Porreiras é uma aldeia serrana situada na encosta da serra da Boalhosa, em Paredes de Coura. Para além de ainda manter algumas das suas tradicionais casas de pedra, a aldeia possui uma eira comunitária e um conjunto de espigueiros.
A aldeia quase que se mistura com a paisagem serrana. Não fossem as casas mais modernas e arranjadas e a simbiose seria perfeita. A água corre pelo ribeiro que atravessa a aldeia e pelas diversas fontes e fontanários. Antes de subir à eira comunitária percorra as ruas da aldeia, visite a capela da Senhora do Pilar e, então, depois comece a ligeira subida até à eira comunitária e aos espigueiros. Aproveite para respirar o ar purificador da montanha e para relaxar ao som do chilrear dos pássaros e da água que corre pelo ribeiro.
Paredes de Coura, durante a guerra da Restauração, foi o centro das operações militares contra a Galiza e de defesa contra as invasões espanholas. Devido aos seus solos férteis e à grande produção de cereais, desde essa altura, a região ficou conhecida como o “Celeiro do Minho”, mantendo-se a grande produção de cereais até meados do século XX.
Porreiras é uma aldeia tipicamente rural, e é um exemplo vivo da importância que o milho teve, e ainda tem, nas gentes destas terras. A aldeia possui uma eira comunitária com oito espigueiros e alguns alpendres (palheiros), bem como um conjunto de moinhos de água para a moagem do milho. A eira comunitária de Porreiras (e os seus espigueiros) é o ex-libris e o “bilhete-postal” da aldeia.
A eira ergue-se num ponto elevado da aldeia, em local arejado e soalheiro, com um pavimento composto por algumas lajes de granito. A eira é um exemplo da vida em comunidade e de entreajuda nos trabalhos árduos do campo que outrora caracterizavam estas aldeias serranas. Na época das colheitas, a eira não simbolizava só o trabalho em comunidade, mas também tempo de alegres convívios com cantares a “aliviar” o peso do trabalho. Este era também o tempo de namoro entre os mais novos. Durante o resto do ano, a eira servia de celeiro onde se guardava o sustento da aldeia.
Os espigueiros, e os alpendres (palheiros) encontram-se distribuídos pela eira. A maior parte dos espigueiros, típicos nesta região, têm a sua estrutura em granito com painéis em madeira e apresentam um corpo estreito, alguns relativamente compridos. A cobertura dos espigueiros em telha é de duas águas. Estes espigueiros ainda hoje são usados para guardar os cereais dos habitantes da aldeia.
Os moinhos situam-se mais ou menos a meia encosta – para encontra-los basta seguir o trilho do pastor. São cerca de meia-dúzia de moinhos, recuperados, ainda a funcionar, e que são alimentados por ribeiras que descem serra abaixo.
A origem do nome de Porreiras não é consensual. No entanto, conta-se que, noutros tempos, a aldeia se chamaria São Miguel de Rabel. O nome seria inspirado num instrumento musical utilizado pelos pastores: o rabel – instrumento musical rústico de três cordas. O actual nome de Porreiras poderá provir da antiga forma de pagamento de impostos “por eiras”, daí terá derivado por aglutinação, ou por fonética, para Porreiras. Há ainda quem aponte a derivação do nome da aldeia de "terra de porros", ou seja, terra de alhos.
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