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Foto do escritorJoão Pais

6 Aldeias para desconfinar


De norte a sul do país existem "mil e uma" aldeias. Umas maiores, outras mais pequenas. Aldeias com "muita" gente, outras quase desertas, mas todas são encantadoras. Linha de Terra escolheu seis das mais belas (que conhece) para desconfinar em segurança.

São aldeias tranquilas, cheias de história e de tradições que vale a pena conhecer. São aldeias onde, certamente, vai ser bem recebido. São lugares encantadores, com belezas únicas, que apaixonam qualquer visitante.

Este tem sido um dos focos deste blog. Descobrir e dar a conhecer estas pequenas aldeias que, regra geral, são pouco conhecidas e ficam de fora dos grandes roteiros turísticos. Uma outra forma de #descobrirportugal, de conhecer o país profundo, o país real.


Lindoso

Situada em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, a aldeia do Lindoso é uma povoação do concelho de Ponte da Barca (Viana do Castelo). Num local de grande beleza natural, esta aldeia minhota tem muito com que nos encantar, desde o seu castelo e o extraordinário conjunto de espigueiros, às maravilhosas vistas para a albufeira da barragem do Alto Lindoso.

O castelo de Lindoso, construído durante o reinado de D. Afonso III, é considerado como um dos mais importantes monumentos militares portugueses quer pela sua localização estratégica sobre o rio Lima, privilegiando a sua posição fronteiriça com o país vizinho, servindo de vigia e defesa, quer como sinal da soberania nacional e pela introdução de novidades técnicas e arquitectónicas para a época.

Do alto da muralha do castelo avistamos, poucos metros à frente, nos limites da aldeia, o majestoso conjunto de espigueiros – o maior conjunto do país. São mais de meia centena de espigueiros, construídos em granito, datados dos séculos XVIII, XIX e XX e devidamente conservados.

Para além da visita aos espigueiros, não deixe de percorrer as ruas da aldeia que ainda preserva algumas das suas casas em granito. De interesse são ainda o Pelourinho, o Cruzeiro do Castelo e a sua igreja Matriz. Do alto da colina, ou mesmo da muralha do castelo, podemos contemplar a magnífica vista para a albufeira da barragem do Alto Lindoso.


Rio de Onor

A aldeia, na margem do rio que lhe dá nome, é uma das mais bem preservadas, e das mais fotogénicas, do Parque Natural de Montesinho. Apesar de existirem algumas casas em ruínas e abandonadas, a povoação está bem preservada e é composta sobretudo por antigas casas de dois pisos, praticamente todas construídas em pedra (xisto), com os seus telhados em lousa escura e com bonitas varandas em madeira, seguindo a arquitectura tradicional da região.

Apesar dos respectivos constrangimentos devido à ausência de gente nova, Rio de Onor era, e continua a ser, uma aldeia comunitária onde ainda existe um sentimento de partilha e entreajuda entre os habitantes da aldeia.

Vencedora das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria de aldeias em áreas protegidas (em 2017), Rio de Onor é uma aldeia bonita, preservada e cheia de tradições milenares, onde os seus habitantes nos recebem com um sorriso e estão sempre dispostos a ajudar e a contar histórias a quem os visita. Dê uma volta pelas bonitas ruas de Rio de Onor, descubra a Casa do Touro, um espaço museológico, o forno e o moinho comunitário junto ao rio. Aproveite a beleza da paisagem serrana e das margens do rio.

Rio de Onor é uma aldeia pitoresca, de grande beleza, que nos transmite segurança, paz, tranquilidade e que nos mostra como a vida pode ser (bem) vivida, com qualidade e simplicidade. Ar puro, paisagens de grande beleza e um refúgio isolado, que mais se pode pedir nos tempos que correm?


Quintandona

Situada a pouco mais de 20 minutos da cidade do Porto, existe uma pequena aldeia de charme, um pequeno lugar bucólico que nos faz sentir que estamos numa aldeia “perdida” no meio da serra.

Habitada desde o século XIII, Quintandona é uma pequena aldeia na freguesia de Lagares e Figueira, no concelho de Penafiel.

A aldeia foi integralmente recuperada com muito bom gosto. Aqui predominam o xisto, o granito e a lousa, tornando a aldeia num espaço único pelas suas casas preservadas e pela sua arquitectura.

A aldeia não é grande, pelo que deve percorrer as suas ruas estreitas com muros em xisto. Admire as suas belas casas e parta à descoberta das belezas da aldeia. Visite o Centro Interpretativo e descubra alguns canastros, o antigo cruzeiro em frente à pequena capela (com mais de 200 anos) de São João Baptista e Nossa Senhora da Conceição, o lavadouro e o Centro Cultural. Para petiscar tem o Winebar Casa da Viúva (eleito o Melhor Winebar de Portugal, em 2018), instalado numa propriedade do século XVIII.

A aldeia está ligada a dois grandes eventos: o Extreme XL Lagares (prova de motociclismo que conta para o Campeonato do Mundo de Enduro) e a Festa do Caldo, um evento gastronómico e de cultura popular de grandes dimensões que acontece no terceiro fim-de-semana de Setembro (imperdível, caso a pandemia o permita).

Quintandona, para quem a visita pela primeira vez, é uma agradável surpresa, um espaço rústico, sossegado e acolhedor onde encontrará o sossego das tradicionais aldeias portuguesas.


