quilómetros a sul da Ericeira, fica a Praia da Foz do Lizandro, a maior da região e uma alternativa a Ribeira d’Ilhas para a prática de surf. O areal tem a particularidade de ter rio e mar. Protegida por falésias, menos ventosa, a Praia da Foz do Lizandro possui um passeio marítimo com bares e restaurantes que também estão abertos fora da época balnear.


A cerca de meia hora de carro, continuando para sul, já no concelho de Sintra, encontrará a fotogénica aldeia das Azenhas do Mar.A localidade ribeirinha desenvolve-se em cascata, arriba abaixo, com as suas casinhas brancas. Um autêntico bilhete postal e, certamente, umas da mais fotografadas localidades da costa portuguesa. Paisagem única, as Azenhas do Mar dispõem de uma pequena praia e uma piscina oceânica. Mesmo em frente ao casario branco, existe um excelente miradouro com vista privilegiada sobre a aldeia e um local fantástico para assistir ao por do sol.


A Basílica do Palácio Nacional de Mafra
A Basílica do Palácio Nacional de Mafra

Não muito distante da Ericeira - a cerca de nove quilómetros -, fica a vila de Mafra.

Mafra é uma vila muito interessante e cheia de pontos de interesse. Para visitar a vila e os seguintes locais reserve um dia.

A caminho do centro da vila de Mafra (pela EN116), na localidade de Sobreiro, irá passar pela Aldeia Típica José Franco, um espaço que faz as delícias de crianças e adultos. Aqui encontrará a recriação de uma típica aldeia portuguesa construída pelo oleiro José Franco, na década de 60 do século passado. Um “Portugal dos Pequenitos” de Mafra. A entrada é livre e se tiver oportunidade, prove o pão com chouriço...

Para além do casario do centro histórico de Mafra, há que visitar o seu Palácio Nacional, mandado construir por D. João V, na primeira metade do século XVIII. O Palácio Nacional de Mafra é o mais importante monumento do barroco em Portugal e foi imortalizado por José Saramago no seu livro “Memorial do Convento”. O conjunto arquitectónico é constituído pelo Paço Real, Convento e Basílica e é um dos maiores palácios reais da Europa e Património da Humanidade desde 2019. Visite a imponente basílica e a incrível biblioteca Joanina, uma das mais bonitas do Mundo, com cerca de 40.000 livros. Ao lado do Palácio fica o magnífico Jardim do Cerco, um espaço inspirado em Versalhes que se prolonga até à Tapada de Mafra.

A Tapada de Mafra foi criada em meados do século XVIII como complemento ao Palácio, como espaço de recreio e caça usado pela casa real. Hoje é um pequeno paraíso, uma floresta encantada com uma grande biodiversidade onde podemos passear (a pé, de bicicleta ou de comboio) “entre” vários animais como veados, gamos, javalis, raposas, ginetas, águias e corujas entre outros. Um excelente passeio para quem gosta de tranquilidade e beleza natural. Como curiosidade, a Tapada tem uma área de 833 hectares delimitados por um muro com 21 quilómetros de extensão.

Uns quilómetros mais à frente, na localidade de Picão, irá encontrar o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico. Este espaço foi criado em 1987 para receber lobos que não podem viver em liberdade por terem sido vítimas de armadilhas, de cativeiro ilegal ou vindos de parques e jardins zoológicos. O bem-estar dos animais é uma das principais preocupações do centro, por isso foram criadas condições semelhantes às do habitat natural dos lobos. As visitas são limitadas, duram cerca de duas horas e só ocorrem aos feriados e fins-de-semana. Terá que fazer a marcação com alguma antecedência por telefone (261785037) ou e-mail (crloboiberico@ciencias.ulisboa.pt).

Aldeia da Mata Pequena, no concelho de Mafra
Aldeia da Mata Pequena, no concelho de Mafra

E, por último, na minha opinião (suspeita), deverá visitar a verdadeira joia da coroa do concelho de Mafra: a aldeia da Mata Pequena. A aldeia da Mata Pequena, a cerca de oito quilómetros do centro de Mafra, é um pequeno povoado rural com perto de uma dezena de casas ao longo de uma única rua. A aldeia foi magistralmente recuperada e é um verdadeiro tesouro da arquitectura tradicional da região saloia, uma espécie de museu ao ar livre. Passear pela pitoresca aldeia remete-nos para o passado, para o tempo dos nossos avós. É o reavivar de memórias e de histórias. É uma maravilhosa viagem no tempo (que também irá merecer destaque aqui no blog).

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