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  • Foto do escritorJoão Pais

Aldeia de Couce

Atualizado: 13 de abr. de 2021



Linha de Terra foi até ao concelho de Valongo para conhecer mais uma aldeia. Na margem direita do rio Ferreira, a aldeia de Couce encontra-se rodeada por um amplo manto verde, entre a serra de Santa Justa e a serra de Pias. Couce é um pequeno povoado de origens remotas – diz-se que os Romanos já por aqui andaram.

Apesar da curta distância que separa esta aldeia da cidade de Valongo – as primeiras casas do local da Azenha apenas distam cerca de 2.200 metros –, Couce encontra-se parada no tempo e muito “afastada” da vida da urbe. Em Couce ainda reina a paz, a calma dos dias, respira-se ar puro e ouve-se correr as águas do rio.

Para chegar à aldeia, percorremos uma estrada florestal que segue lado-a-lado com o rio Ferreira. A paisagem é bonita, obrigando a umas paragens aqui e acolá para contemplar o rio e a serra.

A aldeia de Couce é um povoado muito pequeno, tendo apenas uma única rua. Uma rua e pouco mais do que meia dúzia de casas. A rua que nos leva até à ponte que atravessa o rio Ferreira, faz-se de pedras irregulares.

Vale a pena atravessar a aldeia e descer a rua deste pequeno aglomerado rural. Observar as casas antigas, feitas com pedras de xisto e de quartzite, as cortes para o gado e algumas eiras e palheiros que serviam de apoio às actividades agrícolas.

Continuando a descer a rua em direcção ao rio, atravessamos uma agradável e densa zona verdejante que, nos dias mais quentes de Verão, fará as delícias de quem procura uma sombra fresca. Já junto ao rio, atravessamos a estreia ponte que, segundo dizem, terá sido romana, mas que apresenta já bocados da sua estrutura em betão. Num pequeno passeio pela outra margem, em busca de uma vista desafogada sobre a aldeia, encontrei os restos de construções que, em tempos, terão sido moinhos.

Couce é um povoado muito antigo. Nas serras de Santa Justa e de Pias estão referenciados três castros muito antigos: o Alto do Castro, o Castro de Pias e o Castro de Couce que remetem para povoados primitivos. Posteriormente, Couce terá sido ocupada pelos romanos, povo que aqui se terá estabelecido para explorar os minerais existentes no subsolo. Desta presença, fica também, como herança, a lenda das mouras encantadas que, segundo os populares, se abrigam na serra de Santa Justa e que aqui cozinham nos seus caldeirões quando está nevoeiro.

Volto a subir a rua que atravessa a aldeia. Pelo que me apercebi, residem em Couce pouco mais do que meia dúzia de pessoas – talvez duas famílias. Volto a passar pelas mesmas casas, pela casa grande e branca, com as suas paredes caiadas, e pela pequena capela da aldeia (que está encerrada). Notam-se aqui e ali algumas construções em ruínas e outras tomadas pelas ervas. A aldeia é pequena, uma das mais pequenas do país, restam pouco mais do que meia dúzia de casas. Apesar de ainda residirem algumas pessoas na aldeia, nota-se algum desleixo na sua protecção. A proximidade com o rio Ferreira dava à aldeia um ambiente ainda mais bucólico, no entanto a falta de limpeza das zonas verdes e as árvores retiram-nos essa visão magnífica.

A aldeia, que faz parte da rede Aldeias de Portugal, parece um bocado abandonada. Nota-se que, em tempos, houve algum cuidado em preservar e cuidar o que resta da aldeia (tais como a iluminação, os acessos e alguns arranjos urbanísticos), mas hoje tal propósito parece descurado. O município de Valongo e o recém criado Parque das Serras do Porto, onde a aldeia de Couce se insere, têm uma última palavra nesse sentido.


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