Ucanha

A bonita aldeia de Ucanha localiza-se na região do Douro, no concelho de Tarouca, e pertencente à rota das Aldeias Vinhateiras. O Douro, conhecido pelas suas paisagens de grande beleza, esconde pequenos tesouros: a aldeia de Ucanha é um deles.

Segundo os seus habitantes, a povoação é bastante antiga, desenvolvendo-se a partir da uma rua central que atravessa o vale em direcção ao rio Varosa. É precisamente ao fundo dessa rua que fica a Ponte Fortificada de Ucanha, uma ponte medieval, construída em granito, cheia de história.

A ponte medieval de Ucanha com a sua torre servia de “fronteira” entre coutos e quem quisesse atravessar a ponte para entrar no couto do Mosteiro de Salzedas tinha que pagar portagem (normalmente bens de consumo que eram armazenados na torre). Calcula-se que a Ponte de Ucanha tenha sido originalmente construída pelos Romanos, no seguimento de uma estrada que passava por ali. Tendo a torre sido construída posteriormente, já no século XII.

Ao longo da sua apertada e sinuosa rua central, a bonita aldeia de Ucanha brinda-nos com casas tradicionais, quase sempre de dois pisos, com varandas em madeira, simples e bastante coloridas, explorando principalmente os vermelhos, os azuis e os verdes.

Ucanha é daquelas localidades que nos toca a alma e os sentidos, pela sua história, pela sua monumentalidade e pelo colorido das suas casas. Ucanha é um tesouro escondido no meio do Douro.


Fujaco

Todos nós sabemos que Portugal é um país cheio de lugares maravilhosos. Quer pela natureza, pelas paisagens, pela arquitectura ou pelas suas gentes, existem imensos locais que nos deslumbram. A pequena aldeia de Fujaco é um desses locais.

Empoleirada num socalco de uma das encostas da serra da Arada (São Pedro do Sul), a aldeia descansa tranquila no meio do imenso verde da serra. A aldeia, que já teve mais vida, hoje está praticamente desabitada e os seus poucos habitantes vivem quase em exclusivo da agricultura e do pastoreio.

Fujaco é um aglomerado de pequenas casas típicas encavalitadas serra acima. A aldeia é composta por ruelas muito estreitas e sinuosas que lhe conferem um ambiente muito particular. As suas casas são quase na totalidade construídas em xisto, cobertas com placas de lousa – embora aqui e ali já se comece a notar o vermelho das telhas e uma casa ou outra rebocada.

Lá do alto, para além de uma panorâmica privilegiada sobre a aldeia avistamos, lá em baixo, num estreito vale, as águas do ribeiro que correm por entre alguns velhos moinhos.

Fujaco é um lugar isolado onde parece faltar quase tudo mas, principalmente, faltam as pessoas. Não há um café, não há uma mercearia, mas há um restaurante (é necessário fazer marcação). Não há rede de telemóvel e muito menos internet. Fujaco parou no tempo. Pode parecer que estamos no “fim do mundo” mas, para esta gente, este Mundo tem outro tempo.

A aldeia de Fujaco é um daqueles lugares mágicos que nos arregalam os olhos, que nos tocam o coração e que nos fazem fervilhar os sentidos. Uma das mais belas aldeias de Portugal.


Sistelo

A pequena aldeia de Sistelo situa-se a norte do concelho de Arcos de Valdevez, já em plena serra da Peneda.

Sistelo é uma terra medieval, calcula-se que do século XIII, que guarda a beleza natural da sua paisagem em socalcos moldados com a força humana durante centenas de anos (à semelhança da paisagem do Douro Vinhateiro). Os socalcos são o ex-libris da aldeia e o verdadeiro símbolo de uma união perfeita entre Homem e Natureza. Algo que hoje, devido à massificação do turismo, não acontece.

O núcleo urbano da aldeia está recheado de pequenas casas tradicionais, um núcleo de espigueiros, a Casa do Castelo do Visconde de Sistelo (uma casa nobre com duas torres, construída no século XIX), e a também antiga igreja paroquial (talvez do século XV/XVI). Já cá em baixo junto ao rio Vez, pode ver a Ponte Romana e percorrer os Passadiços do Vez.

Em relação aos trilhos, aqui existem vários. Eu recomendo os dois mais curtos pela sua beleza (Trilho das Pontes e Trilho dos Passadiços) e os trilhos dos Socalcos e das Brandas (se tiver que optar por um destes dois, recomendo o das Brandas, pois existe outra forma de ver os socalcos).

A não perder, a vista de dois miradouros (visitáveis de carro): o Miradouro da Estrica, mesmo em frente à aldeia, com uma vista fantástica para o centro de Sistelo; e o Miradouro dos Socalcos perto do lugar de Porta Nova – aqui sim, com uma vista deslumbrante para os socalcos de Sistelo. Aqui perto, no lugar de Padrão não deixe de ver o conjunto de espigueiros.

Sistelo venceu o concurso das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria de Aldeias Rurais e, mais tarde, foi classificada “Paisagem Cultural”, Sitio de Interesse Nacional. Estas distinções e a “moda” dos passadiços vieram trazer à aldeia um excesso de turistas. Fui a Sistelo duas vezes, devidamente espaçadas no tempo. Da segunda vez verifiquei que ao fim-de-semana é quase impossível percorrer os passadiços e acabou-se a vida pacata da aldeia. Se por um lado o aumento de turistas trouxe novo fôlego e novas oportunidades para os habitantes locais, agora verifica-se um excesso de visitantes que a própria aldeia não consegue acolher. Por isso, quando visitar Sistelo, faça-o durante a semana.


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