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  • Foto do escritorJoão Pais

Entre a bruma e as lagoas de São Miguel

Atualizado: 9 de mai. de 2021


Itinerário do 1º dia: Ponta Delgada - Lagoa do Canário - Miradouro da Boca do Inferno - Capelas - Ajuda da Bretanha - Ponta da Ferraria - Ponta Delgada.


Depois do meu voo ter sido adiado cerca de 14 horas, cheguei a Ponta Delgada a seguir ao almoço. Foi só o tempo de pegar no carro, previamente alugado, e ir colocar o saco no apartamento (também ele previamente alugado) e arrancar para a primeira “volta” pela ilha de São Miguel. Não havia tempo a perder.

Como o tempo para aquele dia já era curto, decidi explorar a parte oeste da ilha. Os primeiros minutos, após sair de Ponta Delgada, foram para “adaptar” os olhos e os sentidos para tanto verde… São imensos retalhos de uma enorme manta com os mais variados tons de verde. Retalhos de terreno verde, orlados por muros de basalto negro ou, então, por cortinas de hortênsias que no Verão hão-de florir e colorir ainda mais toda esta manta de retalhos. Foi também a primeira constatação de que, efectivamente, aqui há muitas vacas – na ilha há quase tantas vacas como habitantes, ou seja cerca de 130 mil vacas…


“Adaptação” feita, era necessário partir à descoberta das maravilhas da ilha de São Miguel. E nada melhor do que começar em grande: Lagoa das Sete Cidades com passagem pela Lagoa do Canário e Miradouro da Boca do Inferno.

O acesso à Lagoa do Canário faz-se pela estrada ER8-2 que passa pela localidade de Covoada. Quem faz esta estrada para aceder às Sete Cidades passa por um grande número de lagoas mais pequenas: Lagoa das Empadadas (Norte e Sul), Lagoa Rasa, Lagoa de Pau Pique, Lagoa do Canário, Lagoa Rasa e Lagoa de Santiago, entre outras.

O percurso é fantástico, repleto de paisagens verdejantes e montes ondulantes. Pára-se muitas vezes para tirar fotografias… As lagoas ficam sempre lá no alto, porque não são mais do que as crateras de antigos vulcões cheias de água. À medida que começo a subir o nevoeiro começa a tomar conta da paisagem, da estrada, de tudo.

Pelo caminho, passo pelo acesso às Lagoas das Empadadas mas, devido ao nevoeiro, optei por seguir em frente. Quem escolher fazer este “circuito” não pode deixar de reparar, um pouco antes no Aqueduto do Carvão. O aqueduto foi construído na segunda metade do século XIX para abastecimento de água à cidade de Ponta Delgada, a partir da Lagoa do Canário e da Lagoa das Empadadas. O aqueduto é composto por troços subterrâneos e à superfície.

Chego à Lagoa do Canário. É preciso estacionar o carro e fazer o percurso a pé. O parque de estacionamento está quase cheio. Está aqui muita gente. Não se vê quase nada. A visibilidade é muito reduzida e cai uma espécie de chuva miudinha. É necessário ir à mala do carro buscar o impermeável.

Acesso à Lagoa do Canário

A lagoa fica num parque florestal (Mata do Canário) cuidado e devidamente protegido. É necessário atravessar um portão com a indicação da lagoa. O portão está fechado (para evitar a entrada de automóveis) mas, mesmo ao lado, tem uma pequena passagem para peões. O acesso à lagoa é curto e rápido. Basta seguir a sinalização e descer um pequeno trilho com umas escadas até chegar à beira da água. A Lagoa do Canário encontra-se na Serra da Devassa, a cerca de 800 metros de altitude, numa cratera vulcânica.

O nevoeiro é muito, não se consegue ver o outro lado da lagoa. Apesar do nevoeiro, apercebo-me que a Lagoa está rodeada por uma densa floresta com enormes árvores.

Volto a subir e sigo o caminho largo em terra. É um caminho ladeado por pequenos morros cobertos por uma grande diversidade de plantas e enormes árvores. Mais à frente, subi por um pequeno caminho em terra e ladeado por troncos de madeira a servirem de protecção. Agora para além do nevoeiro, era também o vento que era muito forte, que quase me arrastava. Ao fim de uns 10-15 minutos estava no Miradouro da Boca do Inferno mas, infelizmente, o nevoeiro era tanto que não via praticamente nada. O regresso fez-se pelo mesmo caminho.


Lagoa do Canário

Miradouro da Boca do Inferno

Como o nevoeiro era muito, decidi abortar o plano inicial e não prossegui em direcção à Lagoa das Sete Cidades. Com tanto nevoeiro dificilmente iria ver alguma coisa. Fiz um pequeno desvio e fui ter a Capelas e ao Miradouro das Pedras Negras. Este miradouro é constituído por três pontos: Miradouro das Pedras Negras, Miradouro de Capelas e Miradouro do Navio. O Miradouro tem este nome graças às lavas escuras sobre as quais está assente, e proporciona uma vista que, com tempo limpo, se estende até à Ponta da Ajuda para um lado e, para o outro, avista-se a tromba do elefante – uma rocha que faz lembrar a cabeça de um elefante de perfil. O Miradouro do Navio, tem mesmo um barco de madeira.


Tromba do Elefante

Miradouro do Navio

Segui a ER1-1, via que contorna toda a ilha, em direcção à Ponta da Ferraria. A estrada é boa e sempre com vistas maravilhosas. Quase sempre ladeada por árvores e hortências (que nesta altura não estão floridas).

Fiz uma breve paragem na Ajuda da Bretanha, uma pequena localidade onde se via pouca gente. Aqui pode-se avistar alguns moinhos de vento, frequentes nesta parte da ilha. A localidade desenvolve-se à volta do largo da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda. A igreja terá sido construída no século XVI e apresenta as tradicionais cantarias em basalto escuro que contrasta com a parede branca do edifício.

Numa pequena troca de palavras com habitantes da Bretanha fiquei a saber que a vida por ali não está fácil, não há jovens e os pequenos negócios estão a sofrer devido às grandes superfícies que vão abrindo lojas por toda a ilha.

Igreja de Nossa Senhora da Ajuda e um dos muitos moinhos que podem ser vistos pela ilha


Seguindo a estrada que me levaria de regresso a Ponta Delgada, houve ainda tempo para uma paragem na Ponta da Ferraria, para admirar o seu farol e as termas.

Isolado na Ponta da Ferraria, na costa Oeste da Ilha de São Miguel, no meio de terrenos de pasto “retalhados”, o farol da Ferraria ergue-se no cimo de uma falésia, com a sua torre quadrangular de 18 metros de altura a fazer-se notar bem longe. Este farol terá entrado em funcionamento em 1901.

Não muito longe dali fica a zona termal. Neste magnifico local, a que se acede descendo uma estrada sinuosa e com bastante inclinação, encontram-se as Termas da Ferraria. O balneário termal é bastante simples e embora remonte já ao ano de 1888 foi recentemente recuperado. Agora para além de balneário termal, conta com spa e piscina. Mesmo ali ao lado, numa pequena enseada, pode-se tomar banho na água do mar, onde a sua temperatura ronda os 40ºC. Este fenómeno é possível porque a água fria do oceano se mistura com as águas quentes de duas nascentes termais de origem vulcânica.


